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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

POLÍTICA-PARA DEIXAR CLARA A INSATISFAÇÃO COM O SEGUNDO ESCALÃO, PMDB VAI BOICOTAR

Denise Rothenburg
Publicação: 03/01/2011 23:25 Atualização:

Em meio à "rusga", Padilha (D) recebe o cargo de Temporão: promessa de reduzir a espera por atendimento no SUS
Interessado em manter os cargos que ocupa no segundo escalão de vários ministérios, o PMDB resolveu dar o exemplo. No Turismo, está fechada a manutenção de Mário Moyses na Presidência da Embratur e, ainda, a promoção do secretário nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo, Frederico Silva da Costa, à secretaria-executiva. “O exemplo do PMDB é clássico. Se as pessoas estão trabalhando direito, por que mudá-las? Estamos agindo como se age numa coalizão: interagindo com partidos da base aliada. Afinal, vivemos numa democracia e não numa petemocracia”, afirmou o líder do partido, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A cúpula peemedebista boicotou a transmissão de cargo do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, principalmente depois que soube da intenção do novo ministro de mudar a direção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) sem consultar o PMDB, da mesma forma que trocou o secretário de Atenção Básica, Alberto Beltrame, sem comunicar os peemedebistas.

A área da Saúde concentra hoje o principal foco de insatisfação do PMDB. Mas há outras que podem se juntar ao setor. O PMDB trabalha para assegurar o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), vinculado ao Ministério da Integração Nacional. Ontem, o novo ministro, Fernando Bezerra Coelho, avisou aos secretários da sua pasta que a ordem recebida do Planalto é de trocar a diretoria e manter os padrinhos. Henrique Eduardo Alves, que indicou o atual comandante do Dnocs, Elias Fernandes, avisa que não tem outro nome: “Doutor Elias é um quadro técnico da melhor qualidade. Na Embratur, por exemplo, soube que o atual presidente será mantido por ser um bom técnico. Por que não fazer o mesmo em outras áreas?”, comentou o líder.

Hoje, a cúpula peemedebista se reúne em Brasília para analisar as indicações de segundo escalão. O vice-presidente da República, Michel Temer — que ontem era o único de seu partido na primeira reunião de coordenação com a presidente Dilma Rousseff — tenta acalmar os ânimos: “A busca agora é por governar. O PMDB sabe do seu tamanho e está tranquilo. Há espaço para todos. Os conflitos atuais são naturais, mas passageiros”, afirma.

Prestígio

Enquanto os conflitos não passam, o PMDB arma o jogo e deixa clara a insatisfação. Eles não foram a várias posses petistas. Além da de Padilha, não compareceram à de Paulo Bernardo, novo ministro de Comunicações. Henrique Eduardo Alves, por exemplo, só prestigiou ontem quatro ministros, três peemedebistas: o primo Garibaldi Alves (Previdência), o deputado Pedro Novais (Turismo) e, ainda, o senador Édison Lobão (MA). Fez questão ainda de passar na posse do deputado Mário Negromonte (PP-BA) no Ministério das Cidades, uma das mais concorridas entre os políticos dos mais variados partidos. Hoje, o PMDB irá à posse de Moreira Franco na Secretaria de Assuntos Estratégicos (Sae).

Apesar das divergências políticas, o PMDB não pretende retaliar na reeleição de Marco Maia como presidente da Câmara. Até porque o partido considera essencial cumprir o compromisso de apoiar o PT e obter a reciprocidade daqui a dois anos, quando, por acordo, será a vez de o PMDB indicar o futuro líder da Casa. Mas essa avaliação será feita só na última semana de janeiro. Se até lá mantiver a intenção de não transformar Maia em bode expiatório, o PMDB adotará outros fronts de batalha. Uma das hipóteses é deixar qualquer ato de rebeldia ou vingança para os ministros das áreas que boicotarem o PMDB. No caso do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já existe no PMDB quem fale em regulamentar a emenda nº 29, que aumenta os recursos destinados à Saúde, sem, entretanto conceder ao governo uma receita extra para permitir esse financiamento, no caso a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). E, sem o PMDB, dificilmente o governo terá sucesso em conseguir mais um novo imposto para financiar a Saúde.
Colaborou Ivan Iunes-Fonte: Correio Braziliense.

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