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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

EX-DIRETORES E PRESIDENTES DA UNE RELEMBRAM MOMENTOS MARCANTES

Incêndio da sede em 1964, Fora Collor e a combatividade do movimento estudantil foram citados 

A comemoração do aniversário de 75 anos da União Nacional dos Estudantes, no último sábado, dia 11, marcou mais um importante momento da luta pela defesa da democracia brasileira, bandeira mais antiga levantada pelo movimento estudantil desde a fundação da UNE, em 1937.
O endereço da Praia da Flamengo 132, onde a sede da UNE foi incendiada em 1964 e demolida em 1980, recebeu importantes membros de gerações passadas que compuseram a o movimento estudantil.
Irum Santana, um dos fundadores da entidade, prestigiou o evento e emocionou-se ao lembrar o ano de 1937, quando um grupo de estudantes do qual ele fazia parte, uniu-se pela criação da entidade que seria a estância máxima de representação dos estudantes e da juventude do país até os dias de hoje. “A UNE é a realização de um sonho. Quando nós fundamos a UNE em 37, ela foi a realização concreta daquilo que nós queríamos uma organização democrática de estudantes. Meu sonho em relação à UNE foi muito pequeno em relação ao que ela é e ao que ela proporciona aos estudantes”, afirmou.
João Pessoa de Albuquerque, que presidiu a entidade de 1953 a 1954, ressaltou as lutas de sua gestão e geração contra a corrupção no país. “Uma luta marcante da minha época foi a grande reação à corrupção governamental da época. Coordenamos três greves nacionais, inclusive uma contra a violência policia”, afirmou, orgulhoso.
Roberto Amaral, vice-presidente em 62 e ex-ministro da Ciência e Tecnologia relembrou sua vida de estudante e morador da Praia do Flamengo 132. “Nós jantávamos aqui, morávamos aqui. Tenho a sensação de estar em casa”. Para Amaral, a sede da UNE não é somente um local de recordações pessoais, mas de lutas importantes. ”Esse espaço aqui assistiu à luta pela legalidade, contra a ditadura. A UNE está ligada a tudo de importante que aconteceu no Brasil nos últimos 75 anos”, comentou.

Jorge Luis Guedes, que esteve à frente da entidade em 1968, relembrou a noite de 1 de abril de 1964, quando agentes do regime repressor invadiram e incendiaram a sede da UNE. “Estava aqui na noite de abril de 1964. Nós tivemos uma noite de trevas. Eles vieram, tocaram fogo, tacaram tudo na rua e destruíram tudo”, contou com tristeza. “Depois, em 80, vieram destruir o prédio. Foi uma tristeza, mas estamos ressurgindo das cinzas”.

O atual senador da república e também ex-presidente da entidade Lindberg Farias comentou a recente vitória pela democratização da universidade conquistada no congresso e, a aprovação da Lei de Cotas, como um grande avanço que colocará no centro do debate a assistência estudantil. “Mesmo quando não há grandes mobilizações, o movimento estudantil está ai. Ele vive do dia a dia do debate dentro da universidade”.
Lindberg presidiu a entidade durante os anos 1992 a 1993, quando a campanha Fora Collor colocou milhares de estudantes e trabalhadores nas ruas contra o presidente Fernando Collor de Mello. “Nas diretas já os jovens tiveram papel decisivo, em todos os grandes momentos da história a UNE estava lá. Se há mobilização social no país, tem que ter a UNE”, disse.
O senador ainda deixou um recado para a juventude: “Que nunca percam a capacidade de sonhar e a rebeldia. A UNE tem que pedir mais, os estudantes brasileiros não podem ser bem comportados, rebeldia!”, convocou
Camila Hungria / Fotos: Ivan Russo / Diogo Martins / André Michiles/UNE

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