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sábado, 5 de novembro de 2016

Mais de 30 dias de ocupação: Estudantes contam por que ocupar é resistir

ocupações em todo brasil
Foto arquivo UBES
Secundaristas contam sobre o dia a dia da Primavera Secundarista que reúne mais de mil escolas no Brasil.
Dormir na escola, organizar toda a galera nos debates, dividir comissões que trabalharão na limpeza, na alimentação e na segurança do prédio são algumas das tarefas diárias dos secundaristas que, há mais de um mês, transformaram as salas de aula em um espaço de resistência às medidas de desmonte da educação.
A secundarista Eduarda Malaggi de apenas 16 anos, conta que ocupar a própria escola, a E.E. Costa Viana, em São José dos Pinhais, mudou sua rotina, a relação entre os estudantes e a própria noção de escola. Na contramão da MP 746, que retira a obrigatoriedade de disciplinas da grade curricular, como educação física, os jovens realizaram campeonato esportivo entre as instituições da cidade.
“Antes eu acordava cedo, vinha pra aula, trabalhava e ia para academia. Agora, durmo na ocupação e só saio para ir trabalhar. Meus pais me apoiaram desde o início, porque vir ocupar minha escola é resistir às propostas do governo. Mesmo passando frio, aprendemos a organizar nossas opiniões que tantas vezes são diferentes. Nós resistimos juntos”, diz Eduarda sobre as inúmeras vezes que houve troca de debates entre escolas – atividade que envolve mais de uma instituição de ensino nas discussões -.
Assim como acontece no movimento paranaense, em outros estados, as ocupações, que chegaram a mais de mil no Brasil, seguem mobilizadas desde o dia 22 de setembro, quando foi anunciada a Medida Provisória de “Deformação do Ensino Médio. Os estudantes protestam conta a MP 746, e também contra a PEC 241 e a Lei da Mordaça (Escola sem Partido).
Garantir a segurança sempre foi prioridade, mas o desafio de manter as refeições pediu estratégias criativas, como diz Brenda Lau, que cursa o 3º ano no Colégio Estadual do Espírito Santo. “Tudo se decide nas assembleias, democraticamente, porque dialogar é um dever. Nossa escola é a maior do estado e se tornou uma referência para as ocupações. Recebemos muita doação de comida e acabamos compartilhando para as outras escolas”, explica Brenda, que também é presidenta do grêmio estudantil de sua escola.
Momentos de medo e repressão são algumas das perseguições que aconteceram em Brasília, no Distrito Federal, onde a Justiça iniciou reintegração de posse, autorizando técnicas de tortura para forçar desocupações. Saiba mais aqui.
Entre as reivindicações, está a derrubada da PEC 241, agora 55, que congelará investimentos no setor nos próximos 20 anos, impedindo a implementação do PNE e a meta de atingir 10% do PIB para a educação
O estudante do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, na Asa Sul, Marcelo Acácio, passou momentos de muita repressão da polícia que invadiu sua escola. “Com uso de helicópteros, policiais desceram pela cobertura do prédio. Com o mandato de reintegração, desocupamos, mas nos dividimos para fortalecer as demais ocupações”, explicou Marcelo que seguiu para o Instituto Federal de Samambaia.
A Primavera Secundarista revela outro potencial dos estudantes: a capacidade de debater e propor um projeto de escola que dialogue com seus sonhos.
Em Minas Gerais, as ocupações se fortalecem como espaço de debate e disputa de ideias para esclarecer os impactos de projetos que afetam a democracia na sala de aula e os investimentos na área.
“Ocupar é a forma de reagir ao bombardeio de retrocessos propostos pelo governo de Michel Temer. Estamos promovendo debates e palestras, por uma escola mais democrática que apoia e debate temas como movimento estudantil, e uma escola que é a cara dos jovens do século XXI”, expõe Carolina, que ocupa seu colégio em Belo Horizonte (MG), o Estadual Central.
Diariamente, novas atividades fortalecem a Primavera Secundarista. Para saber mais, acesse aqui o facebook da UBES.
- Fonte: UBES

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