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quinta-feira, 24 de março de 2016

7º EME marca 13 anos da Diretoria de Mulheres da UNE

Em 2016 a 7ª edição do encontro que começa nesta sexta-feira (25/3) e vai até dia (27) vai coroar o Encontro de Mulheres da UNE como um dos principais fóruns da entidade
Nos últimos 13 anos, a organização das mulheres estudantes a partir da diretoria de Mulheres da UNE tem se ampliado e provocado alterações no interior da entidade.  Desde 2003 a diretoria se tornou um instrumento de auto-organização das mulheres estudantes. No momento em que prevalecia o discurso triunfalista que afirma que as mulheres chegaram ao “seu lugar”, as mulheres estudantes se organizaram para evidenciar a presença do machismo na universidade.
Em 2004, fruto da reação das estudantes ao machismo presente em diversos espaços do movimento estudantil, as mulheres se organizaram para que a UNE aprovasse a realização de um Encontro de Mulheres Estudantes (EME). Deste então, os EMEs tem se constituído como um instrumento de organização da ação feminista nas universidades, parte de um processo permanente de construção do feminismo pelas estudantes, que discute, propõe e encaminha políticas de combate à desigualdade.
Este ano, a sétima edição do encontro que começa nesta quinta-feira (25/3) e vai até dia (27) vai coroar o Encontro de Mulheres da UNE como um dos principais fóruns da entidade com a participação de mais de 2 mil estudantes. Diante de uma conjuntura de democracia ameaçada, “A Cultura Feminista mudando o Brasil”, tema do evento, vai reafirmar a força  e a centralidade das mulheres na construção de um Brasil e um mundo mais justo.

1º EME EM 2005

O 1º EME da UNE, em São Paulo em 2005, foi uma iniciativa das estudantes que se organizaram de coletivamente para dar resposta ao machismo dentro da universidade e dentro do movimento estudantil. Cerca de 160 mulheres participaram deste Encontro, que foi importante para a identificação dos diversos instrumentos do machismo, e que teve como principais resultados a afirmação da auto- organização das mulheres, a criação de uma série de coletivos de mulheres estudantes nas universidades e a identificação das estudantes com o movimento feminista. O I EME foi realizado nas vésperas do dia 8 de março de 2005, e as estudantes puderam participar da manifestação nacional, com mais de 30 mil mulheres nas ruas de São Paulo.

2º EME EM 2007

O 2º EME, no Rio de Janeiro, em 2007, foi quase três vezes maior, resultado da ação permanente dos coletivos feministas, que tiveram capacidade de organizar delegações de todas as regiões do país. As oficinas foram espaços para trocar experiências entre os coletivos, como a confecção de zines, as batucadas e as ações diretas. Neste encontro, as estudantes se posicionaram frente a uma das principais agendas políticas do feminismo e aprovaram a Campanha da UNE pela Legalização do Aborto, que marcou a gestão de 2007 a 2009. Nesta mesma gestão, a diretoria de mulheres também tornou esse um debate prioritário durante a Caravana da Saúde da UNE, espaço privilegiado para o debate nas universidades.

3º EME EM 2009

O 3º EME, em 2009, em Belo Horizonte, teve como mote “As mulheres transformando a universidade” e aprofundou os debates, contribuindo para avançar na elaboração sobre a universidade em uma perspectiva feminista. Essa campanha propôs o debate das diferentes faces do machismo e da opressão dentro da universidade; a necessidade de políticas de assistência estudantil para as estudantes; a crítica à educação que reproduz a opressão e a desigualdade; as pesquisas que não servem aos interesses da população, e as- sim das mulheres, mas aos interesses do capital; além de debater o machismo no movimento estudantil e os espaços de poder nas instituições de ensino. As estudantes aprovaram um documento que estabelece um método para que a entidade trate os casos de violência sexista, que infelizmente ainda são frequentes no movimento estudantil.

4º EME EM 2011

O 4º EME foi realizado, em Salvador, entre os dias 21 a 24 de abril, reuniu cerca de 700 mulheres estudantes de todo o Brasil, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), campus Ondina. Com a temática “Ô abre alas que as mulheres vão passar”, o 4º EME tratou das históricas bandeiras de luta do movimento estudantil tendo sempre enfoque nas lutas das mulheres. Dentre os temas importantes se destacaram a assistência estudantil, aborto e a inserção das mulheres na política.

Reunidas em Salvador as estudantes aprovaram a incorporação do debate da reforma política entre suas principais tarefas além da luta por creches universitárias em tempo integral, nossa construção pelo feminismo antirracista, o cumprimento de 30% de cotas para as mulheres na diretoria executiva e no pleno da entidade e a continuidade e aprofundamento da luta pela legalização do aborto.

5º EME EM 2013

O 5º EME foi realizado em Camaçari, na Bahia, entre os dias 29 e 31 de Março de 2013. Ao reconhecerem a trajetória de mulheres na UNE, que abriram muitas portas e apontaram muitos caminhos, o EME de 2013 teve o papel de dar continuidade as nossas lutas e lançar novos desafios. Portanto, pela nossa caminhada de luta e perspectiva de construir maiores avanços, o V EME reafirmou a luta da UNE pela igualdade, a luta feminista e declarou em alto e bom som que, para mudar a universidade: #SomosTodasFeministas. Nesse encontro as mulheres da UNE enraizaram nossas campanhas periódicas: “pelo fim dos trotes machistas” , “pela criação de creches” e reafirmou a campanha pela legalização do aborto, iniciada na gestão de 2007.
Em Camaçari, as estudantes reforçaram o entendimento do machismo como um pilar que estrutura e organiza o neoliberalismo. Por isso, apontaram a construção do feminismo, a luta das mulheres pela igualdade, para mudar o sistema que vivemos. Meninas de todo país reunidas, levaram para casa a tarefa de protagonizar debates importantes na disputa de valores da juventude brasileira. Foi colocado também na agenda a luta a democratização da mídia, contra a mídia sexista e por uma reforma política que inclua verdadeiramente as mulheres. Outro ponto importante do 5º EME foi o aprofundamento das lutas das mulheres contra a mercantilização dos nossos corpo e vidas e a visibilidade da luta das mulheres negras. Esse EME ao aprofundar a luta contra o racismo construiu também novas agendas específicas sobre o tema.

6º EME EM 2015

O 6º EME da UNE realizado de 01 a 03 de maio 2015 celebrou 10 anos da diretoria de Mulheres da UNE em Curitiba no Paraná. As estudantes discutiram a necessidade de avançar ainda mais para dentro da própria UNE empoderando ainda mais mulheres nos espaços de decisão política da entidade. Por isso, reivindicaram a resolução estatutária de paridade de composição para a gestão, executiva e plena da UNE e apontaram também, a necessidade de construir esse orientação com sua rede de UEEs, DCEs, DAs e CAs. O encontro também discutiu a violência dentro as universidades desde os trotes machistas até o assédio em sala de aula e grupos de pesquisa. A luta por democracia contra retrocessos sociais também permeou os debates que refletiram como esses reveses podem ter efeitos perversos na vida das mulheres e na urgência pela reforma política para garantir uma representação feminina conectada com os anseios das feministas.
Os EMEs vêm se consolidando como um espaço importante para o fortalecimento da diretoria de Mulheres da UNE, com a definição coletiva de sua agenda e ações. Sua organização e realização expressa uma nova cultura política no movimento estudantil, baseada na construção de consensos entre o conjunto das estudantes presentes no encontro. A formação feminista e a elaboração de agendas comuns de luta fortalecem a intervenção das mulheres nos demais espaços da entidade, como os Congressos da UNE.
Além dos Encontros realizados a cada dois anos, as estudantes têm construído uma prática política de auto-organização em distintos espaços, através de plenárias de mulheres nos fóruns da entidade.
Estes processos têm contribuído para constituir as mulheres estudantes como um sujeito coletivo, afirmando o feminismo como agenda permanente nas lutas estudantis.

Fonte: UNE

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