Ato foi o maior já realizado contra reestruturação da rede estadual de escolas em SP
por Sara Puerta.
Mais de 50 mil pessoas se concentraram no MASP e fecharam a Avenida Paulista, no maior ato já realizado contra reestruturação da rede estadual de ensino, e que até agora já anunciou o fechamento de 94 escolas e diversas salas do período noturno, em todo o estado de São Paulo.
O ato marcou o lançamento do movimento “ Grito pela Educação Pública de Qualidade”, que é composto pela APEOESP (Associação dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo), CUT, Central de Movimentos Populares (CMP), MTST ( Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e as entidades do movimento estudantil, UBES, UPES, UEE-SP e UNE.
Maria Izabel Noronha, presidenta da APEOESP, contou que o movimento unificado é um sonho antigo da Associação e só foi possível com a construção conjunta com as outras organizações. “O MST ofereceu total apoio para a luta pela educação. Construir manifestações, greves e fechar estradas para conscientizar sobre a importância dessa mobilização”, contou Bebel.
Gilmar Moura, do MST, acrescentou que a educação é um direito, e com a sua negligência torna-se um problema de todos também. “ Não podemos admitir o fechamento de escolas na capital, no interior e no campo.E devemos ampliar o movimento para além desse final de ano, quando começar as aulas também”, disse.
Angela Meyer, presidenta da UPES, acrescentou que se confirmar a situação, o movimento estudantil irá ocupar as 94 escolas fechadas no ano que vem. “A ideia é criar um movimento em defesa da educação, com os trabalhadores e seus filhos em uma luta unificada contra os muitos problemas que temos. Não se trata só de combater a reorganização ou o Plano Estadual da Educação, mas de exigir educação de qualidade”, defendendo a criação do ” Grito pela Educação”.
Gabrielle Van Pelt , diretora regional da UEE –SP, de Ribeirão Preto, reafirmou a posição da entidade contra a reorganização da escolas e lembrou do “desmonte” na educação gerado pelo governo estadual. “Esse sucateamento acontece em todos os níveis de ensino, do básico ao superior. Os jovens que cursam o ensino público dificilmente conseguem ter acesso à universidade pública, que também sofre com cada vez menos investimentos”.
Os manifestantes seguiram do Masp para Praça da República, fechando a Rua da Consolação no sentido centro. Nos prédios, nos ônibus, táxis, houve apoio total das pessoas contra o fechamento das escolas, que aplaudiram a manifestação e gritavam palavras de ordem.
Roberto Guido, secretário de comunicações da APEOESP , lembrou da recente lei aprovada antiterrorismo, a PL 2016/15 – que também tende a criminalizar as mobilizações sociais. “ Nossa manifestação não é crime, o que é um ato criminoso é fechar mais de 90 escolas. Se fosse uma apenas, já era motivo para a prisão do secretario e toda sua equipe “, afirmou.
Já em frente ao prédio da Secretaria Estadual De Educação, na República, foi realizado um ato político e anunciada uma nova assembleia e manifestação – incluindo um acampamento – em frente ao Palácio do Bandeirantes, sede do governo, no dia 10.11.
DE TODO O ESTADO
Para além de diversas escolas da capital presentes com faixas e cartazes, também havia caravanas e grupos de outras cidades do estado, construindo o movimento.
Aline Vieira Santos, é estudante de Osasco, e afirma que na cidade da Grande São Paulo serão fechadas duas escolas e com isso todo a comunidade será afetada. “ Diversas mobilizações já aconteceram na cidade e agora com o anúncio oficial novas serão marcadas”, disse.
Para Rita Leite Diniz, professora do ensino fundamental da cidade de Salto, a 100 km de distância da capital, que está na rede há 29 anos, se anuncia o mesmo cenário de 1995, quando professores foram despejados de suas escolas, e não sabiam para onde ir. Na época, ela conta, foram mais de quatros meses de mobilização, porém não impediu que o plano do governo fosse executado.
“ Só em Salto, ficamos sabendo já de 5 períodos noturnos que serão fechados, e ninguém sabe o destino dos professores e estudantes. Sabemos que a história de transferência de até 1,5 km da casa é mentira, que colocarão estudantes para unidades distantes, que não há nem transporte público para chegar”, contou.
Rafael Isaias, é estudante do ensino médio de Campinas, e foi anunciado o fechamento da sua escola – a Sebastião Ramos Nogueira – na lista divulgada essa semana pela Secretaria, e fala da falta de transparência e insegurança que vivem os alunos e professores.
“Não sabemos de nenhuma possibilidade ainda. E o que nos revolta que toda a comunidade dos pais, professores e estudantes será afetada, além da escola ter boa estrutura que atende toda a região”, disse Isaias. Segundo informações dasecretaria, essa unidade será destinada para a prefeitura ou para o Centro Paula Souza, informação que é desmentidade pela APEOESP, uma vez que sabe-se que existem cortes de turmas nas ETEC´s e FATEC`s para o próximo ano, ou seja , não há investimentos previstos para ensino técnico e tecnológico.
Fonte: UNE
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