Penúltimo dia do Festival dedicado à América tem participação do Brasil em mesa sobre o movimento estudantil
Após dedicar os seus quatro últimos dias de atividades aos continentes da Europa, Oriente Médio, África e Ásia-Pacífico, o 18º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes terminou a sua volta ao mundo na América. Essa quinta-feira, 12 de dezembro, teve programação especial sobre o continente que abriga países com processos de transformações sociais profundas em curso, como é o caso do anfitrião Equador e a Revolução Cidadã; da Venezuela e a Revolução Bolivariana e da Bolívia, que tem o primeiro presidente de origem indígena de sua história.
Embora viva tempos novos de um lado, a realidade da América Latina vista de outro ponto, por exemplo, a vivida pelos jovens colombianos, evidencia situações de conflitos ainda muito complexos. O cenário atual na Colômbia para o movimento estudantil é o de enfrentamento direto com as forças de repressão do Estado, que impedem o livre direito da manifestação, reprimem a organização e o debate político dentro da escola, prendem e, em casos extremos mas não tão excepcionais, perseguem e assassinam lideranças da juventude. “Existem casos de estudantes mutilados por bombas jogadas em manifestações”, relata a colombiana Deisy Aparicio Bonilla (foto abaixo), diretora da Associação Nacional dos Estudantes Secundaristas (Andes).
Ela explica que a educação em seu país recebe ínfimo investimento se comparado ao dinheiro injetado no aparato militar governamental. Cerca de 5% do PIB são direcionados para as forças armadas e apenas 0,35% para a educação superior e 2% para a básica. O montante que vai para a educação ainda é dividido, sendo mais de 40% para o sistema de concessão, uma espécie de privatização que coloca a educação como mercadoria, e o restante para o público. Para efeito de comparação: cada soldado colombiano custa 18 milhões de pesos aos cofres estatais, já cada estudante de escola do sistema de concessão 1,2 milhões e os da escola pública 900 mil.
Além da falta de investimentos, a educação colombiana é também apenas “uma reprodução do sistema sem compromisso com as transformações sociais”, explica Deisy. Ela conta que hoje os estudantes tem uma parceira com os professores para fazer avançar no país um projeto pedagógico que mude essa realidade, além de garantir a plena participação dos jovens na luta por mais democracia na Colômbia e a livre organização dos estudantes.
Vivendo uma outra realidade, os jovens da Venezuela levaram para o 18º FMJE a experiência das mudanças ocorridas no país nos últimos 15 anos. O ministro da Juventude venezuelano, Héctor Rodriguez (foto acima), participou do dia da América no Festival e fez um histórico que mais parecia contar a história acima, dos colombianos. Ele relatou casos de perseguição e assassinatos de lideranças estudantis. “A juventude tinha medo de participar da política. A educação foi privatizada de forma asquerosa”, disse.
Segundo ele, hoje o cenário é totalmente diferente. A Venezuela tem o segundo maior índice de universitários do continente e o 5º do mundo, além de ser território livre de analfabetismo segundo a Unesco.
Hector ainda mostrou que a Venezuela vive um bônus demográfico, com a maior população jovem de sua história e que os próximos cinco anos terão que ser de aproveitamento dessa força para ampliar e avançar ainda mais as transformações sociais por qual passa o país.
Segundo ele, hoje o cenário é totalmente diferente. A Venezuela tem o segundo maior índice de universitários do continente e o 5º do mundo, além de ser território livre de analfabetismo segundo a Unesco.
Hector ainda mostrou que a Venezuela vive um bônus demográfico, com a maior população jovem de sua história e que os próximos cinco anos terão que ser de aproveitamento dessa força para ampliar e avançar ainda mais as transformações sociais por qual passa o país.
O diretor de Relações Internacionais da UNE, Tahuam Fernandes, participou da mesa “Movimento Estudantil Latinoamericano” e defendeu a unidade das entidades e dos jovens do continente como principal arma contra as injustiças sociais que ainda são gritantes.
Thauan ainda identificou a mercantilização da educação como um ponto triste que une a América Latina, com exemplos como o Chile e o próprio Brasil, países em que o movimento estudantil luta contra a sanha voraz do capital estrangeiro e em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade.
A porcentagem conhecida de cerca de 75% das matrículas brasileiras no setor privado do ensino superior se compara a marca do Chile, com 60%, e que colabora para a marca de 50%, média da América Latina. E, como no Brasil, a maioria se encontra também vendida para o capital estrangeiro.
“A luta contra a mercantilização se compara à luta por maiores investimentos. Só conseguiremos mudanças mais profundas na educação latino-americana quando enfrentarmos de frente esse entrave”, disse o dirigente estudantil brasileiro.
Fonte: UNE
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