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quarta-feira, 19 de março de 2014

SOMOS TODAS CLÁUDIA! PELA DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR

Mais um caso a ser investigado, mais uma grande tragédia que nos instiga a ir às ruas reafirmar o chamado pela DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍTICIA MILITAR, contra o extermínio da população negra e das periferias do País! A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas compartilha a nota da Marcha Mundial das Mulheres, #SOMOSTODOSCLAUDIADASILVA!
Na manhã deste sábado (15) uma viatura do 9º BPM (Rocha Miranda) foi flagrada descendo a Estrada Intendente Magalhães, zona norte do Rio de Janeiro, com o corpo de uma mulher pendurado no para-choque do veículo. A vítima era Claudia Silva Ferreira, 38, auxiliar de limpeza. De acordo com a PM, Claudia foi baleada durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes do Morro da Congonha, em Madureira.
O que criminaliza o caso também parte dos depoimentos de testemunhas ouvidas pelo Jornal Extra, que garantiram que os policiais foram alertados, mas não pararam, somando mais um caso de vítima fatal nas mãos daqueles que deveriam nos proteger.

#SOMOSTODOSCLAUDIADASILVA!

Eu não conhecia a Cláudia.
Mas apesar de nunca ter conhecido a Cláudia, eu sei que ela limpava chão no Hospital Naval Marcílio Dias. Sei também que ela era negra, assim como todos os seus filhos, e sei também que ela morava em um morro e que não era um daqueles morros com segurança particular, guaritas e helipontos. Não, era daqueles morros em que de vez em sempre falta água, de vez em quando falta comida e quase sempre falta sossego.
Sei também que ela estava acostumada a ouvir tiro de fuzil e que ela tinha medo que seus filhos fossem assassinados pela PM.
Pensando bem, talvez eu conhecesse a Cláudia. Talvez eu conhecesse também os filhos da Cláudia.
Tô lembrando aqui daquele filho da Cláudia que foi assassinado na calçada de casa, aqui na zona norte de São Paulo. Teve outro filho dela que foi amarrado num poste e espancado um dia desses. Lembro até do marido da Cláudia, aquele que foi torturado até a morte dentro de uma lata da PM na Rocinha. E a filha da Cláudia, aquela que foi estuprada outro dia, de novo, dentro de uma viatura.
Lembro também dos amigos da Cláudia. E eles são muitos. Alguns também limpam chão, outros recolhem lixo, enchem laje, lavam roupa, cozinham, pintam parede, dirigem ônibus… E também estão acostumados a ouvir tiro de fuzil e a tomar tapa na cara.
Mas apesar de todos serem amigos da Cláudia, nem todos eles se conhecem ainda. Nem todos eles se juntaram pra conversar ainda.
Quem sabe no enterro da Cláudia eles não se encontram.
Ou talvez no próximo.
Uma hora, tenho certeza, eles vão se cruzar.
E ai, ninguém mais vai recolher o seu lixo e nem aceitar mais tiro de fuzil.
#SOMOSTODASCLAUDIA
#SOMOSTODOSCLAUDIADASILVA
#DESMILITARIZAÇÃOJÁ

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