Movimento Estudantil Liberdade fez um banner de Natal com imagens ofensivas
Na
última semana, o coletivo “Movimento Estudantil Liberdade” da UFRGS
divulgou nas redes sociais um banner desejando feliz natal às e aos
estudantes da universidade, se utilizando de uma imagem de quatro
mulheres jovens deitadas de bruço, vestidas apenas com o “famoso” gorro
de natal.
É sabido que o natal é uma data cristã, a qual é colocada no
calendário oficial no Brasil como feriado e data festiva, e mais um
momento em que o capital se apropria e domina. Ao associar a imagem das
mulheres a um feliz natal, vestidas apenas com uma peça íntima e o
gorro, nós mulheres, mais uma vez, somos colocadas como objeto sexual,
com suposta disposição ao sexo para a garantia de um “feliz natal” aos
homens, e como mais um enfeite ou mercadoria do período natalino.
A naturalidade em tratar o corpo das mulheres nessa publicização
alimenta uma situação de vulnerabilidade das mulheres para que homens
tenham a certeza de que devem se apropriar de nossas vidas e nossos
corpos em mais um momento, de que podem exercer o domínio sobre nós como
se estivéssemos ao seu dispôr, servindo à manutenção do sistema
patriarcal.
Pelo o papel que o Movimento Estudantil assume na sociedade de
intervenção e luta, principalmente sobre as ofensivas do capital e do
patriarcado que oprime as mulheres, jovens, negras, indígenas, lésbicas,
a UNE lança uma nota entendendo que é inadmissível esse tipo de ação.
O banner representa uma ofensiva ás nossas lutas cotidianas, não
representa de maneira geral os estudantes que se organizam como
movimento e lutam por uma sociedade de superação do machismo. Um exemplo
concreto é o fato de termos 178 compartilhamentos da imagem no Facebook
com descrições indignadas de estudantes repudiando, inclusive
estudantes da própria universidade ou estado.
Precisamos ter ações nas universidades que repudiem e não permitam
esse tipo de manifestação que sustenta o machismo e legitima outras
ações machistas como nos trotes violentos e semanas de calouros que
estão por vir!
A luta pela despatriarcalização do estado, por um estado Laico,
contra os padrões de beleza em sua essência racistas e misóginos
veiculados nas mídias, acontece com um processo de resistência das
mulheres e avanço da pauta feminista no interior do movimento
estudantil, tendo como entidades aliadas os DCE’s e UEE’s colocando como
central a luta pelo fim do machismo em nossa sociedade.
A UNE repudia a ação do coletivo em questão e reafirma que na
tradição democrática e participativa do movimento estudantil é
inadimissível naturalizar a mercantilização do corpo e da vida das
mulheres, principalmente através das entidades estudantis. Seguimos na
luta por uma sociedade livre de opressões, onde onde todas e todos
sejamos livres!
União Nacional dos Estudantes (UNE)
23 de dezembro de 2013
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