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sábado, 9 de julho de 2016

Afinal, o que é essa tal de Escola Sem Partido?

Assunto será debatido em uma das principais mesas do 64º Coneg da UNE no dia 15 de julho
Imagine uma escola onde o professor não pode se manifestar livremente principalmente sobre questões políticas, sócio-culturais e econômicas e que os professores sejam proibidos de incentivar os estudantes a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.
Além disso, o movimento da Escola Sem Partido está incentivando também outros projetos nas Assembleias Legislativas dos Estados e nas Câmaras de Vereadores dos Municipais. Leia aqui o projeto de Lei.
Na sexta-feira (15) primeiro dia da  64º edição do Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da UNE, o maior encontro de DCEs do Brasil, uma das principais mesas de debate do evento vai discutir o assunto. São convidados para a discussão a presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Camila Lanes; Othoniel Pinheiro Neto, Defensor Público do Estado de Alagoas e Pedro Henrique Oliveira Gomes, professor-pesquisador da Educação Básica e organizador do projeto Cine Debate Educação.
Para o docente há mais de 30 anos, professor da Unicamp Leandro Karnal, a Escola Sem Partido é é uma bobagem conservadora. “ É coisa de quem não é formada na área, e que decide ter uma ideia absurda que é substituir o que eles imaginam que seja uma ideologia em sala de aula por outra ideologia que é a conservadora”, afirmou em entrevista no Programa Roda Viva no último dia 04/07.
Karnal defende que não existe nenhum fato histórico sem opção política. “Não existe escola sem ideologia. Seria muito bom que um professor não impusesse apenas uma ideologia, e que abrisse caminho sempre para o debate. Mas é uma crença fantasiosa de uma direita delirante e absurdamente estúpida de que a escola forme a cabeça das pessoas e que esses jovens saiam líderes sindicais. Os jovens tem a sua própria opinião”, enfatizou.

PREJUÍZOS PARA UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA

A presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), Camila Lanes, também afirmou que os parlamentares que defendem este projeto são geralmente pessoas não ligadas à formação ou à luta pela educação, mas às bancadas mais conservadoras do Congresso Nacional.
“O que eles querem, na verdade, é substituir a liberdade de diálogo e de debate de ideias na sala de aula por uma ideologia conservadora. Isso mesmo: o projeto “Escola sem partido” é extremamente ideológico! Nele, não existe imparcialidade nenhuma! “, afirmou.
Além disso, Camila ressalta que o objetivo seria impedir de forma ultraconservadora o debate plural sobre temas cruciais como a história, a política, os direitos humanos e o combate às opressões, buscando impedir o exercício de uma pedagogia que possibilite a autonomia dos estudantes e a transformação da sociedade.
A professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, Gizele Cristiana Carneiro, também considera o projeto extremamente prejudicial ao desenvolvimento de alunas e alunos porque traz em seu bojo o esvaziamento de uma educação emancipatória, crítica e cidadã ao passo que prevê uma neutralidade pedagógica que não condiz com a instituição escolar, religiosa, familiar ou política.
“Toda prática pedagógica é pautada por concepções de sociedade e de sujeitos, logo, não é neutra. E essas concepções não estão, em hipótese alguma, ligada a partido X ou Y, mas sim em aquilo que se almeja enquanto coletividade social”, destacou.
Gizele afirma que o projeto Escola Sem Partido já nasceu desacreditado ao afirmar em um dos seus artigos que as alunas e alunos têm uma ‘audiência cativa’ diante da fala da professora ou do professor. “ Se o mentor do projeto fizesse uma visita a qualquer escola veria que o que temos nas escolas são estudantes altamente questionadores, argumentadores e ativos! E esse perfil, acredito, é resultado da possibilidade de acesso à informação. Logo, debater política e instigar a aluna e o aluno a participar da vida pública – além de ser princípios diluídos na própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – são anseios quase que intrínsecos aos jovens de hoje”, ressaltou.
Fonte: UNE

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