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quinta-feira, 16 de junho de 2011

UMA NOVA UNIVERSIDADE PARA UM NOVO PERNAMBUCO

Pernambuco vive um momento especial de sua história: se a economia do Brasil cresce, a do estado cresce acima da média nacional. Por essas e outras, há quem considere Pernambuco, hoje, a “locomotiva” do desenvolvimento do país. Para se ter ideia, enquanto o PIB brasileiro estagnou em 2009 e cresceu 7,5% em 2010, o PIB pernambucano registrou, no mesmo período, crescimento de 3,8% e 9,3%, respectivamente. Fruto de medidas desenvolvimentistas adotadas pelo governo em âmbito estadual e federal, o que se observa é que, passados quase 500 anos de sua história econômica, hoje Pernambuco vive a transição de uma economia essencialmente agrária para uma economia industrial.

Cabe, então, aos estudantes e a todos que de alguma maneira se interessam pelo debate educacional, refletirem sobre o que isso representa em termos de desafios para a educação superior pernambucana. Afinal, os graves problemas da educação brasileira são antigos e carecem de medidas ousadas e definitivas para a superação das velhas marcas de exclusão social e baixa qualidade.

O estado possui hoje três universidades federais, uma estadual, treze autarquias municipais de ensino superior, dois institutos federais de ensino técnico e tecnólogo e algumas dúzias de faculdades privadas. Não obstante as peculiaridades de cada uma dessas instituições, o fato é que a universidade pernambucana, em conjunto, ainda está bastante aquém dos desafios apresentados para o desenvolvimento regional. As novas relações de produção tornam o conhecimento científico-tecnológico um capital cada vez mais disputado, logo, é necessária uma educação que forme cidadãos conscientes de seu papel e competentes para agir sobre as demandas de uma nova sociedade.

A expansão de vagas, com foco na interiorização do ensino superior federal, permitiu nos últimos anos que a produção do conhecimento fosse descentralizada da RMR. Entretanto, a maior parte dos jovens pernambucanos continua fora das salas de aula e, muitas vezes, quando finalmente conseguem transpor a barreira do vestibular, se deparam com uma realidade que não lhe oferece condições adequadas para formação. Na maioria das instituições de ensino superior a pesquisa e a extensão são quase inexistentes, não há políticas de assistência estudantil e poucos professores possuem títulos de mestres ou doutores ou trabalham em regime de dedicação exclusiva.

Tome-se como exemplo a Universidade de Pernambuco, única instituição estadual, onde apenas uma área do conhecimento, Odontologia, possui programa de doutorado. Ou mesmo as autarquias municipais, que concentram prioritariamente os cursos de licenciaturas, mas não conseguem apresentar soluções para os gargalos da educação básica. Para que Pernambuco se desenvolva plenamente, é preciso investir pesadamente nestas instituições, ampliando vagas e fortalecendo o tripé ensino, pesquisa e extensão.

A educação deve ser entendida como um fator decisivo na evolução da sociedade. Ela se relaciona com o ritmo de produção e crescimento do PIB e com a distribuição de renda entre a população. Isso não significa atribuir ao ensino superior uma visão meramente utilitarista, pelo contrário: a formação humanística do trabalhador deve se somar às habilidades técnicas assimiladas ao longo do curso. É preciso, portanto, investir na interdisciplinaridade, na qualidade da educação, na igualdade de condições entre homens e mulheres estudantes e na politização da universidade, que deve ser reconhecida como um espaço de profusão de idéias que ora se contradizem, ora se complementam na busca de uma compreensão global da sociedade.

Ciente dos desafios, os estudantes debaterão estes e outros temas no 38° Congresso da União dos Estudantes de Pernambuco, que se realizará entre os dias 17 e 19 de junho, em Caruaru. O tema “Um novo Pernambuco, uma nova Universidade” se relaciona justamente com este imperativo: construir uma educação superior que se volte para o desenvolvimento humano, social e econômico do estado e consiga dar respostas aos diversos desafios de nossa geração. Mais uma vez, portanto, a juventude sai na frente e mostra a responsabilidade que tem com a história de nosso país. A luta dos estudantes pela universalização de uma educação pública, gratuita e de qualidade é a luta de todo o povo brasileiro - está em sintonia com a necessidade de construção de uma sociedade sem desigualdades e sem opressões

Virgínia Barros é estudante de Direito e Economia e presidente da União dos Estudantes de Pernambuco.
Fonte: UNE.

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