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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

UNE PARTICIPA DE DEBATE NO FST COM SADER, BOAVENTURA , BOFF E MARIA DO ROSÁRIO

Ditadura militar, Pinheirinho e Haiti foram temas centrais do debate
Na tarde da última sexta-feira (27), mais uma das atividades do Fórum Social Temático lotou a sala da faculdade de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde a ministra da secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, o sociólogo Emir Sader, o professor da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos, o teólogo Leonardo Boff e o presidente da UNE, Daniel Iliescu, reuniram-se para debater “Direitos humanos, justiça e memória”.

Os debatedores exploraram questões como as violações aos direitos humanos do período da ditadura, crise do capitalismo, Haiti e o tratamento violento do Estado de São Paulo no caso Pinheirinho. A ministra Maria do Rosário foi enfática ao colocar a posição do governo brasileiro favorável à luta pelos direitos humanos. “Queremos reforçar os vínculos com a luta social do país por memória e para que os direitos da população brasileira sejam assegurados”, disse.

Golpe de classe

O golpe militar e a recente busca por reconstruir a história do Brasil, e com ela a memória do povo brasileiro, foi tema bastante abordado no debate. Para o teólogo Leonardo Boff, a luta pelos direitos humanos é, também, uma luta política. “O golpe militar não foi militar, foi um golpe de classe. A classe dominante chamou os militares e com eles veio a repressão”, opinou.
Emir Sader concordou: “O Brasil é um país sem memória, mas na verdade são as elites os verdadeiros interessados em fazer com que o país não tenha memória. Sobre a ditadura, é importante saber exatamente quem fez o que”.

Para a ministra, a ditadura tinha um projeto que não era só econômico. “Um projeto de sociedade e opressão que usou formas mais violentas de obtenção da aniquilação dos indivíduos e dos seus grupos de atuação”, ressaltou, enfatizando a necessidade de se recuperar esse período histórico também como tributo à nação brasileira que sofreu grandes perdas durante o período.

O presidente da UNE, Daniel Iliescu, prestou uma homenagem a algumas vítimas da violência da ditadura militar, como o estudante assassinado Honestino Guimarães, ex-presidente da entidade qua agora ele leva adiante.  Iliescu frisou ainda a importância da atuação da comissão da verdade. “A Comissão da Verdade não tem um sentimento revanchista. A luta legítima do povo brasileiro é para que haja o reconhecimento de sua história para fundamentar e instrumentalizar a população brasileira para entender sua história e identidade”, falou.

Pinheirinho na pauta do debate

A operação policial de desocupação da área do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), foi classificada pela ministra como “um absurdo”. “Pinheirinho é a marca da intolerância com os povos que estão nos bolsões do país. A situação é um absurdo, sobretudo porque a solução estava muito encaminhada”, disse.
Iliescu mencionou a cobertura do caso feita pela grande mídia ressaltando a necessidade de se criar uma agenda de luta pela democratização dos meios de comunicação. “Nós sabemos o papel da mídia. Vamos lutar pela democratização, informação e liberdade de expressão”, afirmou.

Já Emir Sader citou o caso como exemplo da presença restrita e desigual da garantia de direitos para a população brasileira. “Pinheirinho é o passado, presente e não queremos que seja o futuro. Aplicar o mesmo formato de leis para uma população marcada pela desigualdade é reforçar as diferenças”, disse.

Ministra Haiti

Questionada sobre o posicionamento do governo brasileiro em relação à situação dos imigrantes haitianos, a ministra Maria do Rosário afirmou que o governo pretende continuar a sua atuação no país. “A missão no Haiti tem que deixar de ser uma missão militar para ser uma missão humana.Nós não faremos com os haitianos o que os EUA fizeram. O que incomoda é quando os imigrantes do mundo são tratados como escória”, finalizou.

De Porto Alegre,
Camila Hungria/UNE

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