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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

NOTA DE REPÚDIO CONTRA MACHISMO EM COLETIVO DA UFRGS

Movimento Estudantil Liberdade fez um banner de Natal com imagens ofensivas

Na última semana, o coletivo “Movimento Estudantil Liberdade” da UFRGS divulgou nas redes sociais um banner desejando feliz natal às e aos estudantes da universidade, se utilizando de uma imagem de quatro mulheres jovens deitadas de bruço, vestidas apenas com o “famoso” gorro de natal.
É sabido que o natal é uma data cristã, a qual é colocada no calendário oficial no Brasil como feriado e data festiva, e mais um momento em que o capital se apropria e domina. Ao associar a imagem das mulheres a um feliz natal, vestidas apenas com uma peça íntima e o gorro, nós mulheres, mais uma vez, somos colocadas como objeto sexual, com suposta disposição ao sexo para a garantia de um “feliz natal” aos homens, e como mais um enfeite ou mercadoria do período natalino.

A naturalidade em tratar o corpo das mulheres nessa publicização alimenta uma situação de vulnerabilidade das mulheres para que homens tenham a certeza de que devem se apropriar de nossas vidas e nossos corpos em mais um momento, de que podem exercer o domínio sobre nós como se estivéssemos ao seu dispôr, servindo à manutenção do sistema patriarcal.

Pelo o papel que o Movimento Estudantil assume na sociedade de intervenção e luta, principalmente sobre as ofensivas do capital e do patriarcado que oprime as mulheres, jovens, negras, indígenas, lésbicas, a UNE lança uma nota entendendo que é inadmissível esse tipo de ação.

O banner representa uma ofensiva ás nossas lutas cotidianas, não representa de maneira geral os estudantes que se organizam como movimento e lutam por uma sociedade de superação do machismo. Um exemplo concreto é o fato de termos 178 compartilhamentos da imagem no Facebook com descrições indignadas de estudantes repudiando, inclusive estudantes da própria universidade ou estado.

Precisamos ter ações nas universidades que repudiem e não permitam esse tipo de manifestação que sustenta o machismo e legitima outras ações machistas como nos trotes violentos e semanas de calouros que estão por vir!

A luta pela despatriarcalização do estado, por um estado Laico, contra os padrões de beleza em sua essência racistas e misóginos veiculados nas mídias, acontece com um processo de resistência das mulheres e avanço da pauta feminista no interior do movimento estudantil, tendo como entidades aliadas os DCE’s e UEE’s colocando como central a luta pelo fim do machismo em nossa sociedade.
A UNE repudia a ação do coletivo em questão e reafirma que na tradição democrática e participativa do movimento estudantil é inadimissível naturalizar a mercantilização do corpo e da vida das mulheres, principalmente através das entidades estudantis. Seguimos na luta por uma sociedade livre de opressões, onde onde todas e todos sejamos livres!

União Nacional dos Estudantes (UNE)
23 de dezembro de 2013

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