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domingo, 16 de dezembro de 2018

Institutos Federais: riqueza brasileira que não pode ser vendida


Por Alejandro Guerrero, presidente da UJS Viamão
Em 2018 uma das pautas fortemente levantadas foi a educação. Acompanhamos um candidato professor, que apresentou um projeto de educação emancipadora com investimento real no setor, disputando com um candidato que é declaradamente a favor da privatização das universidades e contra o pensamento de Paulo Freire, referência mundial em matéria de pedagogia.
Um tema que preocupa grande parcela do movimento educacional e da sociedade de modo geral é a manutenção dos Institutos Federais (IF) e de suas políticas para fortalecer uma educação pública, gratuita, de qualidade e democrática.
Os IF são resultados da alteração da Lei 8.948/1994 que permitiu a expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Essa expansão permitiu quase que a triplicação do número de 143 para 517 unidades entre os anos de 2005 e 2016.
Ao analisar as médias nas provas objetivas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) notamos a importância da defesa desse modelo de ensino. Em 2014, a média das notas dos estudantes no ENEM foi de 561,5, enquanto nacionalmente foi de 517,6. Isso quer dizer que o desempenho dos IF é superior à média nacional. Para corporações que defendem a educação privada, esse resultado acaba se tornando uma ameaça à estratégia de privatização dos IFs.
Com o tripé do ensino, pesquisa e extensão, os Institutos Federais vêm se destacando na produção de tecnologia e no fortalecimento da nascente indústria 4.0. São milhares de estudante que se beneficiam de projetos de muitas áreas da ciência. Paulo Freire já dizia que “não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino.” O investimento na expansão de 2005 até 2016 foi o responsável pelo sucesso que os IFs se tornaram.
No que diz respeito à extensão, cada campus do Instituto Federal dialoga com a vocação da região em que está inserido, o que ajuda a estimular o desenvolvimento regional e a garantir que a comunidade esteja direta ou indiretamente inserida no IF. Boa parte da juventude periférica, sobretudo negra, está dentro da sala de aula ou nos bancos dos Institutos. A extensão proporciona que a comunidade local se sinta parte do campus e acredite na possibilidade de acessar essa esfera do ensino.
Outro fator importante é que os IFs são grandes centros políticos onde há núcleos de estudos variados como gênero e sexualidade; estudos afro-brasileiros; ações afirmativas, etc. Esses núcleos contribuem para a luta antirracista, da população LGBT+, de deficientes e demais pautas vinculadas ao movimento social.
Os IFs são pólos de resistência na medida em que os estudantes se organizam através dos Grêmios Estudantis – representa os estudantes da instituição -, dos Diretórios Centrais dos Estudantes (DCE) – que representam estudantes do Ensino Superior e dos Centros Estudantis Unificados (CEU) – que representa igualmente secundaristas e universitários.
Apesar de todo o cenário positivo que os Institutos Federais representam os governos Temer e mesmo o que se aproxima, de Bolsonaro, tentam privatizar e desmontar essas instituições.
O que há por trás da falta de investimento na rede federal de educação é justamente o lobby da iniciativa privada para que as instituições sejam precarizadas. Uma “saída” seria, diante disso, implementar a política de cobrança de mensalidades. O discurso de “quem tem mais paga e quem não tem não paga” é um discurso que pavimenta o processo de privatização da educação em nosso país. Esse processo não só fere a luta de décadas do movimento estudantil como também entrega ao setor privado a garantia de um direito constitucional.
Essa precarização da educação está associada a um projeto antinacional, que impede o desenvolvimento soberano do Brasil, precariza o trabalho e entrega as nossas riquezas. Não há como negar que Bolsonaro já apresenta um projeto de destruição da educação. Essa crise, como já dito por Darcy Ribeiro, é, na verdade, um projeto. Uma nação que não tem a educação como saída para atual crise fatalmente irá amargar um cenário de violência, descaso com a saúde pública, enfim, de negação dos direitos sociais.
Por isso os Institutos Federais devem ser uma rede da resistência ao desmonte da educação e da defesa de um projeto de desenvolvimento que atenda aos interesses da maioria da população brasileira.
Fonte: UJS

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