Universidade só melhora se país fortalecer ensino básico.
Conclusão unânime é dos participantes de debate na Comissão de Educação, que também reivindicaram a reserva de 10% dos recursos públicos para o setor.
Ana Amélia (3ª à esq.) mediou o debate ontem na CE: cobrança de políticas públicas mais claras para a educação |
Reunidos para discutir o futuro do ensino superior, os participantes de audiência pública realizada ontem pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) concordaram em um ponto: para que o país tenha melhores faculdades e universidades, precisa fortalecer o ensino básico. Ao debater as metas do 2º Plano Nacional de Educação (PNE), atualmente em discussão na Câmara, eles defenderam ainda a ampliação dos investimentos gerais em educação no país, de 7% para 10% do produto interno bruto (PIB), até 2020.
— O grande gargalo do ensino superior está no ensino básico. Nós corremos o risco de sofrer um apagão de capital humano e precisamos estabelecer um projeto para o Brasil para os próximos 50 anos — afirmou o professor Isaac Roitman, membro da Academia Brasileira de Ciências, para quem o país precisa estabelecer políticas públicas para a educação desde a faixa de zero a três anos de idade.
Sugestões
O presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), Paulo Speller, apresentou três sugestões para o debate do PNE. A primeira é o investimento na qualidade da educação básica, para que se possa cumprir a meta número 12 do plano, segundo a qual a educação superior deveria alcançar 33% da população de 18 a 24 anos até o final da década. A segunda é a reivindicação de 10% do PIB para o setor. E a terceira, a transformação da educação em "política prioritária do Estado".
O índice de 10% do PIB para a educação também foi defendido por Celso Frauches, consultor educacional da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior. Em sua opinião, o obstáculo para a expansão do ensino superior no país não é a falta de vagas. No ano passado, relatou, havia 40 mil vagas ociosas nas universidades públicas e 1,5 milhão nas instituições privadas.
— Os problemas estão na formação básica dos alunos e, no caso do ensino privado, na falta de capacidade de pagamento das mensalidades — disse Frauches, que defendeu a adoção pelo país de um sistema único de educação básica, nos mesmos moldes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Assim como os demais expositores, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Alvaro Prata, pediu 10% do PIB para a educação e manifestou sua preocupação com o ensino básico. Além disso, ele criticou a forte concentração de alunos do ensino superior em apenas três cursos: Administração, Direito e Pedagogia. O reitor pediu maior ênfase na ampliação da competitividade tecnológica do país.
Patentes
O aumento dos investimentos em ciência e tecnologia foi também defendido pela presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, Elisangela Lizardo, como forma de ampliar a possibilidade de produção de riqueza no Brasil. Atualmente, como observou, o país produz apenas 2% das patentes mundiais.
A senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidiu a reunião, ressaltou a coincidência dos participantes da audiência em relação à "constatação grave sobre o gargalo do ensino básico". Por sua vez, a senadora Ana Rita (PT-ES) demonstrou preocupação com a deficiência de professores nas universidades públicas.
Fonte: Jornal do Senado.
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