Número de concorrentes com até 24 anos praticamente dobrou em 2010 na comparação com 2006; EstudanteNet conversou com vários da safra mais jovem saída do movimento estudantil, de diversas correntes políticas e ideológicas, sobre o papel da juventude na política
Aproximadamente um terço das pessoas que votarão, no dia 3 de outubro, tem entre 18 e 29 anos. São 30% dos eleitores do país, capazes de definir, numericamente, qualquer disputa para qualquer cargo. Apesar de ter tanta importância no eleitorado, o número de políticos eleitos nessa faixa etária é relativamente pequeno. Desde as eleições de 1989, o Brasil teve apenas 3% de deputados federais com até 29 anos.
Se a juventude tem sido, historicamente, excluída da participação no poder e se ainda há preconceito contra o jovem para cuidar do futuro do país, as eleições de 2010 podem representar um começo de virada nesse quadro. Para se ter uma idéia, nesse ano, 14 jovens entre 18 e 20 anos apresentaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) suas candidaturas para os cargos de deputado federal e estadual nas eleições de outubro. Serão rejeitadas, pois aos 18 só se pode concorrer a vereador. No entanto, o número demonstra o crescente interesse da população mais jovem em exercer, também, os seus direitos políticos.
Já na faixa etária entre os 21 e 24 anos, os números são realmente animadores. Em 2006 eram 161 candidatos, em 2010 são 314, um aumento de quase 100% na quantidade de representantes da juventude para os cargos de deputado federal e estadual em todo o país.
Origens no movimento estudantil
Segundo o cientista político Teófilo Rodrigues, o envolvimento cada vez maior desses jovens com a política tem, entre suas diversas causas, as experiências que tiveram no movimento estudantil: “é um caminho de entrada para a vida política do país”, afirma. Ele também lembrou que diversos ex-presidentes da União Nacional dos Estudantes ou da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas têm alguma atividade no mundo político atual.
Como exemplo de alguns, podem ser citados os ex-presidentes da UBES Juca Ferreira (atual ministro da Cultura) e Igor Bruno (ex-secretário de Juventude do município do Rio de Janeiro); os ex-presidentes da UNE Orlando Silva (ministro dos Esportes), Aldo Rebelo (deputado federal), José Serra (ex-governador de São Paulo), Lindberg Farias (ex-prefeito de Nova Iguaçu-RJ) e Gustavo Petta (ex-secretário de Esporte e Lazer de Campinas).
Candidatos e suas idéias
O EstudanteNet foi conversar com alguns candidatos da safra mais jovem saída do movimento estudantil e saber suas expectativas e propostas para encarar o desafio de assumir uma cadeira na Câmara dos deputados ou assembléias legislativas. Em comum, todos têm trajetória de militância nas escolas (grêmios) ou em DCEs e CAs das instituições de ensino superior. Cientes de que podem ser a verdadeira renovação no legislativo, eles mostram suas idéias.
"A renovação na política é extremamente necessária. E uma renovação não só de rostos, mas também de práticas, de objetivos, de visão”, afirma Leonel Camasão, 23 anos, o caçula dos entrevistados. Candidato a deputado federal pelo PSOL de Santa Catarina, ele afirma que “ser jovem na política é manter espírito revolucionário. Envelhecer sem perder os ideais da juventude, sem se dobrar, sem se render, sem se vender”. É jornalista e ingressou no movimento estudantil na sua faculdade.
O fisioterapeuta Marcelo Schrubbe, de 29, vereador em Blumenau (SC), pleiteia a vaga de deputado federal por Santa Catarina pelo Democratas (DEM-SC). Para ele ser jovem na política não é uma questão apenas de idade, mas sim de postura. É ter “maior engajamento, sem vícios, acreditando em sonhos, no poder da transformação, na melhoria todos os dias da condição de nossa sociedade e no poder das novas idéias”. Foi vice-presidente do DCE da universidade, atuou como bombeiro comunitário e tem longa trajetória na direção de entidades de classe (de bombeiros e de fisioterapeutas).
Também da região Sul, Maurício Piccin, 29, veterinário, foi diretor e primeiro-vice-presidente da UNE (2003-2007). Concorre a deputado estadual pelo PT do Rio Grande do Sul. Acredita que ser jovem pode, sim, influenciar no resultado da sua candidatura. “Ser jovem na política é ter a ousadia para enfrentar as mesmas dificuldades que a juventude encontra para se fazer ouvir, para ter vez e para fazer acontecer”. Concorda que há na sociedade certa aversão à política, a qual atribui “aos maus políticos, mas também à investida dos grandes meios de comunicação para afastar o povo desse debate”.
Rumando para o Nordeste brasileiro encontramos o estudante de Letras Emerson Lira, 24 anos, candidato a deputado estadual na Paraíba pelo Partido Comunista Revolucionário (PCR). Há sete anos atuando no movimento estudantil, atribui a essa atividade a base de sua militância política. “Ser jovem para mim é ser revolucionário. É destinar toda a energia e a combatividade característica da idade para a luta por uma sociedade sem exploração, portanto, sem as mazelas que vemos no dia a dia como a miséria, a fome, o desemprego etc”.
Do Sergipe, Valadares Filho, 29 anos, busca seu segundo mandato à Câmara Federal pelo PSB-SE. É o único que já tem registro na Casa e contabiliza importante apoio na articulação para aprovação da PEC da juventude. Foi um dos parlamentares a pedir a votação do Plano Nacional da Juventude ao presidente da Câmara (Michel Temer). O candidato também defende que a juventude vai além da idade, estando principalmente nas idéias e ações. “O jovem está à frente do seu tempo, se preocupa com o futuro do país, não apenas com discursos mas, na prática, com ações efetivas”.
Marcos Aurélio Garcia de Lemos, 27, candidato a deputado federal pelo PSB-RN, começou a carreira política ainda como secundarista, atuando no grêmio do CEFET Rio Grande do Norte. Para ele, as mudanças só ocorrem através da política, que precisa ser renovada: “É importante renovar não apenas considerando figuras ou a idade mas, principalmente, os ideais e os métodos. Deve-se perceber a vitalidade e jovialidade nas idéias, bandeiras e compromissos que lutamos pra representar. É uma fase especial, criativa, experimental, perigosa e determinante na vida de qualquer pessoa”.
Formado em odontologia, Thiago Lobo, 31 anos, é candidato a deputado estadual em São Paulo pelo PSDB. Por sua relação estreita com o esporte, na universidade promoveu jogos e gincanas universitárias, incentivando futuros atletas. Para ele "ser jovem é estar do lado dos direitos da sociedade, sem distinção de credo, cor, idade, religião”. E ressalta: “Não podemos continuar com aquele discurso antigo de que somos a geração futura, nós somos o presente”.
Candidato a deputado federal pelo PCdoB-SP, Gustavo Petta, 29, foi por duas gestões presidente da UNE (2003-2006), secretário de Esportes e Lazer de Campinas (SP), membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Nacional de Juventude do governo Lula. Petta considera que ser jovem é ser livre para pensar, agir, fazer, arriscar, experimentar, lutar e vencer:
“Os jovens brasileiros estão bombando. O caminho está no movimento estudantil, nas posses de Hip Hop da periferia, na turma do esporte, na participação online pelos grupos e redes sociais, na universidade, no cinema, no teatro, no mercado de trabalho, na política. Devemos aproveitar a juventude, o melhor período de nossas vidas”, diz. “Embora, nós, e tantos outros diversos candidatos jovens, tenhamos partidos e propostas diferentes, existe um luta geracional que nos unifica. E isso é que é o importante nesse momento”, sintetiza o candidato comunista.
Sandra Cruz e Rafael Minoro-Fonte: UNE. " A Juventude brasileira, que é maioria no Brasil, precisa engajar na política para que suas expirações possam se concretizar". Eduardo Vasconcelos-CPC/RN.
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