Publicado: 31/10/2011 por Blog da UBES em UBES
Em 31 de outubro de 1981, após anos de perseguição aos estudantes, acontece no Paraná o 21° Congresso da UBES que marca o retorno da entidade.
Até nos livros da escola está registrado, a participação do movimento estudantil que lutou bravamente durante a Ditadura Militar. Foi com a irreverência da juventude que nós, estudantes secundaristas, contribuímos para o desenvolvimento da política e da democracia no Brasil. Desde as décadas de 30 e 40, o interesse dos estudantes em melhorias na educação já era motivo para nos reunirmos nos grêmios estudantis, aumentando cada vez mais a participação política dos jovens.
A União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) existe desde 1948, quando foi realizado nosso primeiro congresso nacional, que firmou ao decorrer dos anos nossas bandeiras de luta e se envolvendo com importantes movimentos sociais da época. Estivemos à frente das principais manifestações, mobilizando e reunindo diferentes setores da sociedade.
Em 1950, já fazíamos reivindicações contra o aumento do transporte público e a favor do Passe Livre Estudantil; saíamos pelas ruas liderando passeatas, parando cidades – como foi o caso do Rio de Janeiro que ficou paralisada dois dias em 1956 com a “Revolta dos Bondes”. Não demorou muito e os militares que entraram no poder em 1964 começaram a perseguir e prender os líderes estudantis; na época qualquer tipo de ajuntamento era risco sob a vista dos militares, mas mesmo assim enfrentamos a repressão.
Momento marcante que toda sociedade se sensibilizou, foi quando durante confronto no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro, em uma passeata o secundarista Edson Luís de 18 anos foi assassinado pelos militares. A juventude estava sob revolta diante da brutalidade da polícia; não nos intimidamos, pelo contrário, as manifestações se tornaram ainda mais freqüentes, culminando na Passeata dos 100 mil em junho de 1968.
Em dezembro, a revanche: foi instaurado o Ato Institucional Nº5. A partir daí, qualquer tipo de reunião, movimento artístico ou manifestação de nossas opiniões estavam expressamente proibidos, foi quando começamos a nos organizar clandestinamente. Locais de encontros eram demolidos e a perseguição constante, os estudantes sob a crueldade do governo acabaram se dispersando.
Passaram 10 anos e se tornou impossível segurar o sentimento a favor das mudanças sociais através da democracia que nós estudantes sempre carregamos, a rebeldia eminente fortaleceu a chama. E foi assim, que em 1977 começamos o processo de reorganização do movimento com a convocação de um congresso contra a ilegalidade.
Em Curitiba-PR , no ano de 1981, estudantes de todo Brasil se reuniram em um galpão sem nenhuma estrutura, mas o que realmente importava era a reorganização e consolidação da UBES. A cavalaria invadiu o congresso, prendeu estudantes, o que não nos intimidou, dessa vez voltamos com mais garra e experiência para seguir nossa luta, a favor da liberdade de expressão.
“E ainda tem gente que diz que isso é coisa de criança”
A população em massa, organizada nos movimentos sociais se unificou em oposição aos militares na campanha “Diretas Já”, que teve participação expressiva da UBES; apesar das mobilizações a emenda não foi aprovada. Mas não teve jeito, a pressão do povo foi mais forte, a ditadura teve seu fim marcado pela eleição indireta que elegeu o presidente Tancredo Neves.
As principais cidades presenciaram dezenas de passeatas que reafirmaram a volta dos estudantes na vida política da nossa nação. As conquistas foram se multiplicando, como a aprovação do passe livre no Rio de Janeiro e da meia-entrada nos cinemas e teatros em diversas capitais do Brasil, o impeachment do presidente Collor e o enfrentamento da Era FHC e tantas outras lutas que seguiram.
Os estudantes foram (e são) portadores de importantes mudanças sociais, representando hoje a sociedade civil. O que era para ser o fim se tornou o recomeço, servindo para fortalecer as bandeiras da entidade que com toda experiência de vida segue, em seus 30 anos de reconstrução, a luta por uma sociedade mais justa, desenvolvida e igualitária.
“Quem vem com tudo não cansa” – Cazuza
Foi com muita raça e amor pelo Brasil que a UBES se reergueu, e vem há 30 anos depois de sua reconstrução pautando as políticas educacionais do país, defendendo uma educação de qualidade, desenvolvimento e soberania nacional.
Hoje temos muito o que comemorar: A conquista do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), inclusão de Sociologia e Filosofia na grade curricular das escolas públicas e privadas, o voto aos 16 anos (Se Liga 16), participação no Conselho Nacional de Juventude (CONJUV) e na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
A luta continua, agora pelo investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na Educação, quebra do veto presidencial ao projeto de 50% do Fundo Social do Pré-Sal para educação, projeto nacional de Passe-Livre, reserva de vagas para estudantes de escolas públicas para universidades públicas, ampliação do ensino técnico, currículo que corresponda as necessidades atuais da juventude, integração latino-americana e combate ao imperialismo.
Mas a luta não para por aqui, ainda temos muitos motivos para continuar. Hoje temos cerca de 75 milhões de estudantes secundaristas no Brasil, matriculados em escolas públicas que não oferecem ensino adequado ao momento que vivemos. A UBES convida a estudantada de todo o país a fazer desse grande movimento.
Vem aí em dezembro, 39° Congresso da UBES!
No ano que nossa entidade completa 30 Anos de Reconstrução, acontecerá o maior congresso da história do movimento secundarista, já ultrapassamos o número de 5 milhões de estudantes que estão conhecendo a luta da UBES que segue na defesa do Brasil, da educação e dos estudantes.
Já somamos mais de 4 mil escolas que se organizam para eleições, elegendo delegados que terão direito a voz e voto na escolha da nova diretoria que estará à frente da entidade nos próximos 2 anos e suas novas diretrizes para gestão.
Abaixo-assinado #Educacao10
Acompanhando o processo de redemocratização do movimento secundarista, hoje, três décadas depois da ditadura militar vivemos uma nova fase de democracia e do poder de mobilização da juventude. Marcando a realização do 39° CONUBES, a entidade, junto à União Nacional dos Estudantes (UNE) e Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) lança o abaixo-assinado em defesa de 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para Educação, que promete bater a marca de 1 milhão de apoiadores de uma das maiores campanhas em defesa da educação já promovida no Brasil. Venha você também para somar e construir os novos marcos da história da UBES!
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