“Ecofaxina” na praia integra veteranos e calouros e ajuda a preservar a vida marinha em nossa costa
Estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Santa Cecília (Unisanta) uniram forças no último sábado (28) para transformar trote em ação ambiental, realizando uma limpeza na praia Saco do Major, no Guarujá (SP). A iniciativa é do Instituto Ecofaxina em parceria com os alunos.
Os cerca de 70 estudantes dos cursos de Biologia Marinha e Ciências do Mar embarcaram de Santos na manhã de sábado para dar as boas vindas aos calouros com um trote diferente. Ao invés de cortes de cabelo, bebidas alcoólicas e atividades vexatórias, eles portavam luvas, sacos plásticos, alegria e muita disposição para recolher todo lixo regurgitado pelo mar.
O presidente do Instituto Ecofaxina, William Rodrigues (37), conta que o instituto nasceu da indignação dos estudantes ao verem as praias de Santos cheias de lixo todos os dias. Desde então, realizam ações de coleta de lixo e conscientização nas comunidades. “Eles (os moradores) enxergam o mangue, muitas vezes, como um lugar propício para o descarte, e, como isso já é feito há muitos anos, ninguém foi lá falar sobre a importância do manguezal. Eles acabam se impressionando e se encantando quando começam a ver a gente indo lá limpar o lixo das palafitas, aí é que começam a se questionar [sobre a importância da preservação do meio-ambiente]”.
UNINDO AÇÃO AMBIENTAL AO TROTE
Além do cuidado com a natureza, ao unir a recepção dos calouros à “ecofaxina”, William e os veteranos querem mostrar que existem alternativas de trotes onde você pode unir solidariedade, ecologia e fazer o bem comum: “É tentar dar uma alternativa para aquele trote tradicional, onde o calouro fica sendo hostilizado e sofrendo com certos tipos de atividades que são degradantes”.
O calouro do curso de ciências do mar da Unifesp, Lucas Chiereguini (21), contou que assim que ficou sabendo do “trote” quis participar. “Me interessei pois já havia participado de ‘ecofaxinas’. Eu surfo há muito tempo e sempre gostei de ajudar neste tipo de ação”. Para Lucas, cada pessoa tem um limite e é preciso respeitar a vontade do estudante. “Eu não gosto de trote violento, que corta o cabelo e faz beber, mas acho válido pintar o rosto. Já fui veterano em outra universidade, mas sempre fiquei de fora dos trotes ‘tradicionais’”, contou.
Veterana do curso de Ciência do Mar da Unifesp e incentivadora da ação, Yasmim Defácio (22) acredita que trotes como este facilitam a integração entre veteranos e calouros e a vida na faculdade, além de cultivar, desde o início do curso, uma cultura de paz e respeito a todos. “A gente faz festa para receber os calouros, mas não vale abusar. Respeitar a vontade de cada um é mais importante. Unir trabalho voluntário à recepção dos calouros é uma forma de quebrar com a tradição violenta que alunos de muitas universidades mantém há muito tempo”.
Ao longo de aproximadamente 4 horas de trabalho foram retirados da praia 823 quilos do mais variados materiais. O retorno a Santos foi mais um desafio no dia, já que a escuna que faria o transporte de volta, quebrou antes mesmo do embarque de volta. Após uma caminhada de 6 quilômetros todos estavam de volta a salvo e com a certeza de que o trote pode, sim, ser diferente.
Yuri Salvador - UNE
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