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domingo, 30 de agosto de 2015

GAROTAS EXPOSTAS NA REDE TEM SUAS VIDAS PREJUDICADAS

Culpabilizar a vítima só agrava a situação
“Outro dia fui ao shopping e um grupo de meninos ficou me olhando, quando um deles gritou: olha lá a cachorra!”. O relato é de uma estudante de 16 anos, que há um ano teve sua vida destruída por conta de fotos íntimas que foram disseminadas nas redes.
O ocorrido com a estudante A. L. é apenas mais um entre tantos outros casos que acontecem diariamente nas escolas de todo o Brasil. Situações de sexting e revenge porn (prática de enviar mensagens, fotos, vídeos sexuais pelo celular ou expor alguém na internet sem seu consentimento) vem crescendo quase que instantaneamente no país. Só em 2014, o número de sexting aumentou 119,8% em comparação ao ano anterior, conforme pesquisa realizada pela SaferNet, canal de referência nacional que combate crimes e violações aos direitos humanos na internet.
Se para mulheres adultas já é difícil lidar com o atual cenário machista, que cobram incessantemente o alcance do sucesso profissional, do corpo escultural, por um relacionamento estável e pelo cuidado da casa e dos filhos, imagine como é para adolescentes que estão descobrindo sua sexualidade e formando sua personalidade vivenciarem esse processo, principalmente na era digital, em que todos tem acesso à internet em apenas um clique.
Muitas dessas jovens não suportam a humilhação e a vergonha de terem sua privacidade exposta covardemente e chegam até mesmo a cometer suicídio, como ocorreu com uma estudante da Serra Gaúcha em novembro do ano passado. No caso de A. L. a alternativa encontrada foi recorrer a um psicólogo. “Só quem me deu suporte foi meu psicólogo e Deus, porque nem minha família compreende. Frequentemente alguém aparece para me lembrar do ocorrido, inclusive parentes. É algo que ninguém entende”, afirma.
Ações covardes e machistas como essas não é novidade. A massoterapeuta L. C. de 28 anos também passou por situação muito similar quando estava na escola. “Eu tinha um namorado e enviei fotos minhas nuas pra ele, e quando terminamos ele criou uma conta falsa em uma rede social como se fosse eu e começou a postar minhas fotos com comentários agressivos”, relata.
Existe uma fixação de pensamento em culpabilizar essas mulheres como se elas que não devessem se expor de tal maneira e não em exigir responsabilidade da pessoa que à expôs sem autorização. Procurar satisfação sexual não deveria ser um problema para as mulheres, assim como também não é para os homens.

O TOP 10

O “top 10″ é um ranking que elege as garotas mais “rodadas” da escola e é visto como apenas como forma de diversão entre os colegas de classe. A brincadeira muitas vezes chega até mesmo à receber apoio da gestão da escola. Normalmente, os nomes são divulgados por meio das redes sociais (WhatsApp, YouTube, Facebook e Snapchat) e até cartazes colados nos muros das escolas.
De acordo com C. K., 34, dona de casa, é muito comum realizar listas com diferentes categorias com o intuito de zoar os colegas. “Eu tinha 18 para 19 anos, estava no último ano do colegial técnico de enfermagem, e todo final de ano os quartanistas faziam uma lista com várias categorias, todo ano a categoria mudava. No ano em que fui indicada foi como garota sinal verde e no ano seguinte como garota serrote, que não pode ver um pau. A direção da escola não fazia nada contra, muito pelo contrário até apoiava de certa forma, pois os indicados e as categorias eram pregados em destaque na parede do pátio principal durante semanas até a grande festa, aonde eram entregue os prêmios”, conta.

CAÍ NA REDE. E AGORA?

1. Assim que você souber onde a foto ou o vídeo foi compartilhado, salve o máximo de dados e informações que conseguir, como a url do endereço online, os prints da tela e das pessoas que tenham compartilhado o conteúdo, etc. Salve tudo em um CD virgem.
2. Se você for maior de idade, vá até um cartório e faça uma Ata Notarial de todos os documentos salvos. Essa Ata nada mais é do que uma forma de você autenticar os arquivos para que eles tenham alguma validade legal.
3. Depois que você já tiver tudo organizado, vá até a Delegacia de Polícia Civil mais próxima e faça uma denúncia. Você também pode procurar uma Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos.
4. Se você for menor de idade, salve todos os dados, mas procure algum maior de idade para te ajudar com a autenticação e com a denúncia. Também é possível acessar a central de denúncias da SaferNet e pedir ajuda para solicitar que o conteúdo seja removido da internet.
Débora Neves, da Redação.
Fonte: UBES

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