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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Queremos saber: onde foi parar a merenda escolar?

Secundaristas de São Paulo se mobilizam para cobrar investigação do esquema de corrupção na merenda das escolas estaduais

As aulas mal começaram e os secundaristas das escolas estaduais de São Paulo já têm motivos de sobra para reclamar. No primeiro dia do ano letivo, segunda-feira (15), o estudante Henrique Vidal chegou à Escola Estadual Doutor Carlos Augusto de Freitas Villalva Junior, em que estuda há dois anos na zona sul da capital, e se deparou com uma refeição diferente do que a de costume no horário do recreio.
“Foram servidos bolacha de água e sal e suco de laranja em vez da merenda tradicional, que seria arroz, feijão e carne ou macarrão. Na verdade, estamos recebendo isso desde a metade do ano passado. Essa merenda não nos alimenta de verdade, só serve para forrar o estômago”, explica.
Henrique é apenas um entre muitos estudantes vítimas do esquema de corrupção da merenda escolar, envolvendo o governo de São Paulo e pelo menos 20 prefeituras do interior paulista. O esquema já atinge mais de 150 municípios do estado.
A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo investigam desde 19 de janeiro a participação de políticos no roubo da merenda. A batizada operação Alba Branca apreendeu dirigentes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) em Bebedouro, cidade do interior de São Paulo que está no centro das investigações. Na Coaf, policiais e promotores encontraram indícios de que pelo menos 20 prefeituras do estado pagaram mais caro pela merenda servida em creches e escolas públicas.
Segundo o funcionário da Coaf que denunciou a fraude, a cooperativa contratava “lobistas” que atuavam junto aos governos e prefeituras, pagando propina a agentes públicos em troca de favorecimento em contratos. O maior deles é com a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. De acordo com o Ministério Público, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) pagou R$ 7,7 milhões à cooperativa no último ano.
Durante as investigações, foram apontados como supostos recebedores de propina o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB); o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin e braço-direito do secretário Edson Aparecido, Luiz Roberto dos Santos; o presidente do PMDB paulista, deputado federal Baleia Rossi; o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB); e o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD). Há suspeita de que a propina tenha sido usada em campanhas eleitorais.
Fonte: UBES

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