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terça-feira, 5 de abril de 2016

Precisamos falar sobre as mães estudantes

por Renata Bars Foto: Juliana Barros.
Recente episódio na UFRGS ressuscita o debate em torno de políticas de permanência na universidade
Ao levar a filha de 5 anos para a sala de aula, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, na última quinta-feira (31/3),a estudante de Letras Mariana Bitencourt nem imaginava que passaria por um grande constrangimento.
Coagida pela professora que questionava incessantemente a presença da criança na universidade, Mariana teve que se retirar da aula.
”Eu saí da sala, não podia mais continuar sendo humilhada e continuar deixando minha filha ser exposta daquela maneira”, relatou Mariana em sua página no Facebook.
Casos como esse trazem à tona a necessidade do debate em torno das mães estudantes. A lei nº 6.202, criada em 1975, garante o direito ao chamado regime domiciliar: a partir do oitavo mês de gestação, durante três meses, as estudantes podem compensar a ausência nas aulas com trabalhos feitos em casa. As creches universitárias, previstas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996 também são instrumento importante para amparar as mães estudantes. Contudo, nem todas as mulheres conseguem acesso ás vagas disponíveis.
”A realidade da minha cidade é a de município que mais falta vaga em creche pública no RS e do meu estado é de um dos que menos possui vaga em todo o Brasil. Qual a alternativa?”, questionou Mariana.

LUTA DA UNE

O fortalecimento do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) com a devida atenção aos recortes específicos, como a pauta das creches universitárias com mais vagas e tempo integral é luta da União Nacional dos Estudantes.
”Nós lutamos por uma reorganização da agenda das universidades que comporte a demanda das mulheres mães compreendendo as estudantes como sujeitos de direitos, que tem direito de estudar mesmo tendo filho. Nossas mulheres não podem continuar passando por essas situações abomináveis que apenas evidenciam o machismo institucional e sua negligência quanto às políticas de permanência para essas mães”, falou a diretora de mulheres da UNE, Bruna Rocha.
Em mais um relato pelo Facebook, Mariana falou sobre a necessidade da criação de mais creches universitárias.
”Queremos vagas em creches públicas pra todas, queremos que a instituição de ensino ofereça espaço para deixarmos nossas crianças, queremos estar inseridas na universidade e no mercado de trabalho sem sermos inutilizadas para além do espaço doméstico depois que nos tornamos mães”, desabafou.
Por meio da assessoria de imprensa, a UFRGS informou que a instituição está aguardando denúncia da estudante para dar encaminhamento ao processo disciplinar. Sobre a possibilidade de as mães levarem seus filhos para a sala de aula, a universidade informou não ter um posicionamento sobre o assunto.
Fonte: UNE

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