Quinta manifestação pela redução da tarifa leva milhares às ruas da capital paulista
A
reportagem do site da UNE saiu da sede das entidades estudantis por
volta das 16h, acompanhada do grupo de estudantes que está acampado
desde domingo ali, no tradicional endereço da rua Vergueiro, 2485, com o
objetivo de se somar aos protestos pela redução do preço das passagens
do transporte coletivo, mais qualidade e eficiência nas políticas de
mobilidade urbana, pela garantia do direito de manifestação e contra a
violência da polícia do Estado de São Paulo.
No trajeto até o Largo da Batata, onde ocorreu a concentração para a
maior manifestação popular dos últimos tempos, comparada com momentos
históricos como “O Petróleo é Nosso!”, a “Marcha dos 100 mil” e o ”Fora
Collor!”, muitos outros jovens foram se encontrando, com cartazes na
mão, e formando um movimento que mais tarde tomaria as ruas da capital
paulista.
A marcha desta segunda-feira, 17 de junho, a quinta desde o início
dos protestos, foi tão grande que se divividiu em três. Sempre com o
apoio da população ao redor, em cada ponto, uma multidão, incontável. A
passeata ocupou vias importantes como as Avenidas Faria Lima, Juscelino
Kubitschek, Berrini, Morumbi e Paulista, além da ponte Estaiada e
Marginal Pinheiros. Os 65 mil divulgados pela grande imprensa são mais
que o dobro.
Para a presidenta da UNE, Vic Barros, a ação violenta da polícia
durante a última manifestação, do dia 13 de junho, sensibilizou toda a
sociedade e não intimidou a população. “Em um Estado Democrático de
Direito não vamos aceitar que o governador Geraldo Alckmin use mais uma
vez a força e truculência de sua PM para evitar protestos legítimos.
Ele já havia se mostrado irredutível em outras ocasiões, com professores
da rede pública, estudantes da USP, habitantes do Pinheirinho e até
mesmo com a Polícia Civil”. Vic é enfática ao ressaltar os rumos do
movimento. “Só sairemos da rua quando baixar o preço da passagem e o
governo garantir mais democracia”.
E, desta vez, sem a presença da polícia, a manifestação seguiu por
quase cinco horas sem violência. Namorados de mãos dadas e cartazes na
mão. Amigos fantasiados com trajes de festa junina em protesto aos
manifestantes presos e acusados de formação de quadrilha. Caras
pintadas. Amigas com olhos pintados de roxo em protesto à jornalista
agredida com bala de borracha. Bicicletas. Skate. Luta pelo direito de
festejar. Festa pelo direito de lutar.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Central dos
Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB) marcharam ao lado dos
estudantes. Juventudes partidárias e outros movimentos sociais e
organizações também caminharam pelas ruas da capital em protesto por
mais democracia, pela paz e contra o aumento.
Um momento . A marcha gigantesca passou em frente a um prédio,
espelhado. A manifestação foi refletida e pode se ver, naturalmente,
fora do noticiário da grande mídia televisiva, impressa e digital.
Aplausos. Sorrisos. A passeata seguiu, pacífica. Ingenuidade de
arrepiar.
Nas chamadas redes sociais todos querem entender. Sobram opiniões.
Para quem tem ido às marchas é simples. A presidenta da União Paulista
dos Estudantes Secundaristas (UPES), Nicoly Mendes, aponta a
característica rebelde, indignada e irreverente de sempre da juventude.
“Ontem, hoje e amanhã a juventude nunca deixou e nunca deixará de
assumir a sua responsabilidade pelas transformações do país. Se no
passado muitos tombaram para estarmos aqui hoje vivenciando uma
democracia, amanhã será a próxima geração que estará pronta para apontar
o dedo, erguer o punho e soltar a voz contra injustiças e ataques ao
povo brasileiro”.
A recém-eleita presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE-SP),
Carina Vitral, convoca os estudantes e toda a população a não recuar.
Para ela, o momento é de ampliar os protestos pacíficos e organizado
para que as conquistas venham da rua, de onde nasceram. “Alckmin errou
feio em seu cálculo violento e criou uma gigante massa orgânica. Nossa
vitória não será por acidente. Aqui estão os jovens indignados com a
repressão da polícia e a falta de qualidade no transporte. Nossa voz já
ecoou por todo o Brasil e não descansaremos até a tarifa ser reduzida e
as empresas melhorem a qualidade do transporte na cidade”
Fonte: UNE
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