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domingo, 2 de novembro de 2014

Comemorar o Dia do Saci para superar as mazelas do preconceito

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Para se contrapor ao colonialismo cultural vigente em setores da classe média e elite brasileiros e com isso defender a cultura nacional e popular, muitos estudiosos criaram o Dia do Saci, personagem lendário mais popular da mitologia brasileira, para ser comemorado justamente no 31 de outubro, quando diversos países de língua inglesa do Hemisfério Norte festejam o Halloween ou Dia das Bruxas, muito popular nos Estados Unidos. Muito importante comemorar o Dia do Saci, em tempos onde predomina a falta de conhecimento básico da formação cultural do Brasil.
“O Saci nasceu como um defensor dos seres da floresta. Os dominadores brancos começaram então a demonizar os mitos indígenas e deram-lhe a cor negra. Por isso ele é tão popular no país”, explica o jornalista, escritor e geógrafo Mouzar Benedito, um dos fundadores da Sociedade Observadores do Saci (Sosaci). “Estávamos muito incomodado com a invasão do imperialismo cultural em nosso país, por isso criamos a Sosaci para difundir melhor a nossa cultura popular”, relata.
Dia do Saci
“O Saci-pererê completa 90 anos de nascimento literário pela pena de Monteiro Lobato, que propagou essa figura do imaginário popular, com missão de não deixar as bruxas de Halloween apagarem sua imagem perante as crianças”, diz Liliana Lavoratti. Segundo o Wikipédia, o Dia do Saci consta do projeto de lei federal nº 2.762, de 2003 (apensado ao projeto de lei federal nº 2.479, de 2003), elaborado pelo deputado federal Chico Alencar, (PSOL) e pela vereadora de São José dos Campos (SP) Ângela Guadagnin (PT).
Anteriormente, leis semelhantes foram aprovadas pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e na Câmara Municipal de São Paulo. A data foi oficializada com a Lei nº 11.669, de 13 de janeiro de 2004 na capital paulista. Outros dez municípios paulistas, além da capital, já haviam feito o mesmo: São Luiz do Paraitinga (onde a festa dedicada ao saci dura quase duas semanas), São José do Rio Preto, Guaratinguetá e Embu das Artes. Em municípios de outros Estados brasileiros, o Dia do Saci foi oficializado: em Vitória (Espírito Santo); Poços de Caldas e Uberaba (Minas Gerais); Fortaleza e Independência (Ceará).
“Escolhemos o Saci-pererê por ele representar o brasileiro típico”, revela Mouzar. “O Saci é preto, pobre, perneta, brincalhão e gozador”, acentua. “Ele sintetiza a formação do povo brasileiro. Tem origem nas lendas indígenas, ganhou a cor negra e posteriormente o gorro mágico de origem portuguesa”, preconiza. Os defensores do mito brasileiro defendem projeto que tramita desde 2007 na Câmara dos Deputados para a efetivação do Dia Nacional do Saci, pois acreditam que o personagem mitológico de uma perna só reúne as características da formação do povo brasileiro.
Há duas versões para o mito. Uma delas defende que o Saci nasceu como lenda indígena, ganhou contornos africanos e europeus e defendia a mata da agressão humana. Certo dia, porém foi capturado e para escapar do calabouço cortou uma das pernas e fugiu. Outros preconizam que o Saci era um menino escravo que cortou uma das pernas por preferir ser perneta livre que escravo com duas pernas.

Saci 1
Para a maioria dos especialistas em cultura popular, o Saci representa a própria formação do povo e da nação brasileira por conter traços dos três povos que compõem a formação do país. Um povo formado pela mistura de índios, negros e brancos. O problema consiste justamente porque parte dos brasileiros, por ignorância, rejeita a herança indígena e africana na formação da identidade nacional. Por isso, o festival de preconceitos e xenofobia após a vitória da presidenta Dilma na eleição deste ano, não são novidades.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

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