Rachel Clemens,5, se recusa a cumprimentar Figueredo
Após quase 32 anos, veio a público a identidade de uma menina de cinco anos que virou símbolo da insatisfação com o regime militar (1964-1985) após ser fotografada rejeitando o cumprimento do então presidente João Figueiredo (1979-1985).
A informação foi veiculada no "Jornal da Globo", da TV Globo, na última sexta. O registro foi feito em 1979 pelo fotógrafo Guinaldo Nicolaevsky durante uma cerimônia no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte.
Na foto, a garota Rachel Clemens aparece de braços cruzados enquanto o ex-presidente tenta cumprimentá-la com um aperto de mão.
A Folha deixou um recado para Clemens, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Em seu blog pessoal, ela conta que não cumprimentou Figueiredo porque não queria fazer algo "obrigada", já que as pessoas ao seu redor insistiram para que ela o cumprimentasse.
Apesar de seu relato desmistificar o simbolismo da foto, ela escreveu que ficou "orgulhosa por ter servido de alento para tantos brasileiros" e para "crianças que queriam estar no meu lugar por seus pais estarem presos [pela ditadura militar]".
Ela conta ainda que só percebeu que a foto era famosa em 1986, durante uma aula de história no colégio. Clemens passou a tentar encontrar o fotógrafo, sem sucesso.
Em 2008, amigos de Nicolaevsky fizeram uma campanha em blogs e sites para tentar descobrir a identidade da garota, mas ele morreu no mesmo ano sem conhecê-la.
Para a filha dele, Bertha Nicolaevsky, o verdadeiro motivo do não cumprimento não diminui a importância histórica da foto.
"Era uma garotinha, que não sabia nada sobre política, obviamente. Mas a imagem, no contexto político da época, significava uma rebeldia contra a ditadura, era um sentimento da época", disse.
Segundo ela, o pai morava no Rio de Janeiro, mas se mudou para Belo Horizonte porque foi perseguido em razão da militância no PCB (Partido Comunista Brasileiro).
"Ele se mudou por causa da repressão. Por isso, aquela foto representava o que ele pensava, era um repúdio à perseguição política", disse.
Folha de São Paulo-13/06/2011.
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