Antes do pleito eleitoral de 2010, pesquisas realizadas apontaram três preocupações da população para o próximo governo: saúde, segurança e educação; nessa ordem. Hospitais públicos com demanda acima de sua capacidade, e o crescimento da marginalidade juvenil são questões diariamente debatidas. Entretanto não se percebe que esses fatores estão diretamente ligados à educação.
Nas últimas décadas, essa área vem sofrendo com medidas paliativas e de ilusório aprimoramento. Muito se falou em evasão escolar, e atitudes foram tomadas para diminuí-la. Hoje, os alunos de escolas públicas têm sua progressão de série facilitada e incentivada, para que não desistam de estudar. Resultado: elevado índice de estudantes que concluem o ensino fundamental sem compreender o que lêem, com dificuldade de efetuar cálculos simples e de reconhecer os estados do próprio país em um mapa. Chega então o momento de buscar o ingresso na universidade.
Críticos condenam os vestibulares tradicionais por exigirem muito de seus candidatos, e defendem que alunos provenientes de escolas públicas não conseguem transpor essa barreira rumo ao ensino superior. No entanto, se ambos fazem parte da educação pública, porque o currículo do ensino médio não condiz com o cobrado no concurso vestibular?
É primoroso que entidades conceituadas como a USP e a UFRGS – entre outras – exijam de seus futuros acadêmicos conhecimentos mínimos em todas as áreas do conhecimento científico. Caso contrário, como elas transformarão em engenheiro alguém que não consegue efetuar operações trigonométricas? Como tornarão juiz, aquele que mal conhece a história nacional?
Salários ruins, infra-estrutura precária, falta de segurança, são problemas que corroem as escolas brasileiras. Faltam investimentos e mudanças na base educacional; e a própria população contribui para isso. Vai aos jornais reclamar da carência de leitos no SUS, mas não protestam contra a falta de professores para ensinar seus filhos, e ignoram o fato de que cerca de 60% das enfermidades poderiam ser evitadas por ações profiláticas. Revoltam-se com a violência que lhes bate a porta, mas para um jovem tornou-se mais rentável e proveitoso sucumbir ao crime, a tornar-se professor.
O futuro da nação está sendo menosprezado, pois são os jovens que erguerão o Brasil de amanhã. Não obstante, devem ser respeitados e incentivados a conhecer o que querem construir e mudar na sociedade da qual fazem parte. Mas isso, só uma educação de qualidade poderá proporcionar a eles.
Carla Teixeira
Postado por Movimento Estudantil 2010.
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