PERNAMBUCANOS DA UNE DÃO DICAS SOBRE RECIFE E OLINDA

Diretores pernambucanos da UNE contam o que os estudantes podem esperar das cidades sedes da 8ª Bienal

Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais, terra dos Mascates e das revoluções libertárias. Ou apenas “Pernambuco brasileiro”, como balbuciava Manuel Bandeira. O importante é que em janeiro esse será o destino de dez mil jovens, prontos para calibrar as energias em mais uma etapa da luta estudantil brasileira no ano de 2013.

Pernambuco é terra de Lampião, Lula e Suassuna. Do baião de Luiz Gonzaga, das esculturas e formas de Francisco Brennand, do mangue beat de Chico Science e de tantas outras gentes. De geração em geração, a valorização da arte regional faz com que o estado seja referência para o mundo com seus sons, cores e sabores. Pernambuco é um caldeirão cultural e não faltam lugares que evidenciam toda essa riqueza. 

Por isso, o site da UNE conversou com diretores oriundos da região para tentar entender, afinal, o que essa terrinha tem de especial. Além disso, os diretores elencaram alguns lugares apontados como fundamentais para uma visitinha durante a temporada do Coneb e da Bienal, em Recife e Olinda, entre os dias 18 e 26 de janeiro. Confira abaixo: 

Pernambuco por Virginia Barros, diretora de comunicação da UNE

Pernambuco representa, pessoalmente, minha casa, o lugar para onde eu sempre quero voltar. É um estado com características culturais e econômicas bem diversificadas. Nasci em Garanhuns, no Agreste, e me mudei para Recife no começo da adolescência. São realidades bem diferentes, a do interior e da capital – e isso é uma das coisas que torna o estado fascinante. No interior predominam as festas juninas; na capital, o carnaval; em um se come muita carne de bode; no outro, muito peixe; no interior se valoriza as mesas na calçada; na capital, diversão barata é a praia. 

É a mistura de um povo simples, acolhedor e alegre. O fundamental é que conhecer Pernambuco pode significar para muitos uma ampliação de seus horizontes,  uma maior compreensão do que é o Brasil. É um estado que sintetiza muitas características importantes do povo brasileiro: as lutas libertárias, a resistência sertaneja aos períodos de seca, a poesia de Manoel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, o expressivo desenvolvimento econômico que o estado vive hoje. Não dá pra contar a história do Brasil sem dedicar um capitulo extenso à Pernambuco. 

Recife e Olinda são cidades irmãs, mas bem diferentes. Uma tem cara de metrópole, a outra tem um jeito mais provinciano. Em ambas, entretanto, o lugar que eu mais gosto de estar são em seus respectivos centros históricos, principais espaços das festas populares e onde a bohemia é sempre garantida! 

Pernambuco por Ângelo Ranieri, 2º vice-presidente da UNE

Pernambuco representa uma terra de povo guerreiro , que desde colônia soube lutar pelos direitos e pela liberdade. Esse espírito permanece vivo ate hoje. Tenho orgulho desse estado, desse povo e de ter nascido nessa terra.

Os estudantes podem esperar  por um povo muito acolhedor. Tenho certeza que Recife e Olinda vão parar pra receber essa Bienal! 

Além de ser uma terra com um conteúdo histórico impressionante e praias belíssimas, gosto muito de alguns ambientes específicos. Em Recife gosto muito do “Conxitas Bar”, local novo , com música boa e um ambiente agradável pra tomar umas “geladas”. Mas, também não rejeito uma terça do vinil na Fábrica, bar muito massa em Olinda, ambiente  muito bom também pra um bom bate papo e descontração. 

Pernambuco por Yuri Pires, 1º vice-presidente UNE

Pernambuco para mim representa a história de um povo em luta por uma vida digna. Desde os mascates revoltosos, as mulheres de Tejucupapo, os praieiros revolucionários e as insurreições de 1824, da confederação do Equador, contra a escravidão. Pernambuco me lembra a juventude em luta contra a privatização da educação nos tempos de Jarbas Vasconcelos e contra a precarização das escolas nos idos atuais de Eduardo Campos.

Pernambuco me lembra o sertão onde passava férias na infância. E hoje, me chega a notícia de mais uma seca e de mais gente que míngua por falta de água e de fertilidade. Os anos se passam e a seca, esse fenômeno conhecido e previsível, contínua afligindo o povo pobre do nordeste brasileiro, por falta de atenção e interesse do Estado. E quando o povo luta, Pernambuco me lembra essa palavra de maneira muita especial: a perseguição. Luiz Gonzaga musicou a poesia de Patativa do Assaré retratando essa realidade. Ficou lindo. Chama-se “A Triste Partida”. 

  Pernambuco, sobretudo, me lembra seus poetas e cantores – ou cantadores. Alceu Valença, Ascenso Ferreira, Carlos Pena Filho, Chico Science, Dedé Monteiro, Geraldo Azevedo, Gonzagão, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Cardoso,  Jorge de Altinho, Lenine, Lourival Batista (O Louro do Pajeú), Manuel Bandeira, Petrúcio Amorim, Rogaciano Leite, Silvério Pessoa, Solano Trindade, Zé Dantas. A lista é grande, e com certeza devo estar cometendo injustiça com alguém. 

Não conseguiria eleger um melhor lugar de Recife. Direi três, não em ordem: Forte do Brum, Sinagoga Kahal Zur Israel (a primeira sinagoga das Américas) e o Engenho Massangana, que fica fora de Recife, no caminho para o Cabo de Sto. Agostinho, mas é um retrato (quase) fiel da vida num engenho. Há muitos outros locais, mas se eu não conhecesse o estado e quisesse conhecer, escolheria esses.

Pernambuco por Rafael Buda, coordenador do CUCA da UNE

O próprio nome do nosso estado já demonstra sua diversidade: são 10 letras que não se repetem, e que em toda sua história e regiões (metropolitana, zona da mata, agreste e sertão) possuem elementos para formar um grande baluarte cultural. Uma terra símbolo de resistência e marcada sempre com o sinônimo de liberdade. Acredito que força, fé e determinação são palavras que representam muito nosso estado.

Os estudantes vão conhecer uma cidade com muitas questões históricas, por ser uma das primeiras capitanias do país desde o período colonial. Em muitos lugares, a arquitetura antiga contrasta com o que há de mais moderno. Pontes, Ladeiras, Parques, e o Oceano Atlântico lambendo os arrecifes fazem partes de imagens inesquecíveis para todos os gostos e apreciadores de cidades que que sempre estão a frente do seu tempo, como já dizia o poeta Chico Science: Pernambuco um Satélite na Cabeça! 

Mas, eu gosto muito da parte histórica das duas cidades. O Recife Antigo e o Sitio Histórico de Olinda são dois locais fantásticos de se conhecer e vivenciar muitas coisas interessantes.

Patrícia Blumberg-UNE