Augusto Chagas (esquerda) ao lado do Martinho da Vila e amigos
O evento, que trará Beth Carvalho como madrinha e homenageada, reúne o melhor do samba brasileiro no próximo verão
Aos 72 anos, sendo mais de 40 de carreira, um dos mais populares compositores e cantores de samba se reuniu com a coordenação da 7ª Bienal da UNE para confirmar presença no maior evento estudantil da América Latina, que acontecerá entre os dias 18 e 23 de janeiro de 2011, no Rio de Janeiro. O compromisso foi firmado em um almoço com o presidente da UNE, Augusto Chagas, e os coordenadores do festival Fellipe Redó, Guilherme Barcelos e Rafael Gomes.
O descontraído bate-papo durou mais de três horas e os assuntos permearam temas como carnaval, política, vida pessoal e, claro, sobre o tema da Bienal deste ano, que se encaixa como luva na trajetória do cantor: "Brasil no estandarte, o samba é meu combate".
Martinho apresentará um show durante a 7ª Bienal e também participará do "Buteco Literário", onde irá expor o seu novo livro, "Os lusófonos", romance que analisa o entrelace de países com diferentes culturas na sua origem, mas aproximados pelo calor do idioma português. O "Buteco Literário" será um dos principais espaços da Bienal para dialogar com o samba e discutir a composição literal por meio da música, casando literatura com o som dos batuques. No clima genuíno do samba, o espaço também reunirá rodas de samba, bebidas e comidas típicas, lançamentos de livros e um telecentro com acesso à internet.
"Sempre fomos muito discriminados. É muito legal a UNE falar sobre samba porque o ensino brasileiro omite esse pedaço da história do nosso povo. A escolha desse tema reforça toda a nossa luta de combate”, analisou o cantor, que já escreveu músicas de protesto e descreveu a história do Brasil a partir de sambas como “Quatro Séculos de Modas e Costumes”, além de interpretar "Kizomba, Festa da Raça", que ecoa o grito de Zumbi dos Palmares ao longo dos anos no país e com o qual a Vila Isabel conquistou, em 1988, seu primeiro título no carnaval carioca.
Gênero básico da MPB, o samba tem tempero carioca. Martinho, fluminense de Duas Barras, carrega esse tempero no sangue e na história. Popularizou o partido-alto, em canções como "Casa de Bamba" e "Pequeno Burguês" e compactou o samba-enredo, ampliando sua potencialidade no mercado musical.
Autor de sambas populares como “Mulheres”, “Devagar, Devagarinho”, Martinho, durante a conversa, fez uma crítica à indústria do carnaval que escolhe, hoje, temas de sambas-enredo conforme o patrocínio publicitário da escola. "Existem temas que não tem relevância alguma mas precisam ser explorados por conta dos patrocinadores. Essa discussão de vocês é pertinente também neste aspecto, pois aborda um assunto importante para a cultura nacional", afirmou. Inscreva-se: acesse http://www.une.org.br/
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