Artigo Oswaldo Lemos
Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel são, essencialmente, organizações formadas pela juventude de SP. Condensam parte do universo de situações positivas e negativas que estão relacionadas a essa enorme parcela da população: o desejo de participação em um grupo, a identificação pela coletividade, a comunhão de valores, a busca por afirmação no espaço público e infelizmente, por outro lado, a aproximação com a violência, as práticas de intolerância, o flerte com a criminalidade, a inconsequência negativa e desastrosa para o conjunto da sociedade.
Uma coisa leva à outra? Não. Diferentemente do que apontam alguns, não é a organização dos jovens em torcidas que gera violência. A organização juvenil, a bem dizer, quase sempre traz resultados valiosíssimos. Tenha-se como exemplo o movimento estudantil, os grupos de Hip Hop e ação social, coletivos de arte, cultura, meio ambiente. Como transformar, porém, o problema envolvendo juventude e violência nas organizadas? Não há como responder sem um olhar lúcido sobre os jovens brasileiros e sua relação com episódios violentos.
O Mapa da Violência, divulgado em 2011 pelo Ministério da Justiça, revela que a taxa de vitimização da população entre 14 e 25 anos mais do que dobrou dentro de 10 anos. A maioria é negra, reside em regiões de menor desenvolvimento, maior exclusão, menor atuação do estado.
Não há como dissociar a violência do seu panorama histórico-social. No entanto, a equação não se encerra. A violência entre torcedores envolve também jovens de outra realidade, com melhores condições de renda, maior escolaridade e menor risco social. É o reflexo da violência baseada, puramente, na intolerância ou na produção banalizada de uma cultura violenta em São Paulo.
Não há como dissociar a violência do seu panorama histórico-social. No entanto, a equação não se encerra. A violência entre torcedores envolve também jovens de outra realidade, com melhores condições de renda, maior escolaridade e menor risco social. É o reflexo da violência baseada, puramente, na intolerância ou na produção banalizada de uma cultura violenta em São Paulo.
É necessário, como forma de atingir essas duas vertentes da violência juvenil, um esforço para abandonar a concepção do "jovem problema" e compreende-lo como sujeito de direitos. Priorizar políticas públicas estruturantes voltadas ao lazer, praças de esporte, projetos culturais, meia-entrada em eventos artísticos, passe livre para estudantes, políticas de saúde e, sobretudo, educação em uma dimensão muito maior.
Nacionalmente, é vital a aprovação do Estatuto da Juventude, tramitando no Senado. No município, a criação da Secretaria de Juventude de forma autônoma, vinculada ao gabinete da prefeitura. Precisamos de um Plano de Metas para os jovens, elaborar o Mapa da Juventude de SP, além de inserir esse debate na campanha eleitoral de 2012.
Certamente, são necessárias também campanhas relacionadas à violência na Juventude. Esse é um compromisso do Conselho Municipal de Juventude, que puxará a mobilização convidando a OAB-SP, poder público, ONGs e os cidadãos interessados. Não se trata de acabar com as organizadas. Isso seria simplesmente desorganizar o problema. Precisamos torcer e transformar a realidade dos jovens na cidade de São Paulo e em todo o Brasil.
Osvaldo Lemos é presidente do Conselho Municipal de Juventude de SP e Presidente da UJS Capital-SP
Fonte: NOSSA CARA SP
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