"HÁ TEMPOS SÃO JOVENS QUE ADOECEM!"
Legião Urbana
1. Nos bancos das escolas e
universidades, no cotidiano do trabalho das fábricas e repartições, nas
periferias, no duro ofício de lavrar a terra, nas praças, ruas, palcos,
quartéis, campos, praias e festas dizemos: Presente!
2. Somos milhões de faces que dão a
cara jovem ao Brasil. Somos socialistas porque, somos jovens e andamos
abraçados com o futuro e a busca da felicidade – desejos que são diariamente
frustrados nessa sociedade capitalista que não tem perspectiva e só nos oferece
a desilusão e a exploração.
- 3. Aqui no Brasil somos discriminados e postos de escanteio. Amargamos o não aproveitamento do melhor de nossa criatividade e energia na imensa fila dos desempregados. A placa de “NÃO HÁ VAGAS” é a senha de nossa exclusão e marginalização. Somos milhões que não têm acesso às universidades ou a nenhuma forma de ensino profissionalizante. O analfabetismo ainda atinge muitos de nós. Nas escolas e universidades encontramos um ensino elitista, atrasado e conservador, sem investimentos e democracia.
4. Toda a nossa história e a nossa
cultura expressadas em incalculáveis prosas e versos, em livros e nas artes,
que constituem um fantástico patrimônio cultural, inclusive já encenadas no
cinema, teatro e televisão, não são acessíveis a todos. No Brasil, permanece o
monopólio dos meios de comunicação, que não permitem a expressão da cultura
popular e a propagação de idéias e da pluralidade.
5. Para nós, oferecem o
individualismo, a discriminação e a exclusão social. As drogas, além de serem
tratadas como crime, são lembradas somente nos telejornais, persistindo a
absurda ausência de uma mínima política de Estado capaz de tratar o problema
como uma questão de saúde pública, o que acaba somente por enriquecer os
capitalistas e o tráfico.
6. Nossas cidades não nos oferecem
espaços públicos de esporte e lazer, não temos acesso à mobilidade urbana e
ainda enfrentamos graves problemas de moradia. Nas periferias falta segurança
pública e a realização de outros direitos fundamentais para o nosso
desenvolvimento pleno. A insegurança toma conta dos grandes centros. Esse meio
não nos interessa, não nos satisfaz, queremos cidades capazes de incluir a
todos sem discriminação de crença, cor, gênero e classe social.
7. Queremos acesso à saúde pública de
qualidade e universal. Somente assim combateremos as epidemias e as doenças que
atingem a parcela mais necessitada de nosso povo. Não queremos enriquecer a
indústria farmacêutica nem o oligopólio dos planos de saúde privada. É preciso
investir em saúde preventiva e em qualidade de vida.
8. Nossa sexualidade precisa ser
respeitada, livre de dogmas e de visões conservadoras. Não nos oferecem
educação sexual nas escolas e não temos acesso a métodos contra conceptivos.
São milhares de jovens que enfrentam uma gravidez sem nenhuma proteção e
acompanhamento. Por ser tratado como crime e não como problema de saúde
pública, o aborto em clínicas de fundo de quintal acaba sendo a única
alternativa para interromper uma gravidez precoce e indesejada. Muitos jovens
são vitimados pela Aids, por falta de informações e meios de prevenção. No
Brasil, a sexualidade é banalizada e reproduz o machismo e a homofobia.
9. Nosso meio ambiente é vítima da
insanidade capitalista que o degrada, polui e destrói. O Brasil do futuro
depende do equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação das nossas
riquezas naturais.
"QUEM QUER MANTER A ORDEM!"
Titãs
10. Os donos do poder afirmam que
vivemos uma democracia porque temos eleições. Escondem que as regras dessa ordem
só servem para os que têm poder financeiro.
11. Essa democracia nos discrimina
não nos ouve e não nos serve. Somos considerados o futuro e, no presente, não
temos espaço para opinar, participar e decidir. Mesmo esta falsa democracia
cada vez mais é atacada e limitada.
12. A violência nos persegue o tempo
todo. Muitos dos nossos nos ferem ou se matam em disputa entre gangues, ou são
espancados pelos próprios pais.
13. Outros recebem uma bala perdida
ou são vítimas de assalto ou perseguição. No capitalismo não temos paz.
14. Nossa liberdade é extremamente
vigiada e reprimida. As elites e os meios de comunicação discriminam o negro,
tratando-o como escravo “moderno” e deformando sua história. Às mulheres não
dão igualdade de direito e não entendem sua realidade e suas diferenças. A
homossexualidade é tratada como doença e não como livre orientação sexual.
Preconceito e discriminação são as marcas do nosso tempo.
"QUE PAÍS É ESSE!"
Legião Urbana
15. Com um povo criativo, num vasto
território e riqueza de fazer inveja, nosso gigante viveu por séculos
ajoelhado. O Brasil ainda precisa avançar na sua independência em relação aos
países imperialistas, em especial os Estados Unidos.
16. O que move a chamada globalização
é a busca do lucro, o desejo de acabar com a soberania dos países, explorar seus
trabalhadores, destruir suas culturas e anexar suas riquezas. Conduzido neste
rumo em décadas de submissão, nosso Brasil viu sua bandeira pisoteada, sua
independência destruída e seu futuro comprometido.
"QUERO VER QUEM PAGA PRA GENTE FICAR ASSIM"
Cazuza
17. Nossa história está marcada pelo
atraso e pela subordinação extrema. Portugal, Inglaterra e Estados Unidos, foram eles, ao longo do tempo, que promoveram a escravidão, a monocultura, o
atraso industrial, o desenvolvimento dependente e, mais recentemente, a
tentativa de desindustrialização e da transformação do nosso em mercado de
bugiganga.18. Mas não foram eles os únicos
responsáveis por esta triste história e pelo rumo atual. Os latifundiários,
praga secular do nosso país, sempre sustentaram este rumo através da violência
e do coronelismo político.
19. A chamada burguesia brasileira,
incompetente e adepta do projeto imperialista, em sua maioria, sempre se
subordinou aos interesses de seus patrões e de seus subordinados externos. O
capital financeiro aqui já surgiu ligado aos grupos monopolistas estrangeiros.
"HOMEM PRIMATA, CAPITALISMO SELVAGEM"
Titãs
20. Se o capitalismo em nosso país é
trágico para o povo, no mundo não é diferente. Em sua fúria exploratória tenta
fazer do mundo inteiro um vasto campo para sua ganância. Proprietários da
tecnologia fazem suas mercadorias e capitais percorrerem o mundo com
velocidade. Trilhões de dólares circulam nos sistemas financeiros como nuvens
por todo o globo, vivendo somente da especulação e do roubo.
21. Globalizado o capitalismo,
globalizada a exclusão capitalista, que arrasta milhões para a miséria, as
doenças, a fome e a morte. Globalizado o capitalismo, globalizado o caráter
desumano, cruel e ineficiente. Globalizada a necessidade de superá-lo, de pôr
fim nesta barbárie “moderna”.
"...CARRO ALEGRE, CHEIO DE GENTE CONTENTE..."
Carlos Drumnond de Andrade
22. Assim é a história: a juventude e
os povos do mundo não se calam diante do caos capitalista. Em todos os
continentes se levantam vozes e punhos contra o capitalismo e seus males.
Exigem direitos sociais, defendem seu país, sua liberdade e assim, de dedo em
riste, encaram o capitalismo, negador dos seus anseios.
23. luta gerou em 1848, pelas mãos
dos jovens alemães, Karl Marx e Friedrich Engels, o Manifesto do Partido
Comunista, programa básico de luta contra o capitalismo e em defesa do
Socialismo. Programa que até A história do capitalismo é também a história de
resistência à exploração e de defesa de outra sociedade. Esta hoje nos inspira.
Em 1917, sob o comando de Lênin e outros revolucionários, o Socialismo provou,
na velha Rússia, que o capitalismo não é eterno. Em poucas décadas o Socialismo
alterou a face do mundo, levando à construção da União Soviética e à vitória de
vários povos do Leste Europeu e da Ásia. Nestas suas primeiras experiências
históricas provou que é superior ao capitalismo ao oferecer direitos sociais e
uma nova perspectiva de vida para a humanidade, mesmo vivendo sob o constante
cerco capitalista. Jamais um país enfrentou tantas agressões. E, ainda assim,
foi a URSS que derrotou a agressão nazista, perdendo 22 milhões de patriotas,
abrindo uma época de mais direitos sociais, democracia e o fim do colonialismo.
24. No entanto, o povo, força
principal da revolução, foi perdendo protagonismo. A democracia e a liberdade
foram se reduzindo para os trabalhadores e a juventude. A vida cultural e
científica passou a ser tratada com oficialismo, fatores que desarmaram as
forças revolucionárias, levando ao fim deste primeiro ciclo socialista na URSS
e no Leste Europeu. Mas o tempo não pára. A resistência e a evolução do
Socialismo na China, em Cuba, no Vietnã e outros países, junto com a luta dos
povos em todo o mundo, abrem caminhos da nova luta pelo Socialismo, em especial
na Ásia e na América Latina.
25. Esses reveses, nas primeiras
experiências socialistas, revelam erros e mostram a necessidade de aprimorarmos
mais seu projeto. A construção do Socialismo está apenas no começo. Hoje
perseguimos a edificação de um novo tempo, humanizado, igualitário, que
constituirá as bases do Socialismo em nosso século. No Socialismo com a nossa
cara, o Brasil experimentará a sua própria experiência, construída a partir da
nossa própria história.
"CANTA, CANTA, MINHA GENTE/DEIXA A TRISTEZA PRA LÁ/ CANTA FORTE, CANTA ALTO/QUE A VIDA VAI MELHORAR..."
Martinho da Vila
26. Temos alegria e rebeldia para
derrotarmos a face velha e capitalista do Brasil e em seu lugar colocarmos o
Socialismo com a nossa cara. O Brasil socialista que queremos terá um poder
popular, uma República de trabalhadores que acabará com a exploração e nele
haverá a verdadeira liberdade e a mais ampla democracia para o povo e para a
juventude.
27. O ser humano, como seu primeiro
objetivo, será libertário e criativo, incentivando o conhecimento e a
transformação, será justo e igualitário. A terra e as empresas trarão
benefícios para todos e não somente para um punhado de capitalistas. O trabalho
passará a ser um valor fundamental do desenvolvimento humano. Nosso país
socialista se relacionará com o mundo de forma independente, respeitando a
autonomia dos outros povos. Romperemos as amarras que nos mantiveram tanto
tempo de costas para o nosso continente e finalmente assumiremos nossa
identidade latino-americana.
28. Nosso povo, internacionalista,
apoiará as lutas de outros povos por um mundo melhor. No Brasil socialista, nós
jovens seremos considerados uma força presente e nele conquistaremos o espaço
para discutir, participar e decidir sobre nossos interesses e sobre o rumo do
país.
"OS MENINOS E O POVO NO PODER..."
Milton Nascimento e Fernando Brant
29. Não queremos fórmulas. O nosso
Socialismo será verde e amarelo, tocará viola, fará hip-hop, dançará samba e
rock. Fará carnaval e jogará futebol. Será construído a partir de nossa
realidade e caminhos que nós descortinaremos.
30. Beberá da experiência da história
da luta do nosso povo. Terá o vigor dos versos abolicionistas de Castro Alves,
a revolta de Zumbi, o desejo de liberdade de Tiradentes, a bravura de Helenira
Rezende, de Osvaldão e dos guerrilheiros do Araguaia, o hino democrático das
Diretas Já, a cara jovem e pintada do Fora Collor, e a alegria dos que
comemoraram a chegada de forças políticas oriundas dos partidos populares e dos
movimentos sociais ao governo do país. Guardará a lembrança daqueles que ontem
resistiram e hoje resistem ao neoliberalismo e que carregam consigo a bandeira
da esperança e a certeza de que o futuro nos pertence.
31. Beberá também da história da
nossa América Latina, da vontade de unidade que moveu Bolivar, da revolução
camponesa de Zapata, da luta de Sandino, do exemplo de dedicação e combatividade
de Ernesto Che Guevara.
32. Nele, conquistaremos emprego
digno, ensino público e gratuito, de qualidade, para todos, em todos os níveis.
Nele garantiremos acesso à arte produzida em nosso país e no mundo. Lutaremos
por uma nova cultura, progressista, popular e brasileira, por incentivos e
espaços aos nossos artistas. A ciência e a tecnologia deverão ser desenvolvidas
e utilizadas para nossos interesses, não para generalizar desemprego, destruir
a natureza ou produzir armas e guerra.
33. Queremos que esporte e lazer
façam parte do nosso cotidiano e que tenhamos facilidade para viajar para todos
os lugares de nosso país.
34. Os grupos de extermínio terão que
acabar e a polícia, ao invés de nos perseguir, vai ter que prender aqueles que
destroem a natureza, que roubam o dinheiro do povo, que vendem a droga e
promovem a prostituição.
35. Brasileiro, formado pelas várias
etnias que se somaram e criaram um povo novo, nosso Socialismo terá de acabar
de fato com a discriminação e os preconceitos de toda a espécie. Nele
exigiremos direito à saúde, à habitação e ao futuro. A natureza será protegida
como será protegido o nosso povo. Nossa infância terá atenção e em vez de viver
jogada pelas ruas, terá o direito de brincar e de crescer sorrindo. Ajudaremos
a acabar com o analfabetismo e com a ignorância.
O povo aprenderá a linguagem dos
computadores e da Internet, mas não deixará de lado o seu hábito de diálogo
franco e seu contato social permanente. Queremos que TVs, Rádios, Cinemas e
todos os meios de comunicação deixem de ser instrumentos de quadrilhas e sirvam
aos nossos interesses.
36. Parece utopia, mas é plenamente
realizável. Nós transformaremos a face do Brasil. Nunca negamos nossa rebeldia
e força para as grandes transformações. A revolução que queremos exige muita
luta. Não será obra fácil. De sua edificação terão que participar os
trabalhadores do campo e da cidade, a juventude, os artistas e as
personalidades populares. A união popular será a arma principal para vencermos.
Dela deverão participar os sindicatos, as entidades estudantis e todas as
organizações do povo. Os partidos do povo, unidos, deverão também fazer parte
de uma ampla frente por uma vida nova.
"O HOMEM COLETIVO SENTE A NECESSIDADE DE LUTAR" - Chico Science
37. É para construir essa vida nova
que te convidamos. A solidão não cabe para nós, pois vivemos a luta deste tempo
– cruel sim, mas também desafiador. Juntos escreveremos a história desse novo
Brasil que desejamos.
38. Aqui, na União da Juventude
Socialista, vão se encontrar as bandeiras vermelhas, verde-amarelas e os nossos
anseios, nossa rebeldia, nossa solidariedade e a luta diária pelo Socialismo.
Não nascemos para o silêncio, nascemos para cantar e viver outra vida, melhor e
mais justa. Assim será a república de trabalhadores que ajudaremos a construir.
Nela estarão “os meninos e o povo no poder…”. Nela estará hasteada bem alta a
bandeira do Socialismo e, nas faces, estampada a nossa alegria.
Fonte: UJS Nacional
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