É inaceitável que cidadãos e cidadãs que contribuem para a construção cotidiana da universidade pública, gratuita e de qualidade sejam tratados como “perigosa quadrilha”, sem que sequer as pessoas tenham sido anteriormente convidadas, convocadas ou chamadas a depor sobre o assunto.
A Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior do Públicas do Brasil (FASUBRA Sindical) vem manifestar seu total repúdio à ação ocorrida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no dia 06 de dezembro de 2017, quando o atual reitor, professor Jaime Arturo Ramirez, a vice-reitora (e reitora eleita), Sandra Regina Goulart Almeida, e outros integrantes da Comunidade Universitária foram levados para depor na Superintendência da Polícia Federal em Belo Horizonte, em condução coercitiva, sem que fossem respeitadas as garantias legais dos depoentes.
Os servidores, acusados de, supostamente, fazer uso indevido de recursos públicos na construção do Projeto Memorial da Anistia Política no Brasil - prédio que deverá abrigar uma exposição permanente da ditadura militar no país, e assim preservar a memória do arbítrio, da tortura e da violação aos direitos humanos na fase mais obscura da história brasileira - foram conduzidos de forma agressiva, com uso de violência psicológica, sem sequer terem conhecimento do processo, de quais acusações pairavam sobre os mesmos, ou sem saber se eram depoentes ou testemunhas.
Para além da forma arbitrária como os servidores e servidoras públicos foram tratados, tal situação demonstra, novamente, que há uma tentativa de silenciar, atacar e desqualificar a universidade pública, pois o modus operandi da Polícia Federal foi o mesmo utilizado contra o reitor Luiz Carlos Cancelier, da Universidade Federal de Santa Catarina, que acusado sem provas, ao ser afastado da universidade e abalado de forma inimaginável na sua honra, se suicidou. Não por acaso o ataque à UFMG que propõe, realiza e administra milhares de projetos, foi dirigido ao Memorial da Anistia Política, demonstrando assim, de forma subliminar e simbólica, a tentativa de silenciamento e esquecimento da ditadura militar no Brasil. Ainda, o título dado pejorativamente à operação da PF, “Esperança Equilibrista”, é um ultraje a uma canção que foi composta justamente para homenagear e relembrar às vítimas da ditadura militar, que tantas e tão preciosas vidas silenciou e apagou.
Há que se registrar, também, o desnecessário aparato policialesco utilizado no campus Pampulha da UFMG, com a participação de mais de 80 policiais fortemente armados, numa clara espetacularização midiática de uma ação que visava, de forma óbvia, a colocar em xeque a universidade pública e suas estruturas, como se a instituição estivesse lotada de bandidos perigosos. A FASUBRA Sindical avalia que se, supostamente, houve desvios de recursos, que seja realizada uma investigação dentro dos parâmetros legais, com a observância e garantia do direito amplo e irrestrito de defesa dos acusados e acusadas. É inaceitável que cidadãos e cidadãs que contribuem para a construção cotidiana da universidade pública, gratuita e de qualidade sejam tratados como “perigosa quadrilha”, sem que sequer as pessoas tenham sido anteriormente convidadas, convocadas ou chamadas a depor sobre o assunto.
Por fim, a FASUBRA Sindical lembra que são inaceitáveis os ataques constantes às instituições públicas de ensino, celeiro de toda a produção intelectual, do conhecimento, da pesquisa, da extensão, da ciência e da tecnologia e no Brasil. É preciso respeitar e, acima de tudo, defender nossas IFES. E, por isto, não podemos nos calar!
Brasília, 7 de dezembro de 2017.
Direção Nacional da FASUBRA Sindical
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