O estudante de geologia da USP foi torturado e morto pelos militares dentro do DOI-CODI
A
Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” realizará nos
dias 14 e 15 de março uma série de atos em homenagem aos 40 anos da
morte do estudante de geologia da USP, Alexandre Vannucchi Leme,
assassinado pela ditadura militar.
Com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Estadual
dos Estudantes (UEE-SP) e diversas outras entidades do movimento social,
o ato “40 anos depois, Alexandre Vive!” contará com um show no Centro
Cultural São Paulo, uma missa na Catedral da Sé e uma cerimônia no
Instituto de Geociências da USP.
Durante o ato na USP, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça,
por meio da 68ª Caravana da Anistia, reconhecerá Alexandre Vannucchi
Leme como anistiado político, colocando o Estado brasileiro como culpado
pela perseguição, tortura e morte do estudante. Será protocolado também
um pedido de desculpas oficiais para a família.
Direito à memória estudantil
Com o objetivo de contribuir com a Comissão da Verdade do governo
federal na busca de informações que possam resultar em pistas sobre
estudantes desaparecidos durante o regime militar, a UNE e a UEE-SP
instauraram suas próprias Comissões.
Lançada em fevereiro, a Comissão da Verdade da UNE tem se organizado
em duas frentes de trabalho. Uma política, para encaminhar ações com as
universidades do país, ações culturais, judiciais e com outros segmentos
da sociedade. E outra técnica, para “por a mão na massa”, realizar
pesquisas bibliográficas, buscar acervos e dialogar com outras
comissões.
Já a “Comissão da Verdade Alexandre Vannucchi Leme” da UEE-SP será
lançada no início de abril, servindo também de complementação das
iniciativas já existentes. As ações dos estudantes paulistas contarão
com um processo de busca em arquivos públicos e privados, visitas em
locais onde a violação foi cometida, entrevistas com testemunhas e
apuração dos fatos junto às vítimas (no caso de perseguição e tortura) e
seus familiares.
Alexandre Vannucchi Leme, presente!
Natural de Sorocaba-SP, Minhoca (como era carinhosamente conhecido),
tinha 22 anos e cursava o 4ª ano da faculdade quando foi capturado pelos
encapuzados da Operação Bandeirante (Oban) e levado para DOI-CODI no
dia 16 de março de 1973, às 11h, de dentro da Cidade Universitária,
local de forte resistência estudantil ao regime militar.
Nas mãos dos repressores, o estudante foi submetido a sessões de
torturas sendo iniciadas no momento da prisão durando horas
consecutivas, lideradas diretamente pelo comandante daquele
departamento, o major Carlos Alberto Brilhante Ulstra. Em seus relatos,
os sobreviventes contam que o estudante ao chegar no DOI-COD, após horas
de torturas foi colocado em uma solitária, onde após uma série de
torturas foi encontrado morto com uma forte hemorragia no abdômen.
Programação
14 de março
- Show “Conversando com a Paz”, com Sergio Ricardo e convidados
Local: Centro Cultural São Paulo.
Horário: 19h
15 de março
- Comissão de Anistia do Ministério
da Justiça / 68 Caravana da Anistia: Ato Oficial de Reconhecimento pelo
Estado Brasileiro de Alexandre Vannuchi Leme como Anistiado Político.
Local: Instituto de Geociências (USP)
Horário: 12h
- Missa em Homenagem a Alexandre Vannuchi Leme
Local: Catedral da Sé
Horário: 18h
Confira a reportagem da TV dos Trabalhadores com o jornalista Sergio
Gomes, um dos organizadores do “40 anos depois, Alexandre Vive!”:
Fonte: UNE
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