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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Vice-Presidenta da UNE tem trabalho reconhecido por coletivo feminista

Moara Correa é uma das mulheres inspiradoras de 2015 segundo coletivo Think Olga
Por Cristiane Tada
A vice-presidenta da UNE, estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Moara Correa, teve seu nome reconhecido na lista – divulgada no dia 27 – de mulheres inspiradoras de 2015 do coletivo feminista Think Olga na categoria Blogs e Comunicação.
Moara é a primeira mulher negra a chegar à vice-presidência da União Nacional dos Estudantes desde a ditadura militar,  bem como é militante do Coletivo Enegrecer, organização do movimento negro que tem origem na militância estudantil. Ela mantém a página Nem Tenta Argumentar, que procura visibilizar o racismo no Brasil e convida as pessoas brancas a demandar representatividade negra em palestras, eventos, painéis e debates.
O projeto se espelha na campanha #nãotemconversa.
“Sempre estivemos nos espaços de militância mista onde é alarmante a falta de representação negra nos processos de formação e direção. Isso sempre gerou um incomodo e foi definidor para o nosso processo de auto-organização”, afirmou Moara.
O projeto é tocado pela vice-presidenta da UNE e pelo estudante Cledisson Junior que já foi diretor de Combate ao Racismo da UNE e foi também membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR).
Lançada no dia 25 de junho deste ano a comunidade no facebook tem mais de 13 mil curtidas.
Eles explicam que começaram com um projeto despretensioso mais rico em em esperança. “Até aqui acumulamos importantes relações, frequentadores da página compartilham suas impressões e tem nos incentivado a continuar com o projeto. Avaliamos que precisamos agregar mais atores, militantes, movimentos e assim chegar em mais lugares e pessoas”, afirmam.
Falando especificamente da inclusão de mulheres negras nos debates Moara ressalta que o seu grande desafio, enquanto mulher negra “é de convencer as nossas companheiras brancas dos privilégios que elas usufruem pelos simples fato de serem brancas em uma sociedade como a brasileira e que construir a solidariedade entre as mulheres significa, também, ceder espaços e desconstruir esses privilégios”.

MULHERES INSPIRADORAS DE 2015

De acordo com a ONG não se trata de uma premiação, tampouco de uma lista definitiva, mas sim uma referência geral de histórias e trabalhos femininos que se destacaram durante o ano e fizeram este grande 2015 eternizado como o ano da Primavera Feminista. Entraram na lista ainda nomes como Anna Muylaert, diretora do premiado “Que Horas Ela Volta?”, candidato brasileiro ao Oscar 2016; a atriz Taís Araújo, que não se deixou intimidar quando foi vítima de racismo nas redes sociais, denunciando seus agressores; a youtuber Jout Jout que usou seu canal para falar de violência feminina de forma empoderadora, entre muitas outras. Veja a lista completa aqui.
Apesar das diversas tentativas de retrocesso político e retirada de direitos o feminismo definitivamente entrou para a discussão pública brasileira.
O Exame Nacional do Ensino Médio pautou o tema em outubro deste ano, citando Simone de Beauvoir e o movimento feminista. Pelo país todo milhares de mulheres gritaram “Fora, Cunha!” pelo direito aos seus corpos contra a PL 5069 do presidente da Câmara dos Deputados que proíbe o aborto e a pílula do dia seguinte em caso de violência sexual.
Em Brasília as mulheres negras invadiram as ruas da capital federal marchando contra o racismo. Além disso as hashtags #primeiroassédio, #meuamigosecreto, #agoraéquesãoelas inundaram a internet com denúncias de abusos que as mulheres lidam no cotidiano. Toda essa visibilidade contribuíram para que número de relatos de violência contra a mulher pelo disque 180 ser 40% maior de Janeiro a Outubro deste ano comparado com o mesmo período do ano passado.
“Ocupar as ruas e as redes é fundamental para construirmos nossas próprias narrativas. Foi um ano que ocupamos as ruas para dar visibilidade às nossas lutas e as redes para dar voz as diversas mulheres. Somos dezenas, milhares de meninas e mulheres em todo país tentando dar visibilidade para nossas pautas e construindo o protagonismos das mulheres. Construindo nossas próprias narrativas. Inundaremos as redes com nossas histórias, um exemplo disso são as campanhas : #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto”, destacou
E foi taxativa: “ aos privilegiados e opressores de plantão: Nem Tenta Argumentar”
Fonte: UNE

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