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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

UGT: PALAVRA DO PRESIDENTE

Ricardo Patah, presidente Nacional da UGT
Há rumores no mercado, de acordo com uma reportagem da revista Exame que o Wal Mart negocia a compra do Carrefour. Na nota, se confirma o que nós, da União Geral dos Trabalhadores (UGT) já sabemos: “o Wal Mart já entendeu que não sabe operar se não for o líder”. Leia-se: se não tiver capacidade de impor suas condições de compra aos seus fornecedores.

Veja detalhes no link: http://portalexame.abril.com.br/blogs/primeiro-lugar/2009/12/04/wal-mart-cobica-o-carrefour/.

A UGT tem entre seus filiados o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, um dos maiores sindicatos do Brasil, e representa a imensa maioria dos trabalhadores e trabalhadoras do comércio, de serviços e em supermercados em São Paulo e no Brasil, por isso tem consciência do que está em andamento no Brasil, que é a consolidação de um oligopólio nos setores de comércio e serviços. E atenta à responsabilidade como central, a UGT denunciará essa formação ilegal de oligopólio ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Veja a própria definição do CADE para oligopólio, que é uma prática proibida por lei: “Oligopólios – É o tipo de estrutura econômica no qual poucas empresas detêm a maior parcela do mercado de um determinado serviço ou produto e controlam os preços e a demanda de um grande número de consumidores. Cada uma das empresas envolvidas nesta prática de concentração é bastante forte para influenciar o mercado, mas não o é para desprezar a reação de seus competidores.”

Vejamos então o que acontece bem debaixo das barbas do CADE sem, ainda, uma manifestação de oposição do órgão e, conforme previsto em lei, com consequências nefastas para os consumidores, os trabalhadores e a sociedade.

Depois dos bancos acelerarem as incorporações, nas quais “poucas empresas detêm a maior parcela do mercado de um determinado serviço ou produto e controlam os preços e a demanda de um grande número de consumidores”, a ponto de hoje a população brasileira ser refém de um amontoado de taxas bancárias usadas para transferir e concentrar renda nas mãos dos banqueiros. Prática anti-social que se acentua com a eliminação de postos de trabalho a ponto de a gente ver cada vez menos bancários ocupados nas agências.

Seguiram-se aos bancos Itaú incorporando o Unibanco; Santander incorporando o Real, o Pão de Açúcar incorporando o Ponto Frio e em seguida as Casas Bahia. E agora, conforme noticiado na revista Exame, o Wal Mart negociando a compra do Carrefour.

Por isso, a UGT vem a público para acionar o CADE para que se cumpra o que está previsto na Lei 8.884/94:

“As finalidades essenciais da Autarquia estão estabelecidas na Lei nº 8.884/94, que dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.”

Ou seja, precisamos apenas que o CADE cumpra o seu dever. Pois, caso se confirmem as fusões e aquisições em andamento, o que veremos é um arrocho sem precedentes dos grandes oligopólios (sim, é este o nome) que se formarão no setor de supermercados.

Num primeiro momento, vão adotar as políticas de terra arrasada com seus fornecedores, jogando os preços lá embaixo, porque são as únicas vias de distribuição das mercadorias. Em seguida, vão agir como os banqueiros e eliminar, aceleradamente, os postos de trabalho.

E no próximo passo, assim como fazem os bancos oligopolizados, vão criar os seus “spreads” próprios, ou seja, estabelecer suas próprias taxas de lucro entre o preço pago por organizações oligopolizadas e a venda final, aos consumidores que serão reféns de suas lojas.

É contra a articulação na formação de oligopólios dos vários setores (supermercados e grandes redes de eletrodomésticos e eletrônicos), que a UGT vem a público se manifestar. E que vai até o CADE para conseguir que as leis da livre concorrência capitalista, para as quais o órgão foi criado para fazer funcionar, entrem, de fato, em vigor.

Ricardo Patah, presidente nacional da UGT

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