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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

UNE- "CANTA UM NOVO MUNDO" NO 2º FESTIVAL LATINO-AMERICANO DAS JUVENTUDES


Com o tema “O canto de um novo mundo” o encontro reuniu 7 mil jovens do Brasil e da América Latina
“O canto de um novo mundo” foi o tema do 2° Festival Latino-Americano das Juventudes que, entre os dias 8 e 11 de outubro agitou a cidade de Fortaleza, na capital do Ceará, e reuniu mais de 7 mil jovens de diferentes regiões do Brasil e de países da América Latina, como Paraguai, Equador, Cuba, Chile e Argentina.
Com o objetivo de promover um intercâmbio através da troca de realidades e experiências já vividas entre movimentos de juventudes, o Festival se transformou em um espaço de formação, articulação política, discussão e produção cultural.
A Cidade da Juventude, construída no Clube da Cofeco, na praia da Abreulândia, abrigou uma extensa programação com dezenas de atividades autogestionadas: oficinas, conferências, encontros de movimentos juvenis, feira de economia solidária, seminários, apresentações culturais e shows de bandas locais e nacionais. Arte, cultura, movimentos sociais, diversidade sexual, hip hop, gênero, tecnologia, meio ambiente foram alguns dos temas trabalhados e desenvolvidos nos 24 espaços da Cidade.

Com a força da interação juvenil, a União Nacional dos Estudantes esteve presente no 2° Festival Latino-Americano das Juventude, debatendo assuntos de extrema importância para a juventude e a sociedade.
A vice-presidenta da entidade, Clarissa Alves da Cunha; a diretora de Mulheres, Liliane Oliveira; o diretor de Meio Ambiente, Diego Loiola; o diretor de Combate ao Racismo, Cristian Ribas; a diretora de Educação Tecnológica, Caroline Bernardo e o diretor de Políticas Educacionais, Estevão Cruz estiveram nas conferências participando das mesas de debate.
Os caminhos e as perspectivas da juventude, a cultura e identidade afro-brasileira, a legalização do aborto, a união da juventude rural, a perspectiva para o semi-árido por meio da educação e do meio ambiente e o Rio+20, evento que vai reunir, no próximo ano, líderes mundiais para debater as políticas de ações sustentáveis foram os temas debatidos pelos diretores.
Para Clarissa, a UNE, como uma entidade histórica de representação juvenil, não poderia ficar de fora de um encontro tão importante. “O Festival reúne jovens de diferentes frentes e movimentos que unidos, e com convidados vizinhos da América Latina, pensam juntos em como intervir na construção de uma sociedade mais justa e libertária” disse.
Uma grande plenária da UNE que contou com a participação de Clarissa, da primeira tesoureira da UNE, Marilia Rodrigues; do vice regional Ceará da UNE, Ivo Braga, e do segundo diretor de Meio Ambiente da UNE, Marcelo Tourinho, foi realizada na terça-feira (11), antecedendo e organizando a participação da entidade na Assembléia dos Movimentos Sociais, que finalizou o 2º Festival das Juventudes.
“Através da unidade dos mais diversos movimentos sociais caminharemos juntos nessa construção de uma nova cultura política. A presença da UNE com sua bandeira dos 10% do PIB para educação colocou no centro do debate a importância de mais investimento no ensino da juventude brasileira”, afirma a vice-presidenta.

Encerrando o 2° Festival Latino-Americano das Juventudes foi organizada uma grande “Assembléia dos Movimentos Sociais” com representantes da UNE, UBES, CUT, CONTAG, FETRAF, Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, Marcha Mundial de Mulheres, Pastoral da Juventude, Rede Jovens do Nordeste, Enegrecer, Grab – entidade filiada a ABGLT, MH2O, Fórum Cearense de Hip Hop, Levante Popular, MST, MAB, Via Campesina, Fonajuves, Levante Popular, União Nacional da luta por Moradia popular, Fórum de Juventude do Rio de Janeiro.
A partir da participação de cada coletivo no encontro, foi elaborado um manifesto único intitulado de “O canto de um novo mundo é anticapitalista”, aprovado e assinado por todas as entidades presentes.

“O canto de um novo mundo é anticapitalista”
Um canto para um novo mundo, este é o lema do 2º Festival Latino-Americano das Juventudes de Fortaleza, um espaço de diálogo e organização da juventude, um canto onde a arte e a política se encontram para fazer ecoar os desejos de mudança da juventude latinoamericana.
O 2º Festival é a marca do diálogo em torno e em busca de experiências progressistas na América Latina. De um lado, temos a força e história de lutas da juventude brasileira, do outro a experiência da gestão municipal da cidade de Fortaleza marcada pelo respeito ao movimento social, o investimento em políticas de juventude e processos importantes de participação popular.
Manifestações pipocam em todas as partes do mundo, a primavera árabe, as manifestações na Espanha, França, Londres, a luta pela educação no Chile, o povo grego e, mais recentemente, as manifestações no centro do capitalismo financeiro: o acampamento em Wall Street. São respostas à crise econômica e civilizacional que se abate sobre o sistema capitalista.
Ecoa mais forte na América Latina o canto da transformação e das mudanças. Nosso continente aparece hoje para o mundo como um espaço de amplo diálogo e de novas experiências progressistas. Nesta conjuntura, tem papel preponderante o avanço de governos com fortes laços com os setores da esquerda, capazes de responder aos dilemas colocados pela crise do capital.
Mas, acima de tudo, possui centralidade nesse quadro o fortalecimento e a capacidade de organização dos movimentos sociais e da juventude latino americana. O novo canto se constrói, acima de tudo, no dia a dia da luta política dos movimentos sociais na América Latina.
A juventude, diferente do que prega o senso comum que a atribui a passividade, tem sido a grande protagonista dessas lutas, que reivindicam mais liberdade, radicalização da democracia e a imposição de limites a voracidade do mercado especulativo mundial.
O canto da juventude presente em Fortaleza quer superar o modelo de sociedade que privilegia o capital, o lucro de poucos e a pobreza de muitos. Um sistema que mantém os países do eixo sul do mundo em situação de pobreza e dependência. Nosso canto quer apontar e agregar alternativas no sentido de construir uma sociedade justa, democrática e igualitária.
Este manifesto se referência na Plataforma da Juventude de 2010, aprovada no 1º Festival das Juventudes de Fortaleza, que reuniu os movimentos sociais e juvenis para a construção de um olhar comum sobre a conjuntura e os desafios do Brasil. Expressa também as lutas que se realizaram este ano pelo conjuntos dos movimentos: A Jornada de Lutas da UNE e da UBES, a Marcha das Margaridas, o abril vermelho da Via Campesina, Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, os Dias Nacionais de Mobilização da CUT, 7ª Jornada de Lutas da Fetraf Brasil – CUT, o Grito da Terra Brasil da CONTAG, O Dia Nacional da Juventude, a Campanha Nacional contra violência e o extermínio de jovens da PJS.
Nesse contexto, vivemos um momento de fortalecimento do movimento juvenil brasileiro. Em especial, nos deparamos com o surgimento de novas formas de organização e participação, entre eles, o movimento hip hop com papel preponderante no engajamento dos jovens das periferias na luta pela transformação social, a potencialização das redes e fóruns de juventude, a construção de movimentos ambientalistas e movimentos comunitários e culturais.
Nos reencontramos no 2º Festival com a certeza de que a mobilização da Plataforma da Juventude foi preponderante para disputar a hegemonia do processo eleitoral. Contribuiu decisivamente na eleição de Dilma e renovou a possibilidade de aprofundamento do projeto democrático e popular, com desenvolvimento econômico, distribuição de renda e justiça social. Fizemos parte dessa vitória, mas sabemos que será necessário muita luta social e pressão para que possamos ter um país realmente justo e igualitário.
Neste momento que estamos em pleno processo de organização da 2ª Conferência Nacional de Juventude, onde milhares de jovens de país apresentam suas expectativas com o presente e o futuro. O Festival das Juventudes se apresenta com um espaço privilegiado de articulação dos movimentos, organizações, redes e fóruns de juventude que servirá para disputa desse espaço e dos rumos das políticas de juventude no País.
Neste caminho, torna-se central a consolidação do sistema nacional de juventude, com a criação de um fundo nacional destinado as PPJ´s e constituição de um Pacto Federativo que atribua responsabilidades aos Municípios, Estados, Distrito Federal e a União, com participação e controle social. Com a vitória da aprovação do Estatuto da Juventude na Câmara, torna-se central pressionar pela aprovação do Estatuto da Juventude no Senado para que seja sancionado antes da etapa nacional da 2ª Conferência Nacional de Juventude.
Tal sistema deve caminhar no sentido de garantir o desenvolvimento integral da juventude, ampliando a qualidade e financiamento em educação – atingindo a meta de 10%do PIB em Educação, garantindo políticas de melhoria da qualidade de vida da juventude rural, de acesso universal e de qualidade a saúde, de promoção do trabalho decente para a juventude e de construção de políticas de esporte, cultura e lazer para que as juventudes possam usufruir do seu tempo livre.
A garantia da diversidade e da igualdade deve também estar no centro desta agenda. O combate ao extermínio da juventude, especialmente negra, a adoção de políticas afirmativas, a desmercantilização e a promoção da autonomia do corpo e da vida das mulheres e o combate a homofobia são pautas centrais do atual processo de luta e mobilização dos movimentos juvenis.
Outro eixo fundamental às lutas da juventude é a garantia de reformas estruturantes na sociedade brasileira. Nesse sentido, toma centralidade a reforma agrária, a garantia da soberania alimentar e novas matrizes de produção energética como elementos fundamentais da sustentabilidade ambiental e justiça social, um nova marco regulatório das comunicações aliada a construção de um plano nacional de banda larga público e universal e uma reforma política capaz de democratizar as estruturas de poder da sociedade brasileira
Esta Assembléia é a concretização de todo o processo de participação e diálogo das centenas de atividades do Festival. Seu resultado é marcado pela unidade e pela forte capacidade propositiva do movimento juvenil brasileiro. Temos como referencia a Plataforma da Juventude, e com ela atuaremos na 2ª Conferência Nacional de Juventude e na disputa das políticas de juventude no Brasil. É momento no qual todos cantaremos juntos o hino de um novo país e de um novo mundo. Nosso canto é um canto anticapitalista.Mundo novo, nós te criaremos.
Fonte: UNE

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