Em entrevista a reporter da IPS, Stefania Milan, o coordenador internacional da associação ecológica italiana Legambiente, Maurizio Gubbiotti. Afirma: " Pela primeira vez, os refugiados ambientais superaram os que escapam da guerra", disse à IPS. Em breve, milhões de pessoas terão de abandonar os lugares onde vivem por causa do AQUECIMENTO DO PLANETA, metade em decorrência de catástrofes naturais, e o restante pela desetificação e aumento do nível do mar, diz um informe elaborado por essa organização que foi apresentado final de junho/2009 em Roma. "Os refugiados ambientais são a real emergência social por trás da crise ambiental e climática que hoje enfrentamos", afirmou Gubbiotti, que conversou com a IPS na cidade italiana de Florença.
Reproduzimos três fundamentais perguntas que a IPS fez ao coordenador.
IPS - O quanto é séria a crise para as pessoas?
Maurizio Gubbiotti - O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados(Acnur) prevê entre 200 e 250 milhões de refugiados ambientais até 2050. Nosso informe mostra que já existe uma crise importante. É difícil avaliar a dimensão real do problema, porque um único furacão pode ter um impacto dramático sobre os números. O ciclone tropical Nargis, que devastou a Birmânia em maio de 2008, deixando 140 mil mortos, gerou 800 mil refugiados.
IPS - Quais as áreasem maior risco?
Gubbiotti - Todas as que já são bastantes frágeis e pobres. O continente africano e zonas costeiras da Ásia, em particular Bangladesh e as ilhas do Pacífico. Mas também a região mediterrânea e a América Latina estão em perigo. E as ilhas Malvinas: 85% da maior delas estão ameaçadas pelo aumento do nível do mar, e cerca de 300 mil pessoas logo terão de mudar para outro ponto. Na Guiana Francesa prevemos que haverá cerca de 600 mil refugiados ambientais nos próximos anos.
IPS - Qual é a solução?
Gubbiotti - Só existe uma possibilidade de sair desta crise ambiental e humanitária: temos de investir tanto no meio ambiente quanto nos direitos humanos. Devemos investir em superar nossa dependência do petróleo e do carbono, em favor de fontes renováveis, e na agricultura sustentável e reciclagem de lixo. Temos que destinar fundos à mitigação dos danos criados pela mudança climática e abandonar as políticas protecionistas da agricultura europeia, que apoiam nossos cultivos, mas impedem que os produtos das economias pobres sejam competitivos.
Mas a crise ambiental também precisa de uma resposta social. Não estamos falando simplesmente de terra, mas de gente. Os políticos consideram que as migrações são uma questão de ordem pública. Devemos compreender que por trás deste fenômeno há uma reclamação de sobrevivência: estas pessoas não têm futuro nem possibilidades de sobreviver em seus lugares de origem.
E uma última.
IPS - Os países podem agir individualmente?
Gubbiotti - NÃO. Precisamos de soluções globais. temos que dar força às Nações Unidas e à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação(FAO) e ao Protocolo de Kyoto. Mas a chave para tornar efetivas estas instâncias é o multilateralismo, dicidir juntos. Temos muita esperança na nova era multilateral inaugurada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. É o momento justo para acabar com o enfoque bilateral sobre a pobreza, no qual os países ricos decidem o que é bom para os pobres.
Leiam e reflitam! O CPC/RN e A ANE/RN entra na campanha em favor do MEIO AMBIENTE!
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