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quinta-feira, 29 de maio de 2014

MOVIMENTO ESTUDANTIL SE PREPARA PARA FORMULAR PROJETO UNE BRASIL

Estudantes de todo o país se reúnem no 62º Coneg e vão cobrar dos candidatos ao pleito de 2014 suas pautas
Estamos próximos a um dos momentos mais importantes do nosso país. A hora é dos candidatos às eleiçõesdeste ano, construírem seus programas de governos. E o papel dos estudantes brasileiros não pode se resumir ao de exercer o direito de votar e escolher com responsabilidade quem será a melhor opção de governo.
A UNE como representante de mais de 7 milhões de estudantes vai disputar espaço na agenda política do país e pressionar os candidatos por melhorias na educação. No próximo fim de semana mais de 500 representantes de entidades estudantis se reúnem na capital paulista para o 62º Conselho Nacional de Entidades Gerais (CONEG). Neste espaço de encontro e discussão os estudantes vão elaborar sua plataforma eleitoral, o projeto UNE Brasil, um documento que contemple as reivindicações populares e propostas para o nosso país para o próximo período. Esse documento será entregue ao conjunto de candidatos que disputarão as eleições de 2014.
Por isso perguntamos aos diretores de algumas áreas estratégicas da UNE, o que de mais importante não pode ficar de fora do projeto UNE Brasil? Confira: 
THAUAN FERNANDES - DIRETOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Numa época de grave crise internacional do capitalismo, é importantíssimo que nos próximos 4 anos o Brasil tenha posições cada vez mais firmes em suas relações diplomáticas. É preciso denunciar os ataques imperialistas que estão ocorrendo pelo mundo, no Oriente Médio, na Europa, ou aqui do nosso lado, na América Latina. É preciso aprofundar os caminhos que começamos a trilhar desde 2002, fortalecendo a alternativa econômica liderada pelos BRIC’s, a relação com a África e entre os países latino americanos, a exemplo do Mercosul e da Unasul, e fazendo com que estas alianças também se reflitam no âmbito social e educacional. O recém criado Espaço Latino Americano de Ensino Superior pode ser uma ferramenta importantíssima para estrear uma nova etapa da integração entre os países, fazendo com que as universidades tenham câmbio intelectual, em pesquisa, extensão, artes e outras áreas. Além disso, é precisa afastar qualquer possibilidade mínima de ingerência em nossa soberania, combatendo o capital estrangeiro no ensino superior brasileiro.”
MIRELLY CARDOSO - DIRETORA DE UNIVERSIDADES PÚBLICAS
Após uma década de expansão e democratização do acesso do Ensino Superior no país, precisamos nesse momento viver um período em que possamos discutir o modelo de ensino e a qualidade que queremos. E nesse sentido temos que nos adequar à nova realidade dos/as estudantes, realidade que possui gênero, raça, orientação sexual e classe. Precisamos avançar na reestruturação e reformas universitárias e principalmente na democratização interna das instituições. Precisamos disputar um processo de emancipação social através de mais investimentos no ensino público e com qualidade em todas as modalidades, etapas e níveis para todos e todas.
MARCELA SANTOS - DIRETORA DE COMBATE AO RACISMO
É impossível falar em um projeto democrático sem falar no empoderamento social, político e econômico dos negros e negras desse país o qual perpassa tanto pelo fortalecimento dos equipamentos públicos quanto por construções de políticas públicas que visem a desconstruir o racismo inclusive no âmbito institucional. As cotas nas universidades e mais recentemente para concursos públicos federais são só o início diante do muito que pode e ainda precisa ser feito. Agora, nada disso será válido se não conseguirmos garantir que haja pessoas para usufruir dessas políticas afirmativas, de modo que, se coloca no centro hoje da agenda domovimento negro, das organizações de juventude e da esquerda em geral, a luta pelo fim do genocídio da juventude negra. Não dá mais para seguirmos sem aprovar a Lei que acaba com os Autos de resistência [Projeto de Lei 4.471, em tramitação na Câmara dos Deputados, extingue o registro da resistência seguida de morte relativa às mortes de pessoas em em confronto com a polícia. Esse tipo de registro faz com que a morte não seja investigada com o mesmo rigor de um homicídio convencional] ou sem fazer um debate sério sobre uma nova concepção de segurança pública e desmilitarização das polícias. O processo de exclusão vivido pela população negra compromete a evolução democrática do país e a construção de uma sociedade mais justa, não dá mais para deixar a pauta racial secundarizada. A luta antirracista é estratégica para a construção do Brasil que desejamos
LAYS GONÇALVES - DIRETORA DAS MULHERES
A UNE defende que as políticas para as mulheres deve ter prioridade no próximo governo numa perspectiva feminista. A autonomia das mulheres será conquistada de fato com o avanço quanto a legalização do aborto, combate a mercantilização do corpo e da vida das mulheres, políticas de combate ao racismo, e por uma reforma política que vise a despatriarcalização do Estado; ou seja, o combate a violência sexista, a luta pela vida das mulheres no próximo governo perpassa pela incorporação do feminismo nas políticas públicas e pelos próprios agentes que a executam – o Estado.
LARISSA PASSOS - DIRETORA LGTB
A discussão sobre sexualidade na sociedade tem uma trajetória marcada por preconceitos, estereótipos e por muitas polêmicas. O direito à educação a pessoas LGBT visa garantir que o espaço educacional seja efetivamente um lócus privilegiado de combate à homofobia, transfobia e a todas as formas de discriminação. É da responsabilidade do sistema de ensino o enfrentamento dos preconceitos e discriminações por orientação sexual, uma vez que, é constitucional a garantia de uma educação de qualidade e não discriminatória ou preconceituosa, portanto um direito fundamental de todos e todas. Percebe-se que para garantir uma educação que respeite as diferenças naturais individuais, o/a cidadão/ã deve ser livre para viver suas diferenças, goze de seus direitos e execute suas obrigações, tornando assim um/a cidadão/ã que tem as condições de exercer sua cidadania plena e para isso o Estado deve construir legislações e políticas públicas para garantir uma sociedade sem opreções de gênero, raça e diversidade sexual.
JULIANA DE SOUZA - DIRETORA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Em relação às Políticas Educacionais, o Projeto da UNE deve apontar para a construção de um projeto de educação que não esteja atrelado tão somente ao projeto neodesenvolvimentista em curso no país. Ainda que tenhamos tido inúmeros avanços na democratização do acesso ao Ensino Superior e Técnico nos últimos anos, é preciso uma reforma universitária que reformule o método pedagógico e os currículos, bem como que democratize as estruturas de poder da universidade; uma regulamentação do ensino superior privado com intervenção do MEC nos currículos das IES que têm ProUni; uma reformulação do ensino médio que adote a interdisciplinaridade e o socioreferenciamento dos conteúdos como princípios pedagógicos; e, claro, o aumento dos investimentos públicos em educação pública com a implementação de todas metas do PNE. Políticas como o Prouni, o Pronatec e o Ciências sem Fronteiras, por exemplo, devem conter uma formação na área das humanidades também.
FLÁVIA HELLEN - DIRETORA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
A UNE deve cobrar a melhoria do Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) que não consegue atender a demanda dos/as estudantes que ingressaram na Universidade e que encontra diariamente inúmeras dificuldades de permanecer devido à falta de recursos. Reivindicamos a ampliação da verba do PNAES para 2,5 bilhões de reais, queremos mais casa de estudantes, onde os mesmos possam ter autonomia sobre a administração dessas casas. Queremos restaurantes universitários administrados pela própria universidade e que os alimentos sejam oferecidos pela agricultura familiar, fortalecendo soberania alimentar nacional. Lutamos por mais creches universitárias para toda a comunidade acadêmica. Por mais apoio pedagógico, atendimento psicossocial, esporte, cultura e lazer. Pela criação de um PNAES para os/as estudantes do Ensino privado, por orçamento participativo na aplicação dos recursos para assistência estudantil. E pela ampliação do Plano Nacional de Assistência Estudantil para as instituições de educação superior públicas estaduais (PNAEST) sem exigir critério de utilização do Sistema de Seleção Unificada (SiSu) para ingresso dos estudantes, além de pensar planos e programas estaduais que contemplem as demandas específicas das Universidades Estaduais de cada estado brasileiro.
MATEUS WEBER - DIRETOR DE UNIVERSIDADES PRIVADAS
A Universidade não deve ser lugar de mera reprodução das desigualdades sociais, mas sim um ambiente de questionamento e propostas para que se promova a superação destes limites. Precisamos entender a universidade como questão de desenvolvimento e soberania nacional, por isso é fundamental fortalecer o seu caráter público e combater a desnacionalização do ensino superior privado. Para a UNE é urgente a estatização das universidades privadas em crise, com garantia dos direitos dos estudantes e trabalhadores e com responsabilização dos empresários pelas dívidas e irregularidades;
THIAGO JOSÉ - DIRETOR DE COMUNICAÇÃO
Para o próximo período é fundamental avançarmos num novo marco regulatório dos meios de comunicação. Hoje, no Brasil, poucas famílias controlam a grande maioria dos veículos de informação. Desse modo, há uma verdadeira manipulação das pautas que são apresentadas para a sociedade. Além disso, é necessário democratizar a mídia para ampliar as vozes, em todos os seus aspectos. A pluralidade e diversidade do nosso povo precisa ser refletida nos nossos meios de comunicação. Para isso, a UNE junto com outras iniciativas precisa recolher assinatura para o Projeto de Lei de iniciativa Popular da campanha para Expressar a Liberdade, que é um instrumento concreto que visa mudar essa realidade e aprofundar a nossa democracia.
Cristiane Tada e Renata Bars - UNE

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