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domingo, 27 de maio de 2018

UNE Volante debate desigualdade, violência e bolsa família na UFRJ

 por Alexandre de Melo.
Debatedores acreditam que as áreas mais afetadas pelo golpe como áreas sociais são importantes para combate a pobreza
Nesta quinta-feira (24), a UNE Volante promoveu o debate “Desigualdade Social no Brasil” no Teatro de Arena da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Participaram do debate Jessy Dayane, Vice-presidente da UNE, Valéria Pero, professora do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisadora da área de desigualdade e João Felippe Cury, professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do projeto de extensão “Desigualdade de Renda e Pobreza”.
Professores João Felippe e Valéria Pero da UFRJ. Crédito: Bárbara Marreiros
A desigualdade diminuiu no Brasil. No entanto, temos um problema nas pesquisas domiciliares que subestimam a riqueza total já que não são mensuradas as residências dos mais ricos. O 1% da população mais rica do Brasil segue extremamente rica de forma estável. Os bens públicos de saúde e educação são muito importantes para o combate das desigualdades”, afirma João Felippe.
Já Valéria Pero focou sua fala em dois fatores: a desigualdade de oportunidade e desigualdade no mercado de trabalho. “O investimento que a família faz ou deixa de fazer é determinante para as melhores oportunidades. Já a desigualdade no mercado é causada por uma série de preconceitos salariais. Estou falando do trabalhador que produz a mesma coisa que os demais, mas ganha menos. Por exemplo, a discriminação de gênero quando mulheres ganham menos que homens e a discriminação racial quando negros ganham menos que brancos, entre outros”, afirmou.
A professora da UFRJ também comentou os motivos da queda das desigualdades nos últimos anos. “A desigualdade social no Brasil diminuiu devido aos programas de transferência governamentais de renda como o Bolsa Família, a diminuição da diferença dos salários por aumento da capacitação e os reajustes do salário mínimo, mas ainda temos muito que melhorar”.
Sobre a diminuição das desigualdades no Brasil, Jessy Dayane comenta sua história pessoal como cotista oriunda de família humilde. Crédito: Bárbara Marreiros


VIOLÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

O tema central do debate foi desigualdade, mas não deixou de abordar o tema violência, especialmente pelo momento que a Universidade vem enfrentando. Na última semana foram registrados dois casos de sequestro-relâmpago na UFRJ. Há dois anos o estudante Diego Vieira Machado foi morto e o crime até hoje não foi solucionado.
“A gente precisa de dados robustos para realmente fazer uma correlação ou pensar a causalidade entre desigualdade e violência. Em grande parte ficamos no senso comum imaginando que uma pessoa sem emprego e condições de sobrevivência acaba indo para o crime, mas isso está longe de ser uma regra e realmente não há uma resposta simples para isso, mesmo entre os maiores especialistas de segurança”, disse João Felippe. 
Jessy Dayanne comentou que a Universidade pública está mais democrática por conta da política de cotas implementadas nos últimos anos. Porém, referente as desigualdades de renda, não houve reforma tributária que mexesse com a fortuna dos mais ricos e o golpe inviabiliza um projeto político que pense um plano de desenvolvimento no Brasil.
“A democratização da política também diminui as desigualdades. O sistema político brasileiro é dominados pelo sistema financeiro e pelos mesmos homens brancos e ricos. Precisamos de maior participação popular. Quase não usamos plebiscitos no Brasil. Ninguém ganhou a campanha dizendo que faria reforma trabalhista e que venderia a Petrobras. As decisões precisam passar pela participação popular e que a gente determine o que faremos com nossas riquezas e para onde vamos encaminhar nossas pesquisas. Nós precisamos debater e determinar o país que queremos”, finaliza Jessy.
Os estudantes de economia fizeram intervenções e perguntas sobre equidade de salários, participação da universidade no combate as desigualdades, modelo mais justo de reforma da previdência, a relação entre a geração de emprego e desigualdades e papel emponderado das mulheres que recebem o Bolsa Família.
“A relação entre bolsa família e gênero é muito interessante porque a maioria das famílias são chefiadas por mulheres. Esse empoderamento das mulheres no Bolsa Família é uma pesquisa muito interessante para que o tema seja aprofundado”, comentou Valéria. “O recurso do Bolsa Família na mão das mulheres garante autonomia das mães e, em muitos casos, muda paradigmas de violência contra a mulher”, disse Jessy..
Fonte: UNE

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