Comunidade Acadêmica mostrou que tem condições também de apontar saídas para a crise financeira das estaduais |
Nesta terça-feira (22), a UNE Volante promoveu o debate “Universidade não se vende, se defende: os orçamentos das universidades estaduais”.
Mediado por Jessy Dayane, Vice-presidenta da UNE, o encontro teve a participação de Tania Maria de Netto, Subreitora de graduação da UERJ; Luis Passoni, Reitor da Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF); Dani Monteiro, estudante UERJ; Silvia Maria S. dos Santos, diretora de Assistência Estudantil da UNE e Alexania Rossato, do Movimento de Atingidos por Barragem.
Silvia Maria contou sobre as dificuldades que a UERJ vem tentando transpor. “Resistimos a diversos ataques em 2017. Queriam tirar a faculdade do Direito com o intuito de desmonte. Se saísse o Direito outros cursos poderiam seguir o mesmo caminho. Além disso, vivemos um dos piores momentos orçamentários das universidades estaduais, especialmente no Rio de Janeiro”.
Ela lembra que a UERJ teve diversas greves e por meio delas a comunidade acadêmica debateu profundamente a questão da autonomia financeira da universidade. “Os estudantes, os técnicos e os professores participaram da PEC 47, que garante autonomia financeira às universidades estaduais e foi aprovada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Temos um compromisso histórico na UERJ porque ela sempre contribuiu para o auxílio do estudante que trabalha por meio das bolsas e por ter sido a pioneira no curso noturno”, disse Silvia.
Dani Monteiro falou sobre as lutas do movimento estudantil no meio da crise do Rio de Janeiro. “Quando a gente procurou a Alerj para entendermos os motivos da crise na UERJ, fomos recebidos por bombas que custam R$ 400 cada uma. E cada bomba daquela custa o valor da bolsa do estudante da UERJ. Veja, há dinheiro para as bombas em nome da suposta segurança e não temos dinheiro para as bolsas? Nós não tínhamos bandejão e conquistamos por meio de luta”, contou ela sobre o episódio em que estudantes foram violentamente reprimidos em meio a discussão sobre o orçamento do Estado.
Jessy Dayane e Dani Monteiro lembraram do simbolismo do assassinato de Marielle. “Eu fui assessora da Marielle e entendo que a morte dela mostra que nossas diferenças não podem ser maiores do que a luta pela democracia porque do outro lado há a barbárie. Marielle foi executada com 9 tiros no meio da cidade. Que nem diria Tati Quebra Barraco: ‘Se o bagulho tá louco, a gente tem que ser mais louco que o bagulho’. É assim que precisamos nos unir”, disse Dani.
Luis Passoni ressaltou o momento de crise e golpe que o Brasil enfrenta que acaba chegando no orçamento destinado para as Universidades estaduais. “Estamos nesse contexto de forças internacionais que não querem que o Brasil tenha independência. Imagina, formar o BRICS no quintal dos colonizadores foi uma grande ousadia. Aqui no estado do Rio de Janeiro ficamos sem salário por 4 meses e não deixamos de acreditar. A Universidade é estratégica na resistência e não é a toa que vem sofrendo tantos ataques”.
Tania Maria Netto se emociona com as lembranças de luta contra a ditadura e com a reedição da UNE Volante.”A sociedade pública precisa oferecer ensino laico, gratuito e de qualidade. A UNE Volante está em um momento iluminado percorrendo o país alertando sobre o golpe e abrindo frentes de luta. Nós precisamos novamente entrar nas salas de aula e enfrentarmos esses retrocessos. Querem efetivar o desmonte da Universidade. Estudantes, uni-vos, mesmo em nossas diferenças. Assim teremos condições de luta”.
A ex-aluna Natália Trindade participou do debate e reafirmou que a UNE sempre participou das mobilizações da UERJ. “Eu fui coordenadora do DCE e sinto muito orgulho da passagem da UNE Volante hoje na UERJ e lembro que ela sempre esteve conosco. As lutas do movimento estudantil não dizem respeito apenas aos estudantes, mas lutamos também pelo salário em dia dos terceirizados, os direitos dos professores e participamos ativamente dos debates de orçamento. É fundamental essa solidariedade que fala de uma sociedade mais justa e igualitária e sobre uma universidade pública de qualidade. Não acaba aqui. Queremos que cada um de vocês possam ingressar na UNE e nas mobilizações. A UERJ nos UNE”.
Fonte: UNE
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