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quinta-feira, 19 de maio de 2011

MARIA DAS NEVES, EX-PRESIDENTE DA UEE-AM, FAZ BALANÇO DE SUA GESTÃO EM ENTREVISTA A ESTUDANTENET

Neste fim de semana, durante o 5º Congresso da UEE-AM, foi eleita a diretoria executiva da entidade.  Confira aqui os principais acontecimentos da gestão passada.
Depois de dois dias de discussões sobre os rumos do movimento estudantil amazonense e a realização do I Seminário de Meio Ambiente da União Nacional dos Estudantes (UNE), jovens de todo estado elegeram, durante a plenária final deste fim de semana, a nova diretoria executiva da União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE-AM).

Nos últimos quatro anos, quem esteve no comando era Maria das Neves, a primeira mulher a ser eleita e reeleita para presidir a UEE-AM. A ex-presidente conversou com o Estudantenet e fez um grande balanço de sua gestão. Confira abaixo a entrevista e conheça os principais acontecimentos da UEE-AM nos últimos anos.

Maria, como começou sua militância e quando foi eleita presidente da UEE-AM?

Comecei a militar ainda no movimento estudantil secundarista, o que me levou a presidir o Grêmio Estudantil do CEFET-AM. Fazia de tudo por lá: era do Grupo de Dança, do PIBICjr, fazia teatro e me apaixonei por história, curso que escolhi para prestar vestibular. Saí do ensino médio direto para universidade através do PSC (Processo Seletivo Continuo). Nos primeiros meses na Universidade Federal do Amazonas, participei da eleição para o DCE-UFAM, fui representante discente mais votada de História, e no ano seguinte fui eleita para a minha primeira gestão a frente da UEE-AM. Fui a primeira mulher a ser eleita e a primeira a ser reeleita para presidir a UEE-AM. Desde final de 2007, venho vivendo e aprendendo esta experiência com alegria, disposição e satisfação.

Como você enxerga a participação dos jovens amazonenses no movimento estudantil?

O Amazonas tem um histórico de muito protagonismo juvenil. Manaus, nossa capital, foi a primeira cidade a conquistar o meio passe do Brasil! Isso a partir da mobilização de rua dos estudantes tanto universitários quanto secundaristas. Essa geração que conquistou esta vitória hoje governa nosso Estado. Do governador ao secretários de Estado, passando por senadores. Todos lutaram no Movimento Estudantil. A nossa juventude nunca perde uma boa mobilização contra o aumento da tarifa do transporte coletivo ou em defesa do Passe-livre. Esse perfil de luta e combatividade vem se consolidando ao longo da história. Construímos grandes mobilizações de rua para as Jornadas de Lutas e somos referência de mobilização para a sociedade contra todo e qualquer tipo de ataque aos direitos da população. Isso nos impõe uma grande responsabilidade, pois cabe a nós a conseqüência das bandeiras de luta que apresentamos. Temos propostas para educação, cultura, meio ambiente, PPJ’S e transporte coletivo. Nós podemos e queremos fazer o Amazonas continuar avançando.

Este ano, a passeata pela Jornada de Lutas no Amazonas foi uma das mais expressivas. Sabendo de toda dificuldade que é militar em região com grandes "obstáculos" naturais , qual a avaliação que você tem sobre essa manifestação?

O movimento estudantil sempre caminha ao lado do povo. E a população em geral (pais, mães, trabalhadores, etc) reconhece isso e sempre atende ao nosso chamado de ir às ruas. O povo sabe que o Brasil mudou. E não temos tempo para olhar para trás. Não aceitamos calados retrocessos de direitos conquistados. Os estudantes querem direitos a mais e não direitos a menos. Uma bandeira justa é sinônimo de mobilização, gente na rua! De 50% do Fundo do Pré-Sal para a Educação, 10% do PIB para Educação, Passe-Livre ou Combate ao aumento da tarifa, o que os estudantes e povo brasileiro querem é seguir no rumo das mudanças.

Quais foram as principais bandeiras que a UEE-AM defendeu ao longo desses dois últimos anos?

A UEE-AM pautou como plano fundamental a luta contra o aumento da tarifa do transporte coletivo, na defesa da meia-passagem e na luta pelo PASSE-LIVRE. Destacamo-nos como principais interlocutores desta pauta na cidade de Manaus, conquistando o reconhecimento da população, da imprensa local e das autoridades. As bandeiras nacionais, 50% do Fundo Social do Pré-Sal e 10% do PIB para Educação tiveram grande repercussão e conquistaram corações e mentes dos amazonenses. Mas, sempre fomos solidários às lutas de outros segmentos, como o Movimento de Mulheres. Sempre estivemos presente nas mobilizações em defesa da igualdade de gênero e contra a violência à mulher. Estivemos também ao lado dos Petroleiros em defesa da REMAN e do gasoduto (Coari-Manaus). A construção da creche universitária na UFAM, assegurada no Reuni, é um projeto que pressionamos para sair do papel, um sonho que deve virar realidade!

Existe algum acontecimento em especial que marcou a sua gestão?

O Congresso da minha reeleição foi após a ocupação da câmara municipal de Manaus, esse foi um momento tenso de enfrentamento físico com a polícia metropolitana, sentimos o que é um spray de pimenta na cara logo, a necessidade de continuar lutando contra o cartel dos empresários do transporte coletivo e todos que perfilem contra nossos direitos. A palavra de ordem “sou estudante não sou otário não vou pagar a vida mole de empresário!” ainda será ecoada nas ruas muitas vezes. A Homenagem ao Cantor e Compositor Chico da Silva na Pré-Bienal da UEE-AM também foi emocionante. O encontro com o Ex-Presidente Lula em 2009 e recentemente com a presidenta Dilma, em visita a Manaus, quando entregamos o material da campanha “Educação tem que ser 10!” foram momentos bem especiais. A eleição da UEE-AM para a Secretaria Geral do Conselho Estadual de Juventude também foi uma importante vitória para o movimento estudantil, por ser a única entidade do movimento estudantil do conselho. A Unidade do Movimento Social é fundamental para alcançamos vitórias. Nesses anos de gestão sempre contamos com parcerias importantes de entidades amigas. Sindpetro-AM, Sinteam, UBM, CTB, FUP, Sindicatos dos vigilantes e tantos outros que nos acompanharam nossas atividades. As Reitorias, pela construção sempre de um bom diálogo, sobretudo a UFAM, também merecem destaque.

A gente sabe que o dia a dia de um presidente de entidade é bem agitado. O que você gosta de fazer nos momentos livres?

Quando tenho um tempinho fujo para o cinema. Também adoro dançar. De vez em quando monto apresentações teatrais, monólogos ou esquetes. Adoro um bom churrasco em família! Minha mão faleceu no meu parto fui criada por minha avó paterna, correr para seu colo e ouvir suas histórias é sempre confortante. Jogar conversa fora com a família e amigos sempre me diverti. No Amazonas, temos o Festival Folclórico de Parintins, um dos mais belos espetáculos do mundo. De um lado Garantido com a nação vermelha e branca do outro o Caprichoso com a cor azul e branca. Sou garantido, o boi do povão! Convido a todos a conhecer, se apaixonar, torcer pelo Garantido e aprender a brincar de Boi-bumbá!

Quais são seus planos para o futuro?

Continuarei na luta! A disposição para ajudar o novo time da UEE-AM a consolidar as vitórias obtidas e buscar outras! Ainda tem muita luta pela frente e a juventude precisa se mobilizar para disputar os rumos do Brasil. Temos que gritar mais alto, unir nossas vozes em um só coro e continuar escrevendo a história desse país com mobilização e combatividade. O Movimento Estudantil continua vivo, forte e necessário para fortalecer a lutas populares. Tenho muito orgulho de fazer parte desta história e mostrar na prática que lugar de mulher é na política, no sindicato, na UNE, na UEE!

Por fim, qual você acha que foi sua maior contribuição para o movimento estudantil amazonense?

O fortalecimento da rede do movimento estudantil é o principal legado que deixamos. Nossa gestão organizou mais de 50 centros acadêmicos (capital e interior), fundamos 06 DCE’S nas principais Universidades do Estado e retomamos o DCE-UFAM para a luta. Chegamos ao interior do Estado e pra ficar. Lá em Tabatinga, município de tríplice fronteira os Estudantes sabem que a UEE e UNE existem e estão na luta! Ainda reativamos o CUCA, por entendê-lo como um importante instrumento para aglutinar jovens que se mobilizam, por exemplo, com a pauta da Cultura.

Vitórias em curso: Apresentamos ao Governo do Estado o que chamamos de “PAC da UEE-AM”. Mais de 170 passagens para o 52º Congresso da UNE, Sede do Poder Jovem Amazonense (retomada legal do terreno das entidades também destruído no período da ditadura militar), convênio de carteiras UNE/UEE-AM com Governo, ajudando a moralizar a meia- entrada foram algumas das propostas solicitadas e receberam sinalização positiva. Porém, só se concretizarão com os estudantes nas ruas, reforçando a necessidade dessas pautas e sua justeza. Mas, demos passos largos para a estruturação da entidade que só ajudará no fortalecimento da luta dos estudantes do Amazonas por uma educação de qualidade. A UNE somos nós, nossa força e nossa voz!

Da Redação

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