Há quase 10 dias do final do ano de 2010 e portanto, do final dos 8 anos de mandato do governo Lula, fomos noticiados do depósito de pouco mais de 30 milhões de reais do orçamento da União na conta da União Nacional dos Estudantes, a UNE. Esse depósito seria referente à indenização que a entidade estava esperando há anos, correspondente à destruição e incêndio de sua famosa sede no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, pela ditadura militar.
Ao longo desses 8 anos, observamos uma total subjugação da UNE perante o governo. Alguns episódios são marcantes: em 2005, durante a crise do mensalão, a UNE, que foi pra rua derrubar o governo de Collor contra a corrupção, declarou imediato apoio ao governo, mesmo com as evidências de um grande envolvimento do alto escalão do PT e do governo. O outro episódio foi mais recente, com a crise da prova do ENEM, em que a UNE se comportou como uma Ouvidoria do MEC, e não participou de nenhuma manifestação que questionou o descaso do governo com a Educação.
Em 8 anos, também não faltaram recursos da União nas contas da entidade. Entre 2003 e 2009, a entidade recebeu cerca de R$ 13 milhões do governo federal, sob os dois mandatos de FHC, os recursos atingiram a ordem de R$1,3 milhão. Isso revela que na medida em que recebe mais dinheiro do governo, a entidade foi deixando no passado a sua combatividade e sua capacidade de crítica.
Dessa forma, perguntamos: se a UNE seguisse defendendo o programa histórico de luta dos estudantes e seguisse cumprindo um dos princípios básicos votado em seu Congresso de refundação, em 1979 - o princípio da independência diante de qualquer governo - será que a UNE receberia essa indenização nos dias atuais?
Poderíamos dizer que sim se víssemos o governo de Lula atendendo às reivindicações democráticas que envolvem desmascarar o passado obscuro da ditadura militar no Brasil. Ocorre que não foi isso que vimos acontecer. Não vimos, por exemplo, a abertura dos arquivos da ditadura e tampouco a indenização aos familiares dos perseguidos, torturados e mortos pela ditadura. Se o governo fosse justo com quem lutou contra a ditadura, não seria justo apenas com a UNE.
A diferença entre garantir a justa indenização à UNE e as outras medidas que não foram garantidas está no fato de que hoje, a UNE é parte da sustentação desse governo e está totalmente subjugada a todas as suas políticas. E isso ocorreu detrimento do seu passado de lutas e combatividade.
ASSEMBLEIA NACIONAL DOS ESTUDANTES - LIVRE!
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