Mayara Longo Vivian participou do seminário Tarifa Zero, desafios e viabilidades para o transporte público de Natal
DE PASSAGEM POR NATAL, A PAULISTA MAYARA VIVIAN, DO MOVIMENTO PASSE LIVRE, DEFENDE A TARIFA ZERO E CRITICA, CRITICA.
Depois de passar dois meses “quase sem dormir” por causa das manifestações em São Paulo e cumprindo agenda pelo país, ela conseguiu ver o mar e curtir o clima de Natal. Mas não foi somente para se entregar ao hedonismo que a garçonete e estudante de Geografia na Universidade de São Paulo (USP), Mayara Longo Vivian, 23, veio à capital potiguar, onde chegou domingo e deve partir hoje.
Ela é uma das principais articulistas (jamais chame “líder”) do Movimento Passe Livre (MPL) e, antes de participar de um seminário sobre a Tarifa Zero (passagens de ônibus bancadas pelo poder público), conversou com o NOVO JORNAL sobre as consequências das manifestações de junho.
Usando um shortinho, sandálias, pochete e uma camiseta do movimento Terra Livre (luta cotidiana por terra, moradia e por um mundo socialista), Mayara estava sentada em um banco do lado de fora do auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN) e fumava um cigarro, momentos antes do início da palestra, na noite de segunda-feira, que também contava com a participação do engenheiro de transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Rubens Ramos.
Com menos de 1,60, pele clara, repleta de tatuagens e rosto bonito, a aparente delicadeza física de Mayara desaparece quando ela começa a falar. Atendendo prontamente ao pedido de entrevista, ela diz que o MPL está voltando para as periferias para tentar discutir o resultado político das manifestações e “esclarecer mais as pessoas”, sobretudo pelo fato de estarmos nos aproximando de uma Copa do Mundo que ela tacha de “uma das mais anti-democráticas, caras e absurdas de sua história”.
“Não é Copa do Mundo que o povo quer, mas serviços públicos de melhor qualidade, e que o governo pare de privilegiar o capital financeiro, dando, de fato, atenção ao povo”, critica.
Mayara diz que o MPL é nacional e todos que tiverem interesse em formar um coletivo em sua cidade “basta entrar em contato e enviar uma carta de adesão”. Ela reforça que o MPL não tem uma liderança e cada grupo, de acordo com os princípios nacionais de cada movimento e com a conjuntura local do município, estabelece suas estratégias e sua tática.
“Em São Paulo, no momento, estamos muito voltados para seguir fortalecendo o trabalho subterrâneo de discussão em cada comunidade. Nós também somos periferia (ela mora em Jardim Celeste, bairro considerado de classe média, em São Paulo, e trabalha na Vila Madalena) e estamos junto das pessoas discutindo, planejando”.
Questionada se ela sabe quanto custaria a Tarifa Zero em Natal, a militante considera que, antes de se perguntar quanto a proposta demandaria de recursos, seria necessário perguntar qual é a margem de lucro dos empresários do setor de transportes urbanos. “Ninguém sabe quanto é. Eles são a máfia que toma conta do transporte público nacional, gerenciam tudo sem transparência com a população”, afirma.
Outro ponto observado por ela, é que deve ser revista a questão tributária no Brasil. Para a estudante, o imposto no país é regressivo (quem tem maior rendimento paga menos) e diz que os pobres são sobrecarregados de impostos.
É uma meia verdade. Obviamente, os impostos sobre o comércio de alimentos serão muito mais representativos para os pobres porque estes ganham menos e a comida leva uma grande fatia de seus orçamentos. Mas, a bem da verdade, a tributação é progressiva, a exemplo do Imposto de Renda, que já exclui boa parte da população por impor um piso aos rendimentos anuais do trabalhador.
De todo modo, ela seguiu com sua argumentação. “O imposto no Brasil é regressivo. Quem tem menos, deve pagar menos. É preciso inverter a lógica de cobrança de impostos no país e cobrar mais de quem tem mais, a população terá mais acesso a um leque de recursos que ainda não dispõe”.
Fonte: Leia mais na edição de hoje do NOVO JORNAL.
RENATO LISBOA DO NOVO JORNAL
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