Força feminina no movimento estudantil leva mulheres à presidência das principais entidades
Atualmente, no Brasil, as mulheres são maioria nas universidades e no eleitorado, mas representam apenas 10% no Congresso Nacional. Nesse sentido, o 8 de março torna-se um importante momento de luta por mais direitos que garantam a igualdade entre homens e mulheres, por uma sociedade justa e igualitária.
No movimento estudantil, a participação das mulheres cresce e se fortalece. As três principais entidades estudantis do Brasil, UNE, UBES e ANPG são atualmente presididas por elas.
Virgínia Barros, presidenta da UNE, é a quinta mulher à frente da entidade em 77 anos de história. Aos 27 anos, a pernambucana de Garanhuns afirma que é preciso seguir na luta para aprofundar cada vez mais a conquista pelos direitos das mulheres. ‘’A luta contra a violência contra as mulheres ainda é bastante atual. Convivemos com denúncias frequentes de abusos às meninas nas universidades e escolas. Existem outros temas que considero fundamentais na luta feminista, como a legalização do aborto e a igualdade salarial. Infelizmente, nosso Congresso está cada vez mais conservador, então só com muita mobilização das mulheres de todo o país faremos avançar estas pautas”, salientou.
Na UBES, a mulher eleita em novembro de 2013 foi Bárbara Mello, carioca e técnica de administração. Aos 20 anos, ela é a oitava presidenta em 66 anos de vida da entidade. “Estou muito honrada e feliz em estar na presidência, mas sinto na pele os preconceitos que a mulher sofre na política”, conta.
Para ela, a mulher deve lutar pelos seus direitos, pois eles foram historicamente negados. ‘’A mulher já pode votar, mas poucas mulheres são eleitas. O feminismo está mais atual do que nunca, em especial pela resistência necessária a essa composição reacionária do Congresso Nacional. Sem falar dos recorrentes casos de estupro no Brasil e no mundo e do machismo incentivado pela mídia”, salientou.
As mulheres são a maioria do eleitorado no Brasil, porém a representatividade nas urnas não corresponde à participação na política. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de eleitoras chega a 52%, enquanto entre os 513 deputados federais somente 51 são mulheres (10%). Nas últimas eleições elas representaram apenas 30,7% dos candidatos.
‘’Por isso é muito simbólico que os estudantes tenham alçado às presidências das entidades três mulheres. Sentimos que podemos fazer parte dessa mudança tão necessária’’, falou a presidenta da UNE.
Na ANPG, entidade com apenas 29 anos, as mulheres estiveram à frente nove vezes. Tamara Naiz, pesquisadora, especialista em Cultura pela UFG, mestra em História pela UFG e doutoranda em História Econômica pela mesma universidade é a terceira presidenta consecutiva desde 2010. Para ela, a luta por mais espaços para as mulheres não significa querer apenas ocupar os espaços historicamente masculinos. ”Queremos promover igualdade de oportunidades para o empoderamento feminino. A participação das mulheres nos espaços de decisão é ainda muito insuficiente. Desse modo, a luta precisa continuar e cada mulher em espaço de poder significa passos andados na direção de uma sociedade mais igualitária”, avaliou.
ESSA LUTA NOS UNE
Não é recente a luta pelo direito das mulheres dentro do movimento estudantil. A UNE denuncia a violência em todas as suas formas de expressão, como a opressão sexista, os baixos salários e a invisibilidade do trabalho feminino. A história da entidade é marcada por importantes questões como a legalização do aborto, o combate ao machismo e à homofobia, a defesa de mais direitos para as estudantes grávidas e com filhos e a promoção de mais mulheres aos espaços de direção do movimento estudantil.
A participação na Coalizão pela Reforma Política e Democrática e Eleições Limpas também é outro meio de estimular a participação das mulheres. A alternância de gênero está prevista no projeto de Lei da Reforma Política Democrática e visa à destinação de 50% das vagas de candidatos para elas, estabelecendo também que o partido ou coligação que apresentar candidato ou candidata incluído em movimentos sociais terá acrescido em 3% sua participação no Fundo Democrático de Campanha.
Para conhecer mais sobre o projeto, acesse - http://www.reformapoliticademocratica.org.br/
EME
A UNE também realiza o Encontro de Mulheres Estudantes (EME) desde 2005. O evento surgiu por iniciativa da diretoria de Mulheres da UNE, com o objetivo de ser um espaço de auto-organização e fortalecimento do debate feminista na entidade, contribuindo no combate ao machismo e todas as formas de opressão sofridas pelas mulheres dentro das universidades e no movimento estudantil.
Em sua última edição, realizada na cidade de Camaçari, na Bahia, o 5º EME da UNE reafirmou a luta contra o machismo na universidade e a necessidade do fim dos trotes sexistas. As mais de 200 estudantes presentes discutiram a importância da construção de processos que afirmem o direito à autonomia econômica das mulheres e à divisão igualitária do trabalho doméstico e de cuidados, somando-se na luta pelas creches públicas e universitárias e reivindicando uma política nítida de assistência estudantil.
Fonte: UNE
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