Dados divulgados nesta terça-feira (16) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que 47% de todas as crianças fora da escola no mundo vivem em apenas 12 países. O 10º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, que reúne os números mais recentes sobre a educação no mundo, aponta que 28,4 milhões das cerca de 60 milhões de crianças longe da sala de aula vivem em 12 nações da África e da Ásia. Só a Nigéria tem 10,5 milhões de crianças sem estudar. O Paquistão vem em segundo lugar, com 5,1% crianças fora da sala de aula.
Pelas informações, a Unesco estima que a meta de atingir a educação primária universal até 2015 provavelmente está perdida. Esse era um dos seis objetivos para a educação assumidos por 164 países em 2000. Porém, não é o único que não deve ser cumprido no prazo.
"Infelizmente, o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos mostra que o progresso de muitos objetivos estão desacelerando, e que a maioria das metas do Educação para Todos são improváveis de serem cumpridas", afirmou a Unesco no documento.
CRIANÇAS FORA DA ESCOLA NO MUNDO | |
---|---|
País | Número |
Nigéria | 10,5 milhões |
Paquistão | 5,1 milhões |
Etiópia | 2,4 milhões |
Índia | 2,3 milhões |
Filipinas | 1,5 milhões |
Costa do Marfim | 1,2 milhões |
Burkina Faso | 1 milhão |
Níger | 1 milhão |
Quênia | 1 milhão |
Iêmen | 900 mil |
Máli | 800 mil |
África do Sul | 700 mil |
Demais países | Cerca de 32 milhões |
TOTAL | Cerca de 60 milhões |
FONTE: Unesco |
Em geral, os números apresentados pela Unesco mostram que os principais avanços foram conquistados na primeira metade do século e que, nos últimos anos, o investimento e o progresso foi menor, quando não estagnou ou regrediu.
No caso das pessoas em idade escolar excluídas da sala de aula, o número caiu de 108 milhões para 61 milhões desde 1999. Mas 75% dessa queda aconteceu entre 1999 e 2004 e, entre 2008 e 2010, o número não mudou.
Dentro do grupo de crianças fora da escola, o número de meninos e meninas sem expectativas de jamais ter uma educação formal caiu de 61% para 47% entre 2004 e 2006. Porém, no mesmo período, aumentou de 9% para 26% a proporção de crianças que abandonaram a sala de aula, o que, segundo a Unesco, sugere que as crianças estão sendo levadas para a escola, mas é mais difícil para elas terminarem o ciclo escolar.
As meninas são as mais afetadas pela falta de educação, diz o estudo. Embora abandonem a sala de aula menos que os meninos, elas são maioria em todos os países no índice que mede a falta de perspectiva de elas se tornarem alunas.
Jovens sem ensino e emprego
As mulheres também são a maioria em outra estatística negativa: em seu relatório, a Unesco estima que 200 milhões de jovens entre 15 e 24 anos em 123 países de renda baixa e média não terminaram a educação primária. Eles representam cerca de 20% da população jovem no planeta, e 58% das pessoas nesta situação são mulheres.
As mulheres também são a maioria em outra estatística negativa: em seu relatório, a Unesco estima que 200 milhões de jovens entre 15 e 24 anos em 123 países de renda baixa e média não terminaram a educação primária. Eles representam cerca de 20% da população jovem no planeta, e 58% das pessoas nesta situação são mulheres.
Além da educação tradicional, o ensino técnico também falhou em avançar. Desde 1999 a porcentagem de estudantes no ensino secundário que estavam matriculados em cursos técnicos não sai do patamar de 11%.
200 milhões de jovens entre 15 e 24 anos não concluíram a educação primária, e 75 milhões estava sem trabalho em 2011
A falta de educação formal reflete na falta de oportunidades de emprego. O relatório aponta que, em 2011, 13% do total de jovens, ou cerca de 75 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos, estava sem trabalho. O número cresceu quatro milhões em quatro anos, impulsionado pela crise econômica.
Outro objetivo atrasado em relação ao prazo é o de reduzir em 50% o índice de analfabetismo em adultos. "O progresso relacionado a esta meta tem sido muito limitado, principalmente como resultado da indiferença de governos e doadores. Ainda existiam 775 milhões de adultos que não sabiam ler e escrever em 2010. Metade deles estavam no sul e oeste da Ásia, e mais de um quinto na África subsaariana", diz o estudo.
Três quartos dos adultos analfabetos são habitantes de dez países, e 37% deles estão na Índia. Na maioria dos 146 países com dados sobre analfabetismo, o índice de mulheres analfabetas é maior que o de homens.
Financiamento estagnado
O estudo afirmou que que o desenvolvimento da educação acontece de forma desigual entre os países e que as nações mais pobres acabaram sofrendo mais com os cortes no financiamento internacional. A Unesco afirma que, em 2011, o volume total de ajuda internacional caiu 3%. Foi a primeira queda desde 1997.
O estudo afirmou que que o desenvolvimento da educação acontece de forma desigual entre os países e que as nações mais pobres acabaram sofrendo mais com os cortes no financiamento internacional. A Unesco afirma que, em 2011, o volume total de ajuda internacional caiu 3%. Foi a primeira queda desde 1997.
O estudo aponta que a promessa dos países do G8 de aumentar em US$ 50 bilhões (cerca de R$ 107 milhões) a ajuda entre 2005 e 2010 não foi cumprida.
Além disso, entre 2010 e 2011, a porcentagem de ajuda em relação à arrecadação nacional caiu em 14 dos 23 países-membros o Comitê de Assistência ao Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD, na sigla em inglês). O relatório da Unesco indicou Brasil, China e Índia como novos países doadores, mas afirmou que o volume de ajuda deles ainda é pequeno e não prioriza a educação básica em países de baixa renda.
(G1) - CNTE
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