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terça-feira, 12 de abril de 2011

CASA DE CULTURA: SINAL DE LUZ NO FIM DO TÚNEL

Foto: João Maria Alves
Yuno Silva - repórter

Após dois anos parado na ‘estação’, acumulando prejuízos, problemas e pendências, o ‘trem’ que transporta as políticas públicas do Estado para o segmento cultural finalmente começa a deixar a plataforma e ganhar velocidade em direção a algum lugar melhor que o limbo em que a Fundação José Augusto se encontrava. Puxados pela ‘locomotiva’ da Secretaria Extraordinária de Cultura, os ‘vagões’ da FJA parecem vislumbrar possibilidade de luz no fim do túnel.

FOTO: JOÃO MARIA ALVES

Casa de Cultura do Município de Nova Cruz, no antigo prédio da estação ferroviária, é uma das que devem ter projetos reformulados. Os gestores das Casas apresentarão planejamento e projetos serão escolhidos até final da próxima semana para que locais sejam movimentados com atividades para o público Casa de Cultura do Município de Nova Cruz, no antigo prédio da estação ferroviária, é uma das que devem ter projetos reformulados. Os gestores das Casas apresentarão planejamento e projetos serão escolhidos até final da próxima semana para que locais sejam movimentados com atividades para o público

Essa sensação, de que as coisas estão andando, ganhou contornos reais na manhã do último sábado (9), quando a governadora Rosalba Ciarlini apresentou relatório sobre seus 100 primeiros dias de governo durante coletiva realizada no auditório da Governadoria. Apesar de ainda ser tímido, o relatório sobre as realizações da FJA nestes primeiros três meses e dez dias de 2011 dão conta de algumas questões que há tempos figuravam na lista das prioridades.

“Neste primeiro momento, podemos destacar a ampliação dos recursos destinados à Lei Câmara Cascudo de incentivo à Cultura, que passaram de R$ 4 milhões para R$ 6 milhões”, disse Ana Neuma, diretora administrativa da FJA. Só para constar, vale lembrar que esse valor, de R$ 4 milhões, estava ‘congelado’ há pelo menos oito anos. “Acredito ser uma grande conquista este aumento de 50% na renúncia fiscal (divulgada pela governadora em 27 de março, durante solenidade de aniversário do Teatro Alberto Maranhão), mas temos plena noção de que estamos apenas começando”, adiantou.

Interessados em enquadrar projetos na Lei CC, que utiliza o ICMS como imposto a ser trocado por patrocínio cultural, podem se inscrever até o dia 15 de setembro. “A Cultura é um caminho para o desenvolvimento, e pode trazer grandes oportunidades para o RN”, disse Rosalba Ciarlini em seu discurso no TAM, durante anúncio da renúncia fiscal.

Livros e exposições

Outra boa notícia anunciada pela atual gestão da FJA é a retomada da gráfica Manimbu, que também passa a funcionar como editora: “Nossa meta para 2011 é lançar 30 títulos e dez cordéis pela Manimbu, já publicamos três livros e temos mais dois prontos”, adiantou Ana Neuma. No Dia Nacional da Poesia (14 de março) chegaram às prateleiras “Conversas de Poetas”, organizado pelo jornalista e poeta Adriano de Sousa; e os livros de poesia “Noturno, quase infinito”, de Maia Pinto, e “Alma que voa”, de Antônio Júnior. Segundo a diretora administrativa, ainda este mês serão lançados “As vertentes criativa da gravura brasileira”, de Dorian Gray Caldas, e “Mandatários do RN”, organizado pelo Centro de Pesquisa Juvenal Lamartine. “Esses livros fazem parte da Coleção Cultura Potiguar”, frisa.

A lista de realizações também inclui celebração do Dia da Poesia com participação de poetas potiguares e artistas convidados; festa alusiva aos 107 anos do Teatro Alberto Maranhão; o retorno do Coral Canto do Povo; e abertura da série de exposições “Público é Privado” com a mostra “Mulheres e Leide”.

Casas de cultura

Entre as ações estruturantes promovidas pela FJA, Ana Neuma chama atenção para o curso de qualificação de 30 horas oferecido a 40 agentes culturais do interior do Estado – esses agentes formam o grupo de possíveis administradores das Casas de Cultura, espaços culturais espalhados por 29 municípios do RN. “Atualmente as Casas de Cultura estão sem equipe gestora, e cada agente capacitado está elaborando um projeto com sugestões para movimentar esses espaços culturais. Até a próxima semana vamos selecionar os projetos ”, disse Neuma.

Diante da inoperância generalizadas das Casas, foram criadas Associações dos Amigos das Casas de Cultura ainda na gestão Crispiniano Neto. Transformadas em Pontos de Cultura no início de 2010, as 16 Associações só receberam recursos (R$ 911 mil) no último dia 17 de março, após repasse da contrapartida do Governo do RN ao Ministério da Cultura, ou seja, mais um crédito positivo a ser contabilizado na conta da atual gestão. “Vamos inaugurar a 30ª Casa de Cultura, em Alexandria, e queremos ver todas funcionando ainda neste primeiro semestre”, planeja Ana Neuma.

Fundo de cultura

Questionada sobre as pendências, a diretora administrativa da Fundação José Augusto foi rápida no gatilho: “A comissão que irá analisar os débitos da FJA já está formalizada (portaria publicada no Diário Oficial do Estado de sexta-feira, 8). E em 30 dias teremos o levantamento completo dessas pendências, entre editais, cachês, pagamentos a fornecedores. Nossa estimativa inicial é de cerca de R$ 7 milhões em dívidas, destes R$ 2 milhões estão diretamente ligados a débitos com artistas”, disse Neuma.

Os editais de teatro, cultura popular, quadrinhos e cinema, lançados em 2009; mais o Festival Agosto de Teatro realizado em 2010, estão na fila de espera.

No tocante à criação da Secretaria de Cultura, Ana Neuma adianta que o processo está adiantado e até o fim de abril a governadora já deverá ter apreciado o projeto de lei que será encaminhado à Assembleia Legislativa: “Como optamos por fazer parte do Sistema Nacional de Cultura, temos que dar conta de quatro pré-requisitos básicos: elaborar Plano Estadual de Cultura; realizar nova Conferência Estadual de Cultura; formatar o Conselho Estadual de Cultura dentro dos moldes propostos pelo MinC; e criar o Fundo Estadual de Cultura”, enumera. “São muitas demandas, não adianta querermos fazer tudo de uma vez: só podemos criar o Fundo após aprovada a criação da Secretaria. Cada passo para frente depende do anterior”, aponta.

Em tempo: a criação do Fundo Estadual de Cultura foi promessa de campanha, feita por Rosalba Ciarlini durante debate promovido pela Revista Catorze e o Núcleo de Jovens Artistas (NJÁ), na Casa da Ribeira, com artistas e produtores. Na ocasião, a então candidata prometeu destinar 1% do ICMS para o Fundo, algo em torno de R4 30 milhões por ano.

FONTE: tribunadonorte
Postado por MÉDICI CUNHA LIMA

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