Estudantes, professores e militantes de vários segmentos da sociedade participaram do ato
Na tarde da última segunda-feira (7/10), o centro do Rio de Janeiro foi tomado por cerca de 50 mil pessoas no que se tornou a maior manifestação desde a onda de protestos ocorrida em junho no país. A mobilização se deu em apoio aos professores em greve das redes estadual e municipal e contra a truculência da polícia.
Concentrados na igreja da Candelária, estudantes, professores e militantes de vários segmentos da sociedade civil seguiram pacificamente pela Avenida Rio Branco, unidos em favor de melhorias na educação. No entanto, ao final da passeata, houve conflitos violentos entre policiais militares e grupos de manifestantes.
Presente na mobilização, o diretor da UNE, Igor Mayworm, afirmou que durante todo o trajeto a passeata foi pacífica e repudiou a atitude da grande imprensa de exibir apenas os momentos conflituosos. ‘’Estávamos todos unidos em uma bonita caminhada pela educação. Estudantes ao lado da pauta dos professores, que é legítima. É uma pena que isso não seja amplamente noticiado’’, contou.
GREVE POR QUÊ?
Cerca de 16 mil professores da rede municipal de ensino estão parados desde o mês de agosto, completando 59 dias de greve. A categoria exige a negociação com a prefeitura e revogação do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCR) aprovado no dia 02/10. Já os professores estaduais reivindicam 20% de aumento salarial, carga horária de 30 horas para os funcionários administrativos e eleições diretas para diretores das unidades escolares, segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe).
Também presente na manifestação, a presidenta da UEE-RJ, Tayná Paolino, considerou a passeata um momento importante para os estudantes e professores do Rio de Janeiro e do Brasil.
‘’Estamos discutindo as prioridades do nosso país e como alcançar o desenvolvimento que almejamos. A luta é para mudar a lógica da educação, não queremos mais reproduzir as desigualdades e opressões da sociedade às nossas crianças e adolescentes. Estar nas ruas junto com os professores é demonstrar como queremos modificar nossa realidade’’, declarou.
A UEE-RJ divulgou nota sobre o ocorrido. Confira:
Nota de repúdio à violência e falta de diálogo dos Governos Estadual e Municipal com os Profissionais da Educação
A União Estadual dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro (UEE-RJ) declara todo apoio aos professores grevistas e saúda a unidade com que a categoria vem enfrentando a truculência do Estado, permanecendo na luta mesmo após o pronunciamento do Prefeito Eduardo Paes sobre o corte do ponto.
A UEE-RJ defende que um novo plano de cargos e salários seja construído de forma coletiva com os representantes dos profissionais da educação, esses que serão os principais afetados pela política desse plano.
Acreditamos ser inaceitável o governo municipal não ter convocado a categoria para consultar e debater o novo plano. Um plano que, de acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), não contempla mais de 90% da categoria. Um plano votado às pressas, enquanto a população – impedida de entrar para acompanhar a votação – sofria com as bombas e balas de borracha da repressão policial.
Repudiamos a declaração da secretária de educação, Claudia Costin, que, supostamente usando como base o ensino da Finlândia, defendeu que professores sejam polivalentes, lecionando quaisquer disciplinas entre o 6º e o 9º ano. A UEE-RJ acredita que não podemos copiar indiscriminadamente metodologias de nações sem nenhuma identificação com a nossa realidade cultural e social.
Repudiamos, ainda, este plano porque ele não respeita o tempo de aposentadoria dos trabalhadores. Na medida em que professores que se aproximam de se aposentar, ao seguir este novo plano de 40 horas, deverão cumprir mais 10 anos até poder se aposentar, ultrapassando o tempo estabelecido em lei para ter direito à sua aposentadoria. Valorizamos as conquistas históricas dos trabalhadores como direito a dupla matricula, ao triênio e à paridade para aposentados e pensionistas.
Repudiamos as atitudes do Prefeito e do Governador Sérgio Cabral, responsáveis pela segurança pública e, consequentemente, pelos atos de arbitrariedade, truculência, irresponsabilidade e despreparo perpetrados pela Polícia Militar desde junho e que se agravaram com a paralisação dos profissionais da educação. Declaramos desde já o apoio à PEC 51, que propõe a desmilitarização da Polícia Militar, de autoria do Senador Lindbergh Farias e do sociólogo Luís Eduardo Soares.
Por último, mas não menos importante, exigimos a abertura de um debate sobre os investimentos em educação da Prefeitura Municipal e do Governo do Estado, em especial as verbas provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Uma investigação sobre a aplicação desses recursos e uma gerência mais transparente e participativa é fundamental para que se conquistem importantes avanços para a educação da nossa cidade e do nosso estado.
Da Redação - UNE
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