Marcha acontecerá no próximo dia 18, dois dias antes do dia da Consciência Negra
Por Cristiane Tada
Na próxima quarta-feira (18) dois dias antes da comemoração do dia da Consciência Negra, acontecerá em Brasília, pela primeira vez no Brasil a marcha das Mulheres Negras. O ato político vai reunir mulheres de todo o Brasil, trabalhadoras, camponesas, quilombolas, algumas organizadas em coletivos, movimentos negros, feministas, que vão manifestar o orgulho da sua cor e representar a voz das 54,9 milhões de brasileiras que se declararam pretas ou pardas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2014).
A caminhada sairá do Estádio Nilson Nelson a partir das 9h da manhã e vai até a Explanada dos Ministérios. Vão acontecer atos culturais, rodas de conversas, shows e diversas atividades. Consulte a programação completa aqui .
Para a diretora de Mulheres da UNE, Bruna Rocha, é fundamental a organização da mulher negra, sujeito político mais potente e resistente e que passa pelas opressões mais profundas no Brasil.
“Esse momento de mobilização é muito significativo, acreditamos que já vimos de um ciclo de atividades muito bem sucedidos organizado por mulheres, como a Marcha das Margaridas que tinha grande protagonismo das mulheres negras também , a marcha do Empoderamento Crespo em Salvador, a marcha do Orgulho Crespo em São Paulo, e toda essa primavera das mulheres contra o PL5069”, afirma.
Para ela apesar do acirramento das pautas que retiram direitos das mulheres a conjuntura de mobilização tem sido muito positiva.
“Se nós mulheres conseguirmos dar o tom das lutas dessa primavera vamos abrir alas para um verão de muitas conquistas e sem dúvida alguma a marcha é um encerramento glorioso para este ciclo que acredito que será muito impactante e um novo marco para a organização das mulheres negras no Brasil”, afirmou ela.
PERFIL DAS VÍTIMAS: DEZOITO ANOS DE IDADE E NEGRA
O Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil analisou dados oficiais nacionais, estaduais e municipais sobre óbitos femininos no Brasil entre 1980 e 2013. E o perfil das mulheres que morrem no país é amedrontador para as jovens negras.
Em relação aos dados totais da pesquisa, o estudo revela que entre os anos de 2003 e 2013 foram mortas 46.186 mulheres. Desse total, 25.637 eram negras, ou 55%. As mulheres brancas assassinadas no período foram 17,5 mil, ou 37% do total.
Enquanto o número de mortes de mulheres brancas caiu quase 10% entre 2003 e 2013 (de 1747 para 1576), os casos de mulheres negras saltaram mais de 54% no mesmo período, passando de 1864 para 2875.
Em 2013, no último ano levado em conta pelo estudo, o maior índice de mortes registrado foi entre mulheres de 18 anos: 3,6% dos 4.762 dos óbitos (168 mulheres). Além disso, os índices mostras que 31,2% dos homicídios aconteceram na rua e 27,1%, no domicílio.
Fonte: UNE
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