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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Em busca da cultura de paz

Marina Gadelha – ASCOM – Reitoria/UFRN

Décima quinta capital mais populosa, Natal é a quinta capital do Brasil com maior número de mortes violentas em 2016. Décimo sexto estado mais populoso, o Rio Grande do Norte teve a segunda maior taxa de homicídios no País. Os dados do 11º Anuário Brasileiro da Segurança Pública mostram o avesso de uma relação emblemática: ainda com o último bimestre do ano por vir, o RN ultrapassou a marca de dois mil homicídios em 2017, suplantando os 1.976 assassinatos contabilizados pelo Observatório de Violência Letal Intencional do RN (Obvio) em 2016.

Diante de uma realidade em que o aumento dos índices nacionais de violência nas últimas décadas, especialmente nos grandes centros urbanos, ganha contornos epidêmicos, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estabeleceu seis pilares por uma cultura de paz e da não violência. São eles: respeitar a vida; rejeitar a violência; ser generoso; ouvir para compreender; preservar o planeta e redescobrir a solidariedade. Os princípios foram divulgados no Manifesto 2000, esboçado por um grupo de laureados do prêmio Nobel da Paz para mobilizar a participação individual no espírito da cultura de paz em todos os lugares, seja na família, na escola, no trabalho, entre outros.

Isso significa construir uma cultura baseada em tolerância, solidariedade e diálogo, com respeito aos direitos individuais e à prática da não violência. A formação de uma grande aliança com tal objetivo passa pelas instituições de ensino, que têm a missão de educar crianças e jovens com os valores inerentes à cultura de paz. Para fortalecer essa prática no ensino superior, instituições e entidades apoiadoras assinaram em dezembro de 2016 o “Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, à Cultura da Paz e dos Direitos Humanos”, que tem a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) como uma das integrantes.

Foto: Cícero Oliveira
“A temática de direitos humanos é complexa e envolve todos os âmbitos da universidade. Portanto, todos nós devemos estar envolvidos nesse trabalho cujo êxito será possível apenas se for construído coletivamente”, afirma a pró-reitora de Extensão da UFRN, Maria de Fátima Freire de Melo Ximenes, que coordena o comitê gestor do pacto na instituição. Entre as iniciativas em curso estão a discussão e elaboração da Política de Direitos Humanos da UFRN, o desenvolvimento de cursos de extensão para formação continuada de professores, campanhas educativas, aperfeiçoamento da política de oferta iniciação científica e tecnológica, além da capacitação para a educação, formação e respeito em direitos humanos. Todas com parâmetros no Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRN.

A Universidade já executava ações voltadas à temática antes da assinatura do pacto, a exemplo do Comitê UFRN com Diversidade, instituído em junho de 2016 para discutir e propor atividades que contribuam para a solidificação do respeito às diferenças. Com o pacto, surge a proposta de ampliar o que existe e criar novos caminhos para conquistar multiplicadores de uma cultura de paz. Foi com base nesse objetivo que a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp) adotou a “Cultura de Paz na UFRN” como tema central do Mês do Servidor 2017 da UFRN, realizado no mês de outubro para despertar a reflexão na comunidade universitária.

“Queremos inspirar as pessoas a pensar como estão se relacionando consigo mesmas e com o meio, a fim de solidificar relações não violentas dentro e fora da instituição”, explica a pró-reitora de Gestão de Pessoas da Universidade, Mirian Dantas dos Santos. Esse trabalho é somado a outros esforços para modificar a história social de violência que permeia o Brasil, como destacou o doutor em Sociologia Sérgio Adorno, professor da Universidade de São Paulo (USP), durante Aula Magna da UFRN ministrada em abril deste ano sobre as tendências, dinâmicas e respostas do Estado à violência na sociedade brasileira contemporânea.

Foto: Cícero Oliveira
Para o sociólogo, o combate à situação requer o enfrentamento da desigualdade e o fortalecimento da democracia, em meio à conflituosa relação entre direitos humanos, lei e ordem. Também coordenador científico do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Adorno citou que as pesquisas presentes se movimentam em torno principalmente de quatro eixos: estudo do crime e das formas organizadas de criminalidade; graves violações de direitos humanos; violência nas relações intersubjetivas e interpessoais; e os sentidos da violência na história.

Na UFRN, atualmente são desenvolvidos 11 projetos de extensão e 45 pesquisas com foco na violência e segurança pública, além de diversas iniciativas voltadas à construção da cultura de paz. A Progesp lançou no final de outubro um portfólio com esse conjunto de ações no âmbito da gestão de pessoas, que pode ser conferido em uma das edições da Revista Gente, acessível através do link https://goo.gl/bPqEBE.

Fonte: UFRN

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