HÉLIO XAVIER DE VASCONCELOS ENCERRA LUTA DE DEZ ANOS CONTRA DOENÇA DEGENERATIVA; CORPO DO EX-PRESIDENTE DA OAB/RN FOI SEPULTADO ONTEM. TINHA 89 ANOS
Hélio Xavier de Vasconcelos falecido
na última quarta-feira de uma doença conhecida como Síndrome de Lewy
Com a voz firme, porém visivelmente abalada, dona
Hilda Vasconcelos conta que conheceu o marido ainda nos tempos de colégio,
quando ele começou a se destacar como líder estudantil, motivo que justificou
sua prisão em 1964, assim que eclodiu o golpe militar no país. O dia acabara de
nascer quando ele foi surpreendido em casa e levado pela polícia, passando dez
meses preso no Sétimo Regimento de Obuses.
Quando foi liberado, a alternativa que Hélio Vasconcelos encontrou foi a de se exilar no Rio de Janeiro, onde se tornou consultor jurídico da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem). Ele só retornaria a Natal na década de 80 a convite do advogado e ex-reitor Diógenes da Cunha Lima, de quem acatou a sugestão de se tornar professor do curso de direito na UFRN. “A condição dele para aceitar o pedido era criar a cadeira de Direito do Menor e do Adolescente”, lembra dona Hilda.
A disciplina foi criada e ele lecionou no curso até o surgimento da doença, no dia 6 de janeiro de 2003. Naquela data, Vasconcelos havia viajado a Brasília como conselheiro da OAB. Quando chegou à capital federal perdeu os sentidos e teve que retornar a Natal. Era o começo de uma década de luta. “Quando ele chegou aqui, pensávamos que era uma crise forte de Alzheimer”, conta a viúva, já com a ajuda do clínico geral João Cláudio, 57, genro de Vasconcelos. “Fui médico dele durante todos esses anos praticamente”, comenta.
Como a doença era bastante desconhecida na época, a família só achou as primeiras explicações em Recife, ao descobrir um médico especializado em Síndrome de Lewy. Doutor Paulo Brito explicou aos familiares que a doença iria trazer sintomas definitivos com o passar dos anos. “Demência, paralisia... Ele não se comunicava mais há muito tempo. Na casa da família funcionava uma pequena UTI com enfermagem 24 horas”, conta João Cláudio. “Foi como um curto circuito. Quando veio, ele parou de vez”, complementa a viúva.
Nos últimos 10 anos ele vinha lutando contra os sintomas, mas a situação se agravou no mês passado, quando Vasconcelos sofreu duas paradas cardíacas. Conseguiu se recuperar e voltou para casa, até que na última sexta-feira, 4 de outubro, não respondeu com êxito a mais uma parada cardíaca. Faleceu cinco dias após dar entrada no hospital da Unimed. “Apesar dos esforços de toda a equipe, e do hospital ser extremamente bem preparado, ele não conseguiu dessa vez”, disse João Cláudio.
Dona Hilda lembra ainda que Hélio foi conselheiro federal da OAB durante 20 anos e que carrega no currículo uma passagem pela Secretaria de Educação, durante o primeiro governo de José Agripino Maia (década de 80) e o cargo de presidente da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem) no RN.
Figura respeitada dentro da OAB/RN, ele também foi presidente do órgão durante a década de 90. “Hélio foi aluno da primeira turma de direito da UFRN e foi escolhido como o orador oficial para discursar na cerimônia que federalizou a universidade. Cascudo era até professor na época. Nunca se candidatou à política, mas foi um homem político durante toda a sua vida”, avalia.
“Para mim ele sempre vai ser o homem que construiu uma bela família. São três filhas muito bem encaminhadas e todos são unidos por causa do amor dele”, revela dona Hilda. Quando começou a sofrer os efeitos da doença de Lewy, ele fez questão de finalizar um livro de memórias. “Caminhada se faz ao Caminhar com Liberdade”, traz boa parte de sua história autobiografada.
Hélio Xavier de Vasconcelos foi ainda procurador da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e no início da doença chegou a ser homenageado pela casa, que inaugurou um espaço com o seu nome, dentro da sede do Legislativo estadual, localizado no centro da cidade.
“A gente conseguiu levá-lo para a inauguração, com toda a família presente, e ele fez um discurso brilhante, mas em todo momento só falou do passado porque esse também é um dos sintomas da doença: fazer com que a pessoa não consiga avançar na memória”, informou o genro João Cláudio.
Leia mais na edição de hoje do NOVO JORNAL.
Quando foi liberado, a alternativa que Hélio Vasconcelos encontrou foi a de se exilar no Rio de Janeiro, onde se tornou consultor jurídico da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem). Ele só retornaria a Natal na década de 80 a convite do advogado e ex-reitor Diógenes da Cunha Lima, de quem acatou a sugestão de se tornar professor do curso de direito na UFRN. “A condição dele para aceitar o pedido era criar a cadeira de Direito do Menor e do Adolescente”, lembra dona Hilda.
A disciplina foi criada e ele lecionou no curso até o surgimento da doença, no dia 6 de janeiro de 2003. Naquela data, Vasconcelos havia viajado a Brasília como conselheiro da OAB. Quando chegou à capital federal perdeu os sentidos e teve que retornar a Natal. Era o começo de uma década de luta. “Quando ele chegou aqui, pensávamos que era uma crise forte de Alzheimer”, conta a viúva, já com a ajuda do clínico geral João Cláudio, 57, genro de Vasconcelos. “Fui médico dele durante todos esses anos praticamente”, comenta.
Como a doença era bastante desconhecida na época, a família só achou as primeiras explicações em Recife, ao descobrir um médico especializado em Síndrome de Lewy. Doutor Paulo Brito explicou aos familiares que a doença iria trazer sintomas definitivos com o passar dos anos. “Demência, paralisia... Ele não se comunicava mais há muito tempo. Na casa da família funcionava uma pequena UTI com enfermagem 24 horas”, conta João Cláudio. “Foi como um curto circuito. Quando veio, ele parou de vez”, complementa a viúva.
Nos últimos 10 anos ele vinha lutando contra os sintomas, mas a situação se agravou no mês passado, quando Vasconcelos sofreu duas paradas cardíacas. Conseguiu se recuperar e voltou para casa, até que na última sexta-feira, 4 de outubro, não respondeu com êxito a mais uma parada cardíaca. Faleceu cinco dias após dar entrada no hospital da Unimed. “Apesar dos esforços de toda a equipe, e do hospital ser extremamente bem preparado, ele não conseguiu dessa vez”, disse João Cláudio.
Dona Hilda lembra ainda que Hélio foi conselheiro federal da OAB durante 20 anos e que carrega no currículo uma passagem pela Secretaria de Educação, durante o primeiro governo de José Agripino Maia (década de 80) e o cargo de presidente da Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem) no RN.
Figura respeitada dentro da OAB/RN, ele também foi presidente do órgão durante a década de 90. “Hélio foi aluno da primeira turma de direito da UFRN e foi escolhido como o orador oficial para discursar na cerimônia que federalizou a universidade. Cascudo era até professor na época. Nunca se candidatou à política, mas foi um homem político durante toda a sua vida”, avalia.
“Para mim ele sempre vai ser o homem que construiu uma bela família. São três filhas muito bem encaminhadas e todos são unidos por causa do amor dele”, revela dona Hilda. Quando começou a sofrer os efeitos da doença de Lewy, ele fez questão de finalizar um livro de memórias. “Caminhada se faz ao Caminhar com Liberdade”, traz boa parte de sua história autobiografada.
Hélio Xavier de Vasconcelos foi ainda procurador da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e no início da doença chegou a ser homenageado pela casa, que inaugurou um espaço com o seu nome, dentro da sede do Legislativo estadual, localizado no centro da cidade.
“A gente conseguiu levá-lo para a inauguração, com toda a família presente, e ele fez um discurso brilhante, mas em todo momento só falou do passado porque esse também é um dos sintomas da doença: fazer com que a pessoa não consiga avançar na memória”, informou o genro João Cláudio.
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Fonte: Novo Jornal
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