AUGSUTO CHAGAS PRESIDENTE DA UNE
Entre os dias 21 e 25 de março aconteceu a Jornada de Lutas 2011. Os atos foram promovidos pela União Nacional dos Estudantes (UNE), juntamente com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), que realizaram uma série de manifestações em diversas capitais do país, que neste ano mobilizou os estudantes pela conquista de bandeiras como: 10% do PIB e 50% do pré-sal para a educação.
A Jornada é uma manifestação tradicional que acontece anualmente em homenagem ao estudante secundarista Edson Luiz, morto em 28 de março de 1968 por militares enquanto protestava contra o aumento do preço da refeição na universidade onde estudava.
Em entrevista ao Portal da CTB, o presidente da UNE Augusto Chagas avaliou a Jornada de Luta de 2011, o poder de mobilização pelo Brasil, como o conjunto de atos se tornou uma importante ferramenta de luta do movimento estudantil e como foi o encontro entre os manifestantes e a presidenta Dilma Rousseff.
Portal CTB: Qual a avaliação que a União Nacional dos Estudantes tem dos atos?
A jornada foi muito positiva. A UNE tem uma grande tradição em realizar sua jornada todo início de ano e nessa ocasião decidimos que a grande chamada seria 10% do PIB e 50% do pré-sal para a educação. Essa é a agenda prioritária que a UNE quer desenvolver ao longo de todo esse ano por considerar que esse debate do Plano Nacional de Educação (PNE) é importante, pois definirá metas para educação para os próximos 10 anos. Então ficamos satisfeitos com passeatas que aconteceram em quase todas as capitais do país, houve muita mobilização e conquistas. Aqui em São Paulo nós conseguimos o compromisso de continuar tramitando a PEC do pré-sal, porque aqui também estamos lutando pela distribuição do pré-sal para a educação. No Rio de Janeiro nós aprovamos a meia passagem para os universitários que era uma bandeira super antiga e em Brasília conseguimos ser recebidos pela presidenta Dilma. Então ficamos satisfeitos com a jornada, pois atingimos nossos dois objetivos que eram o de chamar a atenção da sociedade para essa pauta e pressionar tanto o governo quanto os parlamentares por essa questão, assim nosso objetivo foi integralmente cumprido.
Portal CTB: Como foi a adesão dos estudantes pelo Brasil à jornada?
Foi um período de muita mobilização. Logo no primeiro dia de ato nós fizemos mais de 120 atividades coordenadas no interior das universidades. Então realizamos manifestações, atos, aulas públicas e ocupações, esse inicio mostrou o quanto haviamos começado com uma grande adesão, em seguida organizamos passeatas muito representativas em várias regiões do país com atividades representativas e em Brasília realizamos uma mobilização que reuniu 10 mil estudantes. Então de fato tivemos uma participação massiva, o que mostra que essa pauta tem apelo junto aos estudantes e que eles estão dispostos a se mobilizar e lutar por essa questão da educação.
Portal CTB: A presidenta Dilma Rousseff afirmou, em visita ao Amazonas, que aquela era a terceira vez que havia recebido o documento com as bandeiras de luta do movimento. Qual a importância desse movimento, em diversos estados da federação, para os avanços da luta dos movimentos estudantis?
É fundamental. Nós somos daqueles que achamos que as mudanças importantes só acontecem com mobilização, por meio de uma sociedade organizada que exerce pressão e reivindica as bandeiras que acredita serem justas. Então as mudanças, sejam na educação ou nos direitos dos trabalhadores (as) só acontecerão com mobilização e pressão social. Por isso que acreditamos que essa jornada é um passo decisivo nessa campanha que estamos desenvolvendo. Esse foi só o inicio, pois pretendemos realizar outros atos ao longo desse semestre todo, enquanto o debate esta no Congresso Nacional para que avancemos em melhorias que defendemos para a educação brasileira.
Portal CTB: No último dia 24 a já tradicional Jornada de Luta dos estudantes brasileiros deu um importante passo ao se reunir com a presidenta Dilma. O que esse encontro representou para o movimento?
Ficamos satisfeitos por dois aspectos, primeiro pelo gesto da presidenta de receber uma comissão de manifestantes, isso de fato demonstra que Dilma, nesse inicio de mandato, pretende ter um diálogo de respeito com o movimento social e com os estudantes.
O outro aspecto se refere ao conteúdo da nossa audiência. Durante o encontro conseguimos apresentar nossas reivindicações e a presidenta se mostrou muito sensível em relação ao tema. Ela afirmou, categoricamente, que sabe que para o Brasil ser uma sociedade mais desenvolvida e justa a educação é fundamental, além de se mostrar favorável as bandeiras que ampliam o financiamento da educação e muito simpática com relação a pauta dos 50% do pré-sal para a educação.
Portal CTB: Como o foco foi direcionado ao percentual do PIB, para investimento em educação, e o corte de 50 bilhões em investimentos, qual o posicionamento de Dilma?
Veja bem, levamos preocupação em relação ao corte para que não impacte o processo de expansão das nossas universidades federais, a presidenta se comprometeu a analisar a questão e garantiu que não acontecerá nenhum impeditivo a esse processo de expansão e ela se mostrou favorável a ideia de uma meta ousada de investimentos a educação.
Por Fábio Ramalho – Portal CTB
Nenhum comentário:
Postar um comentário