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terça-feira, 3 de junho de 2014

CONQUISTAS E DESAFIOS DA LUTAS DAS MULHERES NO COMBATE AO MACHISMO

Reforma política é consenso entre debatedoras como forma de buscar igualdade de gênero
Emancipação financeira, respeito, segurança, voz política, mais direitos. Todas essas questões foram amplamente debatidas pelos participantes da mesa de combate ao machismo do 62º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) que aconteceu neste sábado (31). Para discutir estes assuntos estiveram presentes a representantes da Marcha Mundial das Mulheres, Natália Doria e da União Brasileira de Mulheres, Maria das Neves.
“Toda vez que avançamos, sempre tem algo puxando para trás”, destacou a representante da Marcha.
Ela ressaltou como avanço as Secretarias das Mulheres e da Igualdade Racial, a legalização de aborto de fetos anencéfalos. E como retrocessos quando o governo se submete às bancadas ruralistas e evangélicas, que batem de frente com direitos ligados à emancipação das mulheres.
Para Natália também é preciso avanço no debate da sexualidade e do prazer. “Pra vender cerveja podemos usar roupa curta, provocante, mas na vida real somos divididas entre santas e putas”, destacou.
Dentro do assunto das eleições Natália lembrou de como a questão do aborto é explorada como quando é especulado entre as esposas dos candidatos qual já realizou um aborto.
“No processo eleitoral temos que tomar muito cuidado ainda para nossas pautas [de mulheres] não serem debatidas como moeda de troca”, alertou.
Já a representante da UBM lembrou que a única forma de abrir espaço centrais para as mulheres na política e combater a despatriarcalização da sociedade é com a reforma política que assegure lista fechada e alternância de gênero.
Maria disse também que estamos em um momento de atualização da luta feminista. “Estamos mais jovens, vide esta sala repleta de garotas novas. Essa atualização requer que a gente se desafie. Quais são as mulheres que queremos dialogar? As que não são feministas ainda”, afirmou ela. E continuou: “precisamos ter muita estratégia, por exemplo, para convencer nossas mães, nossas avós da necessidade de legalização do aborto. Sobretudo neste ano eleitoral precisamos convencer todas, ricas, pobres, estudantes ou não, a respeito do feminismo, mas não esse feminismo ridicularizado pelo patriarcado.”
UNE DE LUTA, NEGRA E FEMINISTA, LUTA PARA CONSTRUIR UMA EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA
A militante da UBM ainda saudou os 10 anos da diretoria de mulheres da UNE e afirmou que se hoje comemoramos algumas conquistas feministas elas perpassam a entidade “porque as mulheres são a base da UNE”. Ela lembrou das inúmeras presidentas que já passaram e que compõe a entidade.
“Nós somos a geração de mulheres que conquistou os 75% dos royalties para a educação, 10% do PIB, temos que garantir que estes recursos sejam investidos em reivindicações nossas como assistência estudantil e principalmente creches para filhos das estudantes” , ressaltou.
Para ela a UNE tem que porta-voz dessas jovens que querem o aborto legal, porque entendem que essa é uma questão de saúde pública, que milhares de mulheres pobres morrem todos os dias em decorrência de procedimentos de clínicas clandestinas.   
A diretora de mulheres da UNE, Lays Gonçalves, que mediou a discussão, ressaltou os grandes desafios na luta das mulheres e lembrou que o Plano Nacional de Educação (PNE), recentemente aprovado teve o artigo 2 que previa “difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação”, totalmente descaracterizado.
Já a estudante carioca Priscila Moreira Borges, sugeriu que todas as mesas de eventos da entidade tenham paridade de gênero.
Várias estudantes fizeram intervenções e falaram sobre seus desafios e lutas diárias combatendo o machismo no ambiente acadêmico de norte a sul do país.
Maria encerrou o debate dizendo que a disputa de projeto de Brasil que as estudantes defendem é a que tem mais mulheres candidatas que defendam suas pautas. “É com muita unidade dos nossos movimentos, que vamos esclarecer a sociedade da nossa luta”.
Cristiane Tada - UNE

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