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quinta-feira, 7 de março de 2013

5º ENCONTRO DAS MULHERES ESTUDANTES DA UNE


Diretoria de Mulheres organiza debate sobre melhorias para estudantes brasileiras
O 5º Encontro das Mulheres Estudantes da UNE (EME) será realizado de 29 a 31 de março na cidade de Camaçari, na Bahia. O EME surgiu em 2005, por iniciativa da diretoria de mulheres da UNE, com o objetivo de ser um espaço de organização e fortalecimento do debate feminista na entidade, contribuindo no combate ao machismo e todas as formas de opressão sofridas dentro das universidades e no movimento estudantil.
A diretora de Mulheres da UNE, Liliane Oliveira, afirma que “para as mulheres da UNE a universidade cumpre um papel central na transformação da sociedade e vamos reforçar com bastante unidade que para mudar a universidade: somos todas feministas!” Na entrevista abaixo ela explica os objetivos do Encontro e como ele contribuído para discutir pautas específicas e fazer avançar melhorias para as estudantes brasileiras.
QUAIS OS DESAFIOS DAS JOVENS UNIVERSITÁRIAS DE HOJE EM DIA?
As mulheres hoje ocupam metade do corpo discente da universidade, mas, os desafios ainda são muitos. Para isso temos que olhar por inteiro para a universidade.
A universidade expandiu, interiorizou, cursos noturnos foram abertos e mais mulheres jovens e trabalhadoras fazem parte desse universo. É necessário, portanto, que as mulheres façam verdadeiramente parte da universidade. Para isso temos que garantir nossa permanência na universidade. Para que a universidade seja verdadeiramente para as mulheres, três aspectos ainda saltam aos olhos: o primeiro é a necessidade de termos condições materiais para estudar. Temos que ter assistência estudantil específica para as mulheres. O segundo é produzir conhecimento que não reproduza os valores androcêntricos e patriarcais, e o terceiro, a participação das mulheres nos espaços de decisão da universidade.
Por um último, não podemos esquecer que o primeiro contato das estudantes com a universidade ainda é muito traumático. As recepções de calouros e trotes são humilhantes e fazem as estudantes carregarem cicatrizes ao longo de toda sua graduação. Essa “recepção” só reforça para as mulheres que a universidade ainda não é um espaço para elas.
COMO A UNIVERSIDADE PODE AJUDAR A AVANÇAR CONTRA O MACHISMO E A DESIGUALDADE NA SOCIEDADE?
A Universidade deve estar atenta à demanda de projetos e propostas integrados aos anseios populares, que promovem maior emancipação social. Não somente não reproduzir valores machistas e racistas, mas, também construir novos valores emancipadores. Para isso, a universidade tem desafios internos muito grandes a desconstruir. Temos que avançar na democratização da universidade incluindo na sua decisão as mulheres e ter sua produção, ensino, pesquisa e extensão voltadas para uma demanda da superação das desigualdades. A UNE aprovou recentemente, no CONEB, seu projeto de Reforma Universitária com foco na qualidade da educação. Reafirmamos neste projeto que a qualidade passa por construir valores de igualdade e uma educação não sexista.
QUAL VAI SER A PAUTA DE DISCUSSÃO DESSE 5º EME?
Chegamos ao 5º EME com uma bagagem de muitas mulheres de luta na UNE. Essas mulheres abriram muitas portas e apontaram muitos caminhos. É nossa tarefa dar continuidade e nos preparar para novos desafios. Queremos sair do EME com nossas campanhas periódicas: “pelo fim dos trotes machistas” e “pela criação de creches”, enraizadas e dar continuidade à campanha pela legalização do aborto iniciada na gestão de 2007 onde a Diretoria de Mulheres junto a então presidenta, Lúcia Stumpf, deu grande visibilidade ao tema.
Entendemos que o machismo estrutura e organiza nossa sociedade e apontamos a construção do feminismo para mudar essa realidade. Por isso, queremos protagonizar debates importantes na disputa de valores da juventude brasileira. Colocamos, também, na nossa agenda a luta pela democratização da mídia, contra a mídia sexista e por uma reforma política que inclua verdadeiramente as mulheres. Outro ponto importante é que o EME contará com o aprofundamento das lutas das mulheres contra o racismo e a luta contra a mercantilização do corpo e vida das mulheres.
Cristiane Tada.- UNE


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