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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Mulheres negras latino-americanas existem e resistem – Por Tayná Wine*

Apesar dos poucos registros e do apagamento da história, as mulheres negras sempre tiveram grandes contribuições para a formação da sociedade, além de sempre estarem a frente dos movimentos pela resistência contra a opressão racial.
O número de negros chega a 97 milhões de pessoas, alcançando 53% da população, e mesmo assim a luta pelo enfrentamento a desigualdade e discriminação se faz necessária e essencial, uma vez que a maioria está sub-representada nos espaços de poder e nas demais esferas da sociedade, como no Legislativo, Executivo, Judiciário, na lideranças de empresas, na mídia, etc. E ainda quando se leva em consideração a questão de gênero o abismo é ainda maior.
Em 1992 na República Dominicana, mulheres negras de mais 70 países reuniram-se para a realização do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe. Foi a partir desta ocasião que se estabeleceu o dia 25 de julho como o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, propondo a discussão de assuntos relativos à condição destas mulheres, em especial denunciando o racismo e o sexismo.
Embora a proporção do homicídio da população negra, sobretudo de nossas mulheres negras ainda alcance infelizes estatísticas, o dia 25 de Julho propõe que cada evolução passe a ser comemorada como reconhecimento. E o reconhecimento é infinito ao falar das guerreiras que sustentaram essencialmente a sociedade com o exemplo da sua força, coragem, maternidade, amizade e esperança.  Por muito tempo as mulheres negras eram excluídas até mesmo pelo próprio feminismo, quando resgatamos que, para a luta feminista se expandir, enquanto as mulheres brancas reivindicavam o direito ao voto e ao estudo, as negras cuidavam de seus filhos, de suas casas, e além disso batalhavam para poder existir.
Hoje são novos tempos, mas o racismo se faz presente tanto quanto antes, e por isso a quebra de padrões impostos fortalece a afirmação e identidade do povo negro. O empoderamento feminino é um ponto relevante. Saber que você não é feia por ser negra e que seu cabelo não é ruim por ser crespo são pontos importantes para o nosso fortalecimento. Por isso, viva as mulheres negras de toda minha América Latina.

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